Mirurun lança o então aguardado “Microchip”, álbum de estreia na indústria. Logo após o seu bem recebido EP, a cantora aposta mais uma vez em um conceito palatável, que podemos visualizá-lo e compreender facilmente sua mensagem; abordando de forma fictícia sobre a aproximação tecnológica acerca do conhecimento da natureza humana, podemos identificar alguns pontos a serem destacados como toda uma ambientação mais sexual na narrativa, desde a “criação do robô” destacada nas faixas iniciais até o fim desta jornada lírica. Talvez tenha sido um dos pontos errôneos deste projeto, resumir essa transição entre robô até um ser humano como algo meramente sexual, a artista poderia abranger mais dessa característica de uma forma mais filosófica, visto que esse tema é bem discutido e levanta pautas importantes, da forma que foi expressa ele soa um pouco raso. O lirismo é bem empregado em todas as faixas, das mais comerciais com estrofes mais bubblegum até as canções mais densas, gostamos das alusões entre tecnologia X corpo sendo feitas em quase todas as tracks, isso reflete que a cantora consegue nos dar o conteúdo proposto de uma forma simples e primorosa. A produção melódica é coesa, ela se apega a batidas EDM e Dance, com resgate de elementos Kpop em alguns momentos, ela não é destoante ou agressiva, representa uma evolução comparado a outros trabalhos do mesmo gênero que mudam a sonoridade melódica por vezes de forma brusca. As melhores canções são sem dúvida “Metallic” e “Paradise”, elas são bem expressivas em sua letra e melodia, ressalvas para a última citada, a colaboração caiu muito bem e a escolha mais soft como fechamento do álbum foi muito inteligente. Os visuais são agradáveis e bem elaborados, entendemos que assim como a narrativa, ele tende a ser representado de uma forma mais sensual e ousada, porém gostaríamos de ter visto mais referências dessa transição proposta, como foi feito na capa do single “Microchip” ou do single “Iron Eyes”, se essas ideias fossem incorporadas ao encarte seria genuíno e mais coerente com o conceito do álbum. No geral, acreditamos que Mirurun tem um potencial gigantesco para grandes coisas, mas talvez se perca em algumas de suas ideias, como ela mesma iniciou de forma certeira e positiva em seus dois primeiros singles, mas não o fez neste projeto, mediante um contexto geral. Esperamos mais dessa ousadia e aguardamos seus próximos trabalhos.