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“long hard road out of hell” é o novo EP do artista Weezy Jay, - ou WJ, vide ficha técnica do trabalho - pertencendo ao gênero Rock. A primeira faixa, “Beauty Queens”, tem uma boa idealização mas peca em alguns trechos que poderiam ser retrabalhados (como a terceira estrofe, que apesar de fazer uma referência boa à colmeia de abelhas, poderia ter sido mais polida para ficar em ressonância com o restante da canção). Apesar disso, é uma canção agradável com críticas válidas e pertinentes aos padrões de beleza e obsessividade estética do público, dando um vislumbre da percepção de WJ acerca da realidade. Em seguida temos “Lord Infamous”, que é em geral bacana, com exceção do 3º e 4º versos, que são simplórios e pouco criativos em comparação com o restante. Os versos 5 e 7 são excelentes, com boas metáforas e cadência lógica e lírica, explorando muito bem a proposta do artista. “Unpopular Antichrist” é a canção que se segue, sendo indubitavelmente a melhor até então, com versos sólidos e bem estabelecidos, coesos e divertidos. É uma temática batida, mas WJ consegue dar seus próprios toques e entrega uma música ótima. “Filthy Minds in the Pigsty” é a sequência de “Unpopular Antichrist”, e apesar de uma proposta boa e singular de montar toda uma canção acerca da metáfora de porcos indo para o abate e sendo sujos, no fim a música acaba sendo só isso, sem nenhum sentido real além de chamar terceiros de suínos em uma tentativa de referenciar à reputação e como pessoas se portam na sociedade. A canção é OK, mas WJ também tem um potencial, como mostrado anteriormente, para elevá-la e deixá-la superior, mais requintada. Aproximando-se do fim, a penúltima faixa é “Like Judas” - o início é excelente, mas depois a faixa cai numa sequência de repetições que são compreensíveis por conta da estrutura musical (AKA escolha criativa), mas que não continuam o desenvolvimento ótimo iniciado pelo autor. Isso não é um erro ou nada do tipo, é apenas um conselho de que acharíamos melhor ter desenvolvido toda a temática ligada à mitologia cristã com maior profundidade, pois ofereceria ao trabalho uma outra camada de qualidade e intertextualidade. Por fim, o EP se conclui com “All I See Now Is Beauty Queens”, que comparada às demais acaba sendo superficial. Há versos bem escritos e com boas metáforas, mas sua poeticidade poderia ter sido melhorada para fugir do clichê e dar uma abordagem nova. Voltando-se para o visual, determinamos que ele é simples, mas bonito e agradável, em sintonia também com a proposta criativa do projeto. As ilustrações são legais e a diagramação do texto também foi bem feita, eclodindo em um encarte harmônico e bem produzido. A coesão é inerente ao projeto, já que todas as faixas conversam entre si e o encarte, que também segue uma sintonia própria inabalável. A criatividade, por sua vez, também está presente, mas com pontos a serem melhorados, seja mudar a abordagem/tratamento de uma temática clichê ou batida ou explorar melhor as próprias propostas líricas, fugindo da superficialidade em alguns momentos. Em linhas gerais, “long hard road out of hell” é um EP que sucede em seu papel de apresentar Weezy Jay ao mundo da indústria, deixando em evidência sua forma de escrever objetiva, violenta e coesa. Assim, WJ é sem dúvidas um dos artistas que ficaremos de olho e ansiosos pelo o que vem a seguir. || Composição: 31/40 || Criatividade: 9/15 || Coesão: 20/20 || Visual: 19/25 || Nota=31+9+20+19=79.

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Longo e difícil caminho para sair do inferno, este é prólogo que temos no primeiro extended-play do rapper Weezy J (WJ), evocando uma complexidade de sentimentos e revolta sob uma perspectiva diabólica ou um tanto sórdida – como tempos em visão geral do trabalho. Acompanhado do eletrizante e sujo som do Metal Rock, o cantor propõe uma figura religiosa controversa para contar “histórias” através das canções – o anticristo, e apesar de carregar uma mensagem, ela não é forte suficiente para sustentar todo o projeto, a aproximação que temos diante do conceito não soa espontâneo, analisamos um forte mergulho dentro disso que pode transparecer algo caricato quando elevado ao máximo, sendo assim, WJ poderia ter encontrado o meio-termo entre a ideia conceitual de “long hard road out of hell”. Criticar a indústria, padrões inexistentes e gerar uma revolta sobre um assunto tão comentado nas músicas é um trabalho complicado, porque já vimos de tudo, bons e ruins, então conseguir se destacar dentro dos demais com a mesma narrativa requer um impulso maior para sair do ordinário, e de fato, “Beauty Queens” sai do comum, mas não para um lugar bom, e sim controverso pela aproximação do rapper diante dos versos que em muitas vezes não seguem uma narrativa linear, além de versos desnecessários como “Don\'t try to understand me, or I\'ll kill you” que parece colocado aos ares. “Lord Infamous” é boa, mas segue com a mesma narrativa da faixa anterior – é agressivamente desconfortável, inibindo qualquer tipo de aproximação com a canção, mas o fato de apresentar o personagem anticristo para narrativa é um passo inteligente, visto que ele segue em “Unpopular Antichrist”, mas falha em evocar uma perspectiva diferente da fama, visto que já tivemos o mesmo tom egocêntrico em “Lord Infamous”. Apesar de cairmos novamente em um beco sem o mínimo de afinidade com WJ “Filthy Minds in the Pigsty” traz uma boa história e levantamos a referência dos porcos em chiqueiros com positividade, é sujo, bizarro e medonho como o restante do álbum. Por mais que seja uma canção que poderia carregar uma vulnerabilidade, o anticristo sofre essa “traição” e é colocado ao chão após ter seu triunfo, também é uma boa canção e evoca um começo meio e fim para o personagem que Weezy criou para narrar a história. Temos um apanhado geral de tudo que vimos no álbum com “All I See Now is Beauty Queens” que apesar de ter essa ideia inteligente de carregar tudo que aconteceu no álbum, não nos exibe nada novo, beirando em muitos versos a superficialidade. Como um todo, “long hard road out of hell” é um álbum que extrapola barreira de criatividades, tornando-se uma faca de dois gumes porque vemos que WJ consegue criar cenários e narrar histórias como ninguém, o único ponto falho é que não conseguimos ter aproximação alguma com as faixas, exigindo uma melhor exposição dos sentimentos mais sujos para a melhor compreensão. Visualmente carrega tudo que o projeto propõe: é sórdido, macabro e medonho, como uma experiência visual das tracks, porém poderia ter recebido um trabalho melhor para posicionar os incríveis rabiscos. “long hard road out of hell” é um projeto ambicioso e brutal que faz o ouvinte questionar atitudes e posicionamentos, como uma crítica social é inteligente, e a única coisa que nos deixa a desejar é que não há aproximação. COMPOSIÇÃO: 23/35 | CRIATIVIDADE: 15/20 | COESÃO: 12/15 | VISUAL: 22/30

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Em ‘long hard road out of hell’, WJ aposta em uma narrativa mais dramática e simbólica para expressar suas más experiências em relação a indústria musical e como isso lhe afetou durante sua jornada. Sua abordagem não é usual, mas também não soa completamente orgânica e honesta consigo mesmo, onde a mudança drástica no papel de anticristo transforma o álbum com uma abordagem peculiar, mas também soa como algo que o ouvinte possa considerar estranho. Em uma composição quente e astuta, o EP inicia com a faixa ‘Beauty Queens’, que usa como metáfora a beleza para retratar a prisão e a sua busca pela liberdade pessoal. É uma faixa excitante, com versos exóticos e um instrumental essencial. ‘Lord Infamous’ é uma faixa agressiva, mas que não impressiona, onde apesar de versos exóticos e não tão usuais em alguns momentos, no fundo soa como mais uma música escrita sobre indústria musical, que mesmo de forma mascarada, sua essência ainda é bastante comum. ‘Unpopular Antichirst’ é a composição que mais faz sentido em termos de estar dentro do EP. A faixa é agressiva, composta com crueldade ao ponto e de forma que o leitor acabe entendendo todas as referências da canção. É a melhor faixa do EP junto a final, mostrando da sua raiva e ironia ao parecer devoto a indústria musical. Chegando ao final, ‘Like a Judas’ é uma faixa interessante que poderia ser melhor trabalhada em seus versos, pra não soar um pouco tão repetitivo e em um loop. Encerrando com ‘All I See Is Beauty Queens’, fazendo menção a primeira música, o artista se encontra em um verdadeiro loop infernal dentro da indústria musical, onde o principal espetáculo é seu desespero emocional que lhe consome por dentro. A faixa é intensa, e bem elaborada, sendo uma faixa perfeita para encerramento. Seu visual é a parte mais peculiar de todo o projeto, e é condizente com a sua proposta, que também é bastante peculiar. Os rabiscos no encarte, ou riscos, em algumas páginas parecem exagerados demais e causa um pouco de ‘informação demais’, onde as vezes, menos é mais. Por fim, WJ se mostrou um artista que é versátil o suficiente ao entregar um álbum tão fora da caixinha, mas ao mesmo tempo tão usual, já que mensagens voltadas a indústria musical soam tão cotidianas quanto qualquer outra, porém a sua abordagem excêntrica lhe torna um pouco diferente dos outros trabalhos já vistos, mas que ainda assim poderia ter abusado um pouco mais, para parecer uma história mais orgânica ou sincera, e menos oportuna. Composição: 25 / Criatividade: 16 / Visual: 19 / Coesão: 19