MeLTdOwn - Ashford
TIME
\"Meltdown\" marca o terceiro álbum de estúdio de Ashford, emergindo após um período de reflexão e autoconhecimento. Com uma carreira já consolidada, a artista escolheu este momento para explorar sua jornada pessoal e emocional, revelando as complexidades de sua experiência na indústria. O álbum é uma exploração franca e corajosa da saúde mental, articulando os desafios enfrentados não apenas como artista, mas também como indivíduo. A obra abraça uma abordagem eclética, fundindo elementos de diversos estilos para criar uma paisagem sonora rica e multifacetada. O conceito central do álbum é a exploração da saúde mental na música, como já supracitado, mas destacando as pressões e desafios enfrentados pelos artistas em um ambiente cada vez mais exigente e implacável. É um disco que confronta de frente a dinâmica tóxica da cena musical, oferecendo uma perspectiva íntima e reveladora sobre as experiências de Ashford. \"Meltdown\" tem em suas letras o coração pulsante deste álbum, demonstrando uma coragem e autenticidade impressionantes por parte da artista. É evidente que ela assume riscos ao abordar temas tão pessoais e politicamente carregados, mas sua narrativa é nada menos que deslumbrante. Suas letras são habilmente construídas, com uma profundidade emocional que ressoa com o ouvinte. É um testemunho da força e da habilidade artística de Ashford em transmitir mensagens poderosas por meio de sua música. Entre as faixas do álbum, \"Killing Horses and Riding Their Corpses\" e \"Enemy\" destacam-se como pontos altos em termos de qualidade lírica, mesmo que diversas outras também sejam tão boas quanto. Essas músicas apresentam enredos afiados e poderosos, revelando as nuances das experiências emocionais de Ashford que nunca foram postos em público. O trecho de \"Killing Horses and Riding Their Corpses\" exemplifica a profundidade e a complexidade das letras, transportando os ouvintes para um mundo de introspecção e reflexão: \"Eu não sei porque estou dizendo isso, eu não tenho ilusão de felicidade, então é você aquele que eu tenho que ligar”. A estética visual de \"Meltdown\" é simplória mas tão envolvente quanto sua música, mergulhando os ouvintes em um mundo escuro e introspectivo. As cores preto e branco predominam, criando um ambiente recluso e intimista que complementa perfeitamente as narrativas das letras. Os detalhes cuidadosamente trabalhados, como as linhas e riscos sobre as telas, adicionam uma camada adicional de profundidade e significado à obra, capturando a essência das experiências emocionais retratadas no álbum. Um minucioso trabalho de Penelope que acertou em cheio casando proposta visual e lírica para um disco que já se expressa por si só. Sendo assim, o que Ashord nos proporciona com o \"Meltdown\" é uma obra-prima que destaca sua coragem e a vulnerabilidade como artista. Ao abordar temas sensíveis e urgentes relacionados à saúde mental na indústria musical, ela entrega seu trabalho mais introspectivo e comovente até o momento, até um pouco mais que seu antecessor \"Walls\". Sua capacidade de se comunicar através da música é verdadeiramente notável, oferecendo uma voz poderosa para aqueles que enfrentam desafios semelhantes. Este álbum não apenas celebra a força e a resiliência de Ashford como mulher e artista, mas também serve como um lembrete importante da importância de se cuidar em um mundo cada vez mais exigente, devorador e implacável. \"Meltdown\" é, sem dúvida, um testemunho da arte transformadora e do poder de expressão de Ashford em todas as instâncias possíveis.
The Boston Globe
Após dois discos de grande sucesso, a artista Ashford retorna com seu terceiro álbum de estúdio intitulado “MeLTdOwn”, com cerca de dez faixas em sua composição, o disco possui fortes influências no no R&B. “The Right (Intro)”, Intro como o próprio nome diz, abre de forma majestosa o disco, com excelentes ambientações em seu decorrer, que conseguem puxar totalmente a atenção com a perspicácia lírica da faixa. “Golden” traz uma reflexão sobre a pressão da fama e da indústria em si, destacando Ashford como o centro das atenções e que, traz uma faixa bem estruturada ao decorrer de seus versos. “Blind Faked” traz uma composição mais direta e intensa em sua raiz, a artista sente uma pressão interna em busca de identidade em meio a fama e as expectativas da sociedade em geral, a faixa é bem estruturada, principalmente em seu primeiro verso, que traz um impacto gigantesco logo de cara. “Wolverine” é uma faixa bastante impactante, principalmente pelo seus versos com metáforas bem colocadas e estruturadas, onde Ashford coloca tudo aquilo que sente para fora, e todas as falsidades da indústria são desveladas pela artista ao passar da caixa. “Killing Horses and Riding Their Corpses” é uma letra novamente bem feita e impactante, onde temos versos totalmente incríveis e muito bem pensados, com atenção para seu refrão, que consegue passar de uma forma única o sentimento da artista. “Meltdown” em parceria com ZÍARA é uma faixa marcada pela auto afirmação das cantoras, onde se sentem resistentes as expectativas dos outros e consequentemente colocam tudo aquilo que sentem para fora, como uma forma de desabafo, sendo sem dúvidas uma das melhores faixas do disco até aqui. “Wild Things in the Backyard” traz consigo uma estrutura bem feita onde Ashford se concentra em suas memórias e família, com atenção para seu terceiro verso, que sem dúvidas é o apogeu da canção, linhas como “Cortes de papel me mostram que estou aqui, com o anel preto do meu avô / Os espinhos nas rosas as tornam mais especiais” elevam sem dúvidas o status da música em geral. “Enemy” traz a artista lutando contra seus próprios demônios, onde se sente bastante sozinha e aflita em alguns momentos, trazendo uma adição significa ao disco. “Houdini Hands” é uma faixa que aborda como a artista se sente na indústria atual e como se vê em um lugar tão instável como a cena musical, onde tende a ser adorada e ao mesmo tempo odiada por alguns, sendo uma das faixas mais bem estruturadas do disco até aqui. “No Symphony” traz consigo uma linha crítica e direta, onde Ashford se sente imortal através da arte e também como se sente com a preocupação de como suas obras estarão após sua partida, é uma faixa bem feita, que consegue finalizar de forma gigante o disco em si, se destacando bastante em sua maioria. O visual do disco assinado por Penelope e pela própria Ashford, traz um ar bem feito e intimista, que apesar de parecer um pouco simples, capta sem dúvidas o conceito do disco em geral, sendo algo bem nutritivo com o enredo do Long Play. Em geral, Ashford apresenta um álbum bastante majestoso, com canções extremamente bem estruturadas e pensadas, sendo sem dúvidas um dos melhores discos da cantora até aqui, nos deixando ansiosos para futuros trabalhos.
American Songwriter
Uma artista versátil e sempre muito intensa em seus trabalhos, Ashford lança “Meltdown” (com estilizações em maiúsculo e minúsculo) como o seu terceiro álbum de estúdio após a era monumental e certamente caótica do “Walls” — seu maior disco em todos os âmbitos possíveis até então. “The Right (Intro)” é direta, e ambientaliza para o ouvinte tudo o que está por vir. É perceptível a forma como Ashford sabe fazer as coisas fluírem facilmente, e a familiaridade com a lírica que será usada é muito forte. “Golden” critica a ambição exacerbada da indústria e seus membros por um “prêmio dourado”, aqui usando da cor dourada para trazer algo mais destacável. A canção flui muito bem e é muito bem escrita, mas um hook poderia ser bem-vindo. “Blind Faked” é a canção mais comercial do projeto, e fala sobre o “cego fingido” — termo que Ashford caracteriza como “alguém que foi enganado por outro alguém”. A canção reverbera muito entre linhas mais poéticas e linhas mais diretas, o que enriquece sua narrativa e a torna muito interessante. “Wolverine” é ousada, afiada, perspicaz e necessária no disco. Narrando basicamente a fase da mania, Ashford reage e “mostra os dentes” diante todas as mentiras que ela viu de si mesma sendo colocadas pelos lugares. É como à continuação de “Blind Faked”, mas aqui ela não está mais cega. E isso é perigoso apenas para quem a machucou, e aliviador para quem a apoiou. “Killing Horses and Riding Their Corpses” é a melhor canção do disco; carrega angústia, revolta, euforia, autoimagem, autodepreciação e tudo possível com uma fidelidade e esperteza absurda, o que resulta em uma letra muito bem composta, com uma estruturação que segue os pontos devidos. É incrivelmente perfeita, diga-se de passagem. “Meltdown” é a peça principal do disco, e com certeza isso define muita coisa. A canção basicamente mostra um panorama de tudo que aconteceu com Ashford aos olhos do público, e aqui, junto a ZÍARA, ela consegue trazer o disco ao centro com intensidade. As duas conseguem harmonizar seus sentimentos muito bem, e no final isso traz uma faixa poderosa, que poderia ser considerada a mais impactuosa até aqui. “Wild Things In The Backyard” é intimista e mais experimental; ela basicamente se constrói pelas lembranças da vida de Ashford, meio que em um diálogo com algum familiar ou até com uma versão diferente de si mesma. É poderosa pois faz o ouvinte entender todas as suas indagações e aflições, e como o passado a fez criar hábitos e talvez alguns escudos que a acompanham. “Enemy” é mais um fragmento muito íntimo e bonito de ver. Por mais que tenha ainda aquela carga caótica e letras mais “sujas”, é intenso o sentimento que causa pela sinceridade de Ashford nas linhas, principalmente nos dois versos. É muito forte e muito intensa. “Houdini Hands”, carro-chefe do disco, é muito forte e muito emblemática no que se diz sobre a temática do disco. Ela aborda todas as maiores fases de vencer algo na indústria e a linha tênue entre ser adorado e ser extremamente odiado, e isso pela mesma pessoa… o que é algo narrado com muita fidelidade e força pela compositora. É uma canção marcante, e pode ser considerada um marco na carreira de Ashford. “No Symphony” de certa forma traz um ar pesado ao projeto. É uma excelente crítica aos mecanismos viciosos da indústria, e o interesse é que Ashford se posiciona mais uma vez sem medo de os criticar. É rica em detalhes e rica em um simbolismo em si, algo necessário em discos como esse. Seu visual, produzido por PENELOPE, traduz perfeitamente todos os sentimentos que Ashford ousou colocar em todas as suas letras. A fotografia é muito boa e muito demonstrativa, e a tipografia traduz muito das próprias expressões escritas. Em suma, “Meltdown” pode ser considerado o magnum opus de Ashford, principalmente após sua jornada e todos os pontos abertos e fechados no seu disco “Walls”. É um projeto cheio de identidade, intimidade, visceralidade e, principalmente, caos. E um caos poderoso, um caos que mostra que ela sabe o que deve fazer.
Pitchfork
Com seu terceiro álbum de estúdio, Ashford mostra todas as suas cartas na manga em palavras afiadas e sem medo de demonstrar o que realmente sente após anos de omissão, e isso funciona perfeitamente bem em cada uma das faixas. Com uma composição mais agressiva em boa parte, a cantora consegue entregar diversidade de sentimentos coesivos com o que ela quer passar e transmite uma sensação de facilidade nas composições, usando palavras chaves que transformam suas palavras em algo a mais. Iniciando toda a obra, \"The Right\" é uma faixa de introdução sem falhas. Ela expressa toda a premissa do álbum e como ela vai lidar com tudo a partir dali, com uma composição curta mas incisiva. Com \"The Right\" fica claro: Ashford está realmente pronta para causar um impacto. \"Golden\" impressiona pela narrativa inversa do que estamos acostumados a ver sobre músicas do gênero; a artista encabeça o personagem de troféu e narra a partir daí, a hipocrisia da indústria musical para conseguir obter o sonhado prêmio. A música é bem estruturada, bem composta e trás um tom de irônia/hipocrisia vindo da própria cantora ao chegar na parte final onde temos o prêmio pra si mesma, e a cantora soube brincar bem com isso. \"Blind Faked\" chega com uma composição intensa, mais forte que as duas anteriores e é notável o sentimento de angustia de Ashford em cada verso na canção bem estruturada; todavia, a música deixa um pouco a desejar no seu refrão, que é onde a música parecia que iria explodir após seus versos anteriores e acaba dando uma ligeira falta de emoção nos versos do refrão. Do seguimento das faixas até aqui, \"Wolverine\" é a melhor faixa até então. Mostrando uma desenvoltura mais agressiva, é ótimo ver como Ashford se mostra versátil a situações e como ela lida com isso, e dessa vez ela lida de forma diferente e ousada, colocando para fora tudo que estava lhe consumindo em sábias palavras; o refrão da música é empolgante, e encaixa com todo o resto da música de forma envolvente, deixando o ouvinte animado pela sonoridade raivosa nos versos de Ashford, e mostra que ela está seguindo um caminho que não víamos em seus outros lançamentos. \"Killing Horses and Ridind Their Corpses\" chega mostrando a criatividade e habilidade da cantora ao construir uma música em duas etapas sem fugir muito da proposta, conseguindo entregar uma faixa que acaba conectando as duas partes de maneira coesa e astuta. A faixa título do álbum chega como um verdadeiro colapso: carregada de emoção, versos inteligentes e a parceria com Ziara flui natural e perfeitamente bem. Os versos das duas em \"MeLTdOwn\" casam com a história contada, exalando todo o talento e mostrando que as duas nunca deixam a desejar ao expressar emoções. Chegando na reta final do álbum, \"Enemy\" se mostra uma faixa de forte duplo sentido, podendo se portar como música em ataque direito a indústria ou com o dia cotidiano de um ouvinte qualquer, o que faz a música casar perfeitamente com um ouvinte. A faixa é a mais simplista, com versos menos recheados e isso faz bem a música, já que em seus versos pequenos a artista já consegue transmitir toda a essência que a música deve passar, tornando-a um pouco mais agradável e ao mesmo tempo bastante profunda. Em \"Houndini Hands\", Ashford brinca com as referências em uma das melhores faixas do álbum, se mostrando peculiar e uma artista afiada em referências que fazem a música crescer ao decorrer dos versos, usando sabiamente das palavras para descrever toda a hipocrisia musical no cenário atual e o jeito que a artista lida com cada verso é espetacular. \"No Symphony\" encerra o álbum de forma majestosa e coerente para o que é proposto. Seu visual é limpo, sendo um upgrade do seu álbum anterior \"Walls\" e parece transmitir tudo que Ashford quer passar nos seus detalhes obscuros e sombrios. Sem sombra de dúvidas, Ashford é uma artista que sabe evoluir a cada álbum e sabe demonstrar que seu interesse é apenas um: crescer como compositora. Cada verso do \"MeLTdOwn\" demonstra uma desenvoltura única e abordagem que apenas a cantora saberia guiar de forma coesa, e ela impõe seus sentimentos amargos ou não dentro dos seus versos de forma que o ouvinte pode-se conectar mesmo não sendo um artista musical com raiva da indústria musical. O fato de Ashford conseguir entregar algo melhor que o seu álbum anterior lhe coloca em uma posição clara como compositora expressiva, argumentativa e criativa. \"MeLTdOwn\" é definitivamente o melhor álbum de Ashford.