JESUS IS COMING - MONI
The Line Of Best Fit
Após diversos anos desde o seu primeiro single, MONI lança “Jesus Is Coming”, o seu disco de estreia. Marcado por uma intensa relação traumática com o seu pai, que era pastor, o disco inicia com “GOD” – uma faixa que retrata uma pessoa que MONI via como um Deus, como a imagem do criador e como alguém imaculado, mas que com o tempo não se mostrou ser isso. É uma faixa bem escrita e com boas palavras usadas, sendo um ponto forte no projeto. “Amazing Grace” parece fazer uma alusão entre a Graça da religião evangélica e o seu pai, aqui fazendo paralelos com agressões e com diversos abusos psicológicos feitos pelo pai, que proclamava que fosse em nome do Senhor. É uma faixa muito boa, mas não desenvolve tanto quanto deveria a narrativa. “MISEDUCATION” é o ponto-chave do disco; o paralelo entre o seu pai e a religião do mesmo é feito com muita coesão, e isso traz uma faixa clara e concisa, sendo um ponto alto no projeto. “CHURCH GIRL” retrata a época de submissão de MONI a religião, aqui detalhando até chegar no que ela é hoje, livre dela, sendo então intitulada uma “vadia”. É uma faixa bem escrita, mas poderia ser um pouco mais desenvolvida com comparações mais diretas desse tempo passado com o atual. “JASMINE” em parceria com Vito Adu e LEE e co-composição de ANNAGRAM, retrata a imagem demonizada do seu pai, visto todo o abuso vivenciado. Os artistas convidados fazem bem em incrementar com seus lados e sínteses da mensagem, com destaque ao verso de LEE. É uma faixa bem escrita e bem conduzida. “SOUL” em parceria com Danny Wolf e Petter e co-composição de ANNAGRAM é a mais bem polida do projeto. Consegue fazer suas comparações e dissertar muito bem sobre como o seu pai ainda tentava adentrar na sua vida e destruir tudo que ela havia construído. É um ponto alto no projeto. “DEAL” parece retratar a morte da mãe de MONI com a falta de comprometimento do seu pai em prover um lar de respeito para MONI e seu irmão. É uma faixa que mostra a artista em um intenso ultraje e sem remorsos, sendo a com a maior quantidade de palavrões. É uma faixa boa, mas é um pouco parecida demais com as anteriores, podendo ter sido retrabalhada para corrigir tal ponto. “TILL THE END” mostra a artista certa desse remorso, e que até o fim de sua vida irá manter tudo que pensa e sente de seu pai. É uma canção bem composta e conduzida, mas também repetitiva como a anterior. “PRAY” parece um sentimento de MONI para trazer o seu pai de volta, mas sem esse remorso e também sem esse comportamento danoso que ele fez com ela. É uma faixa boa, mas sua falta de expressividade e extensão peca por não imergir o ouvinte. “APOSTASY” renuncia a religião e mostra MONI certa do caminho que ela deve trilhar para fora desse lugar abusivo. É uma faixa interessante e que faz bons pontos e paralelos com as faixas anteriores. O visual, produzido por MONI e ANNAGRAM, não traz um bom incremento ao lírico. A capa é bonita e bem produzida, mas o encarte soa inacabado; a tipografia não casa com a fotografia, e a fotografia por si não é bem manuseada pelas artistas, resultando em algo visualmente desconexo. Por síntese, “Jesus Is Coming” é um projeto que mostra uma evolução intensa da composição de MONI e sua capacidade em seguir a narrativa bem, mas mostra que visuais também devem seguir esses pontos juntos.
TIME
Intitulado como ‘JESUS IS COMING’, MONI lança o seu álbum de estreia na indústria. Tendo um conceito bem pessoal e delicado, o álbum vai se propor a falar sobre vários acontecimentos, memórias e situações vividas pela artista ao longo da sua vida. A faixa que abre o trabalho é ‘GOD’, trazendo paralelos entre deus e o seu progenitor, a faixa se mostra bastante interessante ao trazer estas metáforas e aplicar grandes pitadas de pessoalidade, o que torna fácil a identificação do ouvinte com a música. ‘AMAZING GRACE’ é uma canção bastante forte e gráfica, da qual MONI não economiza em elementos descritivos das cenas para fazer com que o ouvinte sinta sua dor. Em termos de estrutura, a faixa traz um padrão incomum, mas que funciona e não atrapalha no desenvolvimento da canção. A terceira faixa é ‘JASON’S WEEP’, que segue a coesão do projeto evocando novamente sentimentos melancólicos, mas dessa vez de uma forma mais abrangente. Já de início a artista opta por colocar uma forte introdução na faixa, tornando ainda maior o contraste entre as suas crenças e a de seu familiar. Em termos da composição em geral, a artista poderia ter aproveitado que estava lidando com uma temática mais abrangente e ter escrito mais sobre o assunto, o que encontramos ao longo das faixas é tudo o que o eu lírico já havia abordado em faixas anteriores. Dentre esta primeira metade do álbum, o grande destaque é para ‘CHURCH GIRL’, da qual faz uma boa quebra na narrativa, mostrando todas as consequências geradas pelas experiências anteriores. Além disso, a faixa traz uma boa estrutura lírica e versos inteligentes, com destaque para o refrão, conciso e preciso ao transmitir a mensagem ao ouvinte. A parceria com Vito Adu e Lee em ‘Jasmine’ classifica-se como a melhor em termos de composição até esse ponto do álbum. A sintonia entre os três artistas é possível de ser apreciada durante toda a faixa, com um grande destaque ao verso de Vito Adu e o encerramento feito pela própria MONI, do qual mostra a raiva do eu lírico de uma forma muito crua e realista. A partir deste momento, embora a artista seja bem-sucedida em manter a qualidade das canções em termos técnicos, as faixas começam a soar repetitivas, utilizando-se do mesmo tom para várias canções seguidas, podemos ver esse aspecto em ‘SOUL’ e ‘DEAL’, ambas trazendo a temática que já foi vista em ‘Jasmine’ e praticamente todas as outras faixas do projeto, sem adição de novos elementos à narrativa. A faixa ‘TILL\' THE END’ traz um grande respiro à narrativa do álbum, pois deixa subentendido que uma vingança está acontecendo, juntamente de belos e metafóricos versos. Chegando ao fim do álbum, ‘PRAY’, em meio a tantas faixas de pura raiva, é a música mais vulnerável de todo o projeto, do qual mostra a retirada de armadura do eu lírico, se permitindo sentir o amor e temer por sua perca. Sobre as faixas bônus: ‘Forbidden Love’ é excelente. Sendo uma colaboração com Anna Fraser, a canção traz toques de sensualidade e consciência de um amor proibido, tudo descrito de uma forma bastante interessante e instigante. Cheia de nuances, a faixa ainda nos presenteia com boa química entre as artistas. Além disso, se encaixaria bem entre as faixas principais, mais especificamente próxima de ‘CHURCH GIRL’. O visual é simples, mas está dentro da temática do projeto. O único ponto negativo fica por conta da variedade de fotos e imagens. Por fim, MONI executa um bom trabalho em ‘JESUS IS COMING’. A artista acerta bastante em termos de composição e coesão, estando dentro de todos os padrões esperados para esse aspecto. Como oportunidades de melhoria temos o desenvolvimento do álbum, muitos pequenos detalhes poderiam ser mais bem arranjados para que a narrativa não tivesse se tornado cansativa e repetitiva em certos momentos.
American Songwriter
Após 3 anos na indústria musical, a ucraniana Moni lança seu tão aguardado debut álbum. “JESUS IS COMING” é um álbum pessoal, que conta problemas familiares vividos pela artista, destacando o seu relacionamento conturbado com o seu pai, um pastor presbiteriano, e como isso afetou a relação com sua crença. Musicalmente falando o trabalho passeia entre o Soul e o Blue com elementos do Rock africano e o Reggae. A primeira faixa do álbum, “GOD”, traz toda a essência do conceito do álbum. Com uma lírica bem executada, forte e sincera. A artista faz uma analogia entre Deus e seu pai, onde canta como essa relação problemática com o pai fez ela se afastar da sua crença no criador. Uma ótima escolha da artista para apresentar-nos seu projeto “Amazing Grace” com uma lírica crua e vulnerável, o eu-lírico canta sobre uma relação tóxica, que supúnhamos que seja a do seu pai, e como foi o momento em que pode se libertar, assim sentindo que alcançou uma graça. A terceira faixa do álbum leva o nome do pai da artista, “Jason’s Weep”. Com uma introdução falada, claramente referenciando discursos do pai de Moni no púlpito em suas pregações conservadoras, a faixa começa. Em seus versos, “Jason’s Weep”, parece completar a faixa que a antecedeu, em total rebelião ao que seu pai e ao aue sua doutrina tentaram impor a artista, ela canta em forma de protesto, onde no refrão pede para que seu pai não chore pelas suas escolhas. “Miseducation” parece completar as duas faixas antecessoras, abordando como seu comportamento e sua personalidade é um quanto polêmica para uma garota criada dentro da igreja, e como isso afeta a relação dela com seu pai e sua fé. Nesta canção, a ucraniana utiliza vozes de jornalistas que fizeram duras críticas ao seu comportamento, e isso foi inteligente e deixou a canção mais interessante. A quinta canção é “Church Girl”, aqui Moni nos entrega uma letra simples e direta, evidenciando que a garota rebelde de hoje é consequência da garota reprimida pela igreja. Aqui vemos uma canção onde a artista mostra uma personalidade forte, onde se encontra e percebe que muitas outras garotas da igreja se identificam com sua história e querem também se libertarem. A próxima faixa é a primeira colaboração da compilação de 11 canções, a artista convida Vito Adu e Lee para cantarem versos mais agressivos que as canções anteriores. Em “Jasmine” os três artistas entregam versos que se encaixam e entregam uma canção feroz. O refrão é o ponto alto da faixa, com metáforas que demonstra que tudo que o pai pregava sobre inferno e diabo era o que ela vivia diariamente ao lado de seu genitor. Logo em seguida temos “Soul”, mas uma colaboração que dessa vez conta com nomes da nova geração da indústria musical, Danny e Petter. A canção traz toda a dor causada até os dias atuais em decorrência aos traumas sofridos pelo período vividos pelo eu-lírico com seu pai. Mesmo, Moni deixando tudo para trás e tentando se distanciar de tudo vivido e da presença de seu pai, ela foi marcada por muitas coisas que a acompanha até hoje, ainda deixando feridas abertas e que insiste em não cicatrizar. Uma canção que podemos enxerga toda vulnerabilidade da artista, os feats acrescentaram a canção com versos coesos e sentimentais, mas essa faixa poderia ser muito mais poderosa se fosse cantada por Moni entoando toda seu sentimento. A oitava canção é “Deal”, Moni Nessa canção tem uma lírica mais agressiva, assim como em “Jasmine”. A canção fala sobre a hipocrisia do seu pai em querer pregar a bondade e o amor de Deus, sendo que ele nunca viveu isso de verdade e afirma que não o perdoará pelos danos causados. O refrão nessa canção é escrito com maestria, a artista faz uma relação entre Deus e ela, ressaltando ao seu pai que não é o criador, ou seja Deus, então não poderá perdoa-lo. “Till’ The End” é a próxima canção do projeto, encontramos a melhor faixa até aqui. Aqui o eu-lírico demonstra que mesmo cheia de cicatrizes, dores e uma juventude perdida, ela tem coragem e força de vontade de viver intensamente, agora sendo ela mesma, sem medo do que seu pai e sua crença pensará e do que seu pai sentirá por isso. Agora ela vive um novo evangelho, e esse a ensina a ser feliz sendo ela mesma. A canção tem uma lírica fantástica e com uma forma expressiva assertiva, nos fazendo entender e apoiá-la na sua decisão. “Pray” é a penúltima faixa do projeto, com a chegada dela sucedendo “TTE” podemos afirmar que as últimas canções do álbuns são as mais fortes e de certa forma as melhores do complicado. Em “Pray”, a ucraniana nos entrega uma letra sensível e dolorosa, onde ela canta sobre a grande falta que sente da sua mãe, que se foi precocemente quando a artista tinha apenas 7 anos. Mesmo com uma letra sem muitas metáforas e curtas, a canção nos entrega uma verdade imensa e expressada de uma forma linda e delicada. “Apostasy” é a escolha da Moni para encerrar seu primeiro álbum, uma escolha inteligente, já o nome da canção significa abandono de fé é isso faz todo sentido se formos analisar o conceito criado para esse projeto e o que ele nos conta. Para contar sobre o desfecho dessa sua caminhada em relação ao seu pai e sua fé, a artista convida o novato Donatello. A canção usa de metáforas para explicar que abandonar a fé e religião estão totalmente ligados a abandonar seu pai e em não querer perdoa-lo. Donatello entrega a melhor ponte do álbum, o que não é de se surpreender porque o novato é um dos melhores compositores da sua geração, fazendo a canção se tornar ainda mais grandiosa. “Apostasy” cumpre com seu papel de fechar o álbum em alta qualidade e também cumpre o papel em fechar de forma correta a linha do tempo em questão da ideia do album. A produção visual foi assinada por Annagram, que também é co-compositora na maioria das faixas do álbum. Não é uma produção inovadora ou que atinja o excepcional, Mas bem feito e consegue alcançar o objetivo de transmitir a essência do conceito. “JESUS IS COMING” é um ótimo álbum debut, nele Moni com a ajuda de Annagram traz de forma bem colocada em sua lírica a história prometida no conceito. Podemos ver uma Moni madura e com um potencial enorme. Tendo a coragem de compartilhar suas feridas e toda sua vulnerabilidade com o publico e seus fãs, nos fazendo conhecê-la de uma forma que não tivemos a possibilidade antes. Faixas destaques: Till’ The End”, “Pray” e “Apostasy”
Billboard
Após 3 anos de espera com extended plays, singles avulsos e uma grande promoção ao seu novo projeto, MONI presenteia seus fãs com o emocionante /”JESUS IS COMING”/, debut álbum na expressividade repulsiva e dramática ao longo das 11 faixas de diversas raízes dos gêneros blues, soul, rock e reggae music. Com o acompanhamento da cantora ANNAGRAM na composição e produção do disco, MONI estabelece o álbum com as relações traumáticas da artista com sua figura paterna, o sofrimento de seu irmão em relação aos acontecimentos trágicos, como também, à pouca ligação que teve com sua mãe antes de falecer; em torno disso, consequentemente, como todos esses episódios impactaram de diversas maneiras em sua vida pessoal, e até mesmo espiritual. A abertura fica por conta da faixa /”GOD”/, que assim como a maioria das faixas, possui uma estrutura lírica bem-acabada, demonstrando a facilidade e capacidade da artista em compor de forma sucinta, com clareza mas incrivelmente delicada. E, para não se estender com diversos elogios (não que eles não sejam necessários [risos]), estes mesmos atributos se prolongam pelo álbum do início ao fim. Assim como as falhas, que são apontadas, MONI mantém uma ordem excelente em cada linha de suas composições deste disco, tornando-o um álbum singular que em cada faixa, você deve respirar fundo: ela não irá entregar qualquer tipo de composição. Na segunda faixa e, por sinal, uma das minhas prediletas, /”AMAZING GRACE”/ comenta sobre um suposto endeusamento de alguém em uma relação tóxica, apresentando temas que se aproximam das faixas subsequentes. /”JASON’S WEEP”/ e /”MISEDUCATION”/ se correlacionam, trazem bons versos, mas a não explicação sobre as canções ou uma breve recapitulação do que é contextualizado em cada faixa, faz com que quem esteja escutando o disco pense que as canções estejam tratando do mesmo assunto. /”CHURCH GIRL”/, aqui peço com todo carinho que essa seja um single oficial, MONI esbanja audácia e intensidade em mostrar que o que ela está se tornando hoje veio daquela “garota da igreja”. Nada de ingênua, entretanto aqui está o ponto alto de /”JESUS IS COMING”/. As próximas canções, que por sinal são colaborações, /”SOUL”/ e /”JASMINE”/, demonstram um pouco mais de ânimo permanecendo em um nível “ok”; são boas faixas, apenas há a sensação de que algo está faltando (que ela conseguiu suprir em outras faixas). /”DEAL”/ acompanha uma lírica um pouco emaranhada, um pouco vingativa, que complicou em sua composição, tornando uma das medianas do disco. /”TILL THE END”/, /”PRAY”/ e /”APOSTASY”/ encerram o LP, sendo a última uma parceria fantástica com o cantor Donatello, atribuindo versos inteligentes ao lado da lead artist, como: “Eu sou meu próprio juiz, e serei bem vindo aonde eu for/Se o inferno for meu lugar, eu serei encarnado como príncipe do submundo/Pelos pecados que eu cometi, a minha sentença será a libertação da minha própria alma”. Aliás, menções honrosas às faixas /”Forbidden Love”/ e /”The Velvet Lips”/ que são canções totalmente fora do conceito do álbum, mas que demonstram a delicada capacidade de MONI ao compor. Seu visual é despretensioso, traz muita simpatia para o conceito do disco demonstrando determinação da artista em entregar algo interessante ao seu público. Realmente, o ponto alto do disco é carregado por suas composições impecáveis. Com uma visão mais crítica e ampla do projeto é de se perceber a intensidade que /”JESUS IS COMING”/ carrega em 11 faixas, até então. É catártico e agressivo, principalmente após /”MISEDUCATION”/, quando MONI se joga de vez em seus sentimentos de repulsa, trazendo uma pitada de ousadia com um tom de recuperar o seu “poder” desses traumas ou dores que ela apresenta no LP. Na realização de um projeto, é importante alinharmos os sentimentos com o que estamos escrevendo, a fim de não entregar materiais reincidentes de um mesmo tópico/tema proposto. MONI traz mestria de sobra em questão lírica faltando um aperfeiçoamento em temáticas que podem gerar em torno do que foi estabelecido. Novamente, reiteramos que as composições são excelentes ao nível que a cantora se encontra atualmente, a exploração desses sentimentos ou, até mesmo, a explicação de faixa por faixa em sua apresentação do projeto, podem refletir a perspectiva do leitor sobre o trabalho. Por fim, Jesus pode estar voltando, mas MONI já está aqui, a propósito, arrasando. Desejamos sucesso a artista com seu novo projeto.