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An Odyssey - ANNAGRAM
77

AllMusic

79

Após boas apresentações com seus singles, ANNAGRAM lança o disco “AN ODYSSEY”, seu primeiro álbum de estúdio. Iniciando por “ACT I: Eros Touch (prologue)” e “Cupid\'s Arrow”, essa parte retrata o encontro de ANNAGRAM com a pessoa que ela ama naquele momento. Em relação a segunda, a faixa é muito bem escrita e bem clara no seu objetivo, sendo uma canção excelente para iniciar o disco. “Lost In Arcadia” retrata o momento do matrimônio, e todas as promessas e o amor envolvido ali. Citando Artemis e outras figuras mitológicas para intensificar o sentimento vivido, é uma faixa bem composta, mas essas citações parecem um pouco densas em certos momentos; podendo ser mais suavizadas pela artista. “Birth of Venus” retrata um momento de intimidade do casal, aqui usando Venus como o artefato de maior visão desse sentimento e desse momento em si. É uma canção bem escrita e bem conduzida, sendo fiel ao que se propõe do início ao fim. “Act II: Hymenaeus (Interlude)” e “Icarus Dream” são responsáveis por mostrar um novo lado do projeto. Aqui, a segunda faixa citada retrata a traição, e o impacto disso na artista, que cita “estar voando” para intensificar como foi algo sentido fortemente por ela. É uma faixa que mostra muita intensidade e dor da artista, que escreve sobre muito bem. Em momentos, há deslizes, mas num geral é bem conduzida. “Neptune” conversa com essa pessoa da relação diretamente, aqui o denominando como Netuno. Essa conversa e esses sentimentos são bem colocados pela artista, e seguem bem a sua premissa, sendo um ponto alto no disco a ser considerado. “Medusa\'s Pain”, diretamente ligada a canção anterior, fala sobre como ela se sentiu tempos depois do fim anunciado do relacionamento. Por mais que consiga citar e dissertar bem sobre esses questionamentos, a faixa parece densa demais para isso; os versos são muito longos e não parecem ressoar com o que estava sendo colocado no projeto até então, sendo um ponto negativo. “Act III: Ares Blessing (Interlude)” e “Nemesis Reign”, trazem aqui um lado mais distante (na relação de tempo) sobre a relação. A segunda faixa traz dois lados dessa relação, sendo esses lados o externo (outra pessoa visualizando) e o interno (o próprio eu-lírico). Aqui mostra ANNAGRAM bem sensível e recorrendo ao álcool para se entorpecer da dor do fim desse relacionamento, e o uso de um narrador externo é bem positivo por mostrar algo além dela mesma na história, ou melhor, sem serem apenas os seus próprios olhos. É uma canção muito boa e bem polida. “Curse of Sisyphus” retrata os sentimentos e os “aprendizados” ruins dessa relação e como sair dela pôde deixar claro para a artista a forma com que essa era algo danoso para si. É uma canção bem composta e usa o conceito da história de Sísifo de modo muito bem conduzido. “Jupiter\'s Lap” mostra uma ANNAGRAM mais consciente e com o fervor de algo realmente bom correndo pelas suas veias. É uma canção muito boa, que mostra à superação da artista sem ser algo banal, e sim sendo algo que foi construído e batalhado. O visual, produzido pela própria artista em parceria com TAMMY, é com certeza um ponto bem fraco. A edição não é bem conduzida e a fotografia não casa com o background e suas diversas versões e sentimentos. No fim, o encarte parece sempre desconectado e as fotos de ANNAGRAM não parecem pertencer ao projeto, além da tipografia e seu posicionamento no encarte e na página sendo mal feitos. ANNAGRAM precisa evoluir nessas questões para outro disco ou EP. Portanto, “AN ODYSSEY” é uma jornada liricamente bem conduzida e mostra que a artista europeia sabe fazer bons usos de conceitos, expressões e até mesmo confissões mais diretas (mesmo com deslizes como em Medusa\'s Pain), mas visualmente é uma jornada complicada, algo que poderia ter sido bem melhor.

American Songwriter

77

ANNAGRAM pega todos de surpresa ao lançar o seu álbum de estréia rapidamente e com uma temática pouco explorada no meio musical. \"An Odyssey\" é um projeto aonde somos apresentados ao um universo mítico rico em detalhes e informações culturais, o que é justamente o ponto mais forte do álbum, pois a maneira a qual a artista consegue nos trazer para o seu mundo e contar histórias em cada faixa do álbum, realmente faz o ouvinte se sentir como se estivesse eum odisséia. O álbum é dividido em 3 atos, e cada ato nos traz estágios diferentes do disco, estágios que você começa a facilmente notar que talvez não tenha sido a melhor escolha de se fazer narrativamente por sua diferença. Em seu primeiro ato temos histórias românticas, com um destaque para \"Lost In Arcadia\" que apresenta uma evolução muito bem feita da história cantada na faixa anterior, e somos muito bem apresentados com o primeiro contato ao disco, facilmente nos colocando na posição do eu-lírico. Entretanto, o segundo ato acaba por quebrar totalmente a narrativa e a atmosfera criada no ato I, e apesar de ainda ser um bom ato, a mudança brusca de narrativa faz o ouvinte ter dificuldade para se situar mentalmente no que está acontecendo, é como se você tivesse vendo um filme muito bom e, de repente, alguém colocasse um outro filme interrompendo o que você estava vendo anteriormente, com o segundo ato trazendo traição, tristeza, magoa, solidão, ressentimento e raiva, temas totalmente não presentes no primeiro ato. E quando o ouvinte está finalmente se acostumando com o novo lugar que foi colocado, chega o ato III e muda novamente o tema da narrativa, mas dessa vez de uma forma não tão bruta como o ato II, sendo o ato que mais destaca as habilidades líricas de ANNAGRAM, um destaque para \"Nemesis Reign\" que realmente faz com que você sinta os sentimentos do eu-lirico. Se o disco fosse feito somente com dois atos, ele ficasse mais harmônico e mais confortavel para se ouvir, pois, novamente, os atos estão longes de serem ruins, pois as faixas presente em cada um deles, são faixas muito bem escritas e com jogadas espertas de rimas, mas os atos gritam uma falta de harmonia infelizmente, são ótimos separadoo, mas fracos juntos. O visual foi feito pela própria cantora em parceria com Tammy e acaba sendo o maior ponto fraco do álbum. Com fotos em um cenário apocalíptico, encontramos a cantora usando roupas de academia, depois trajada como uma amazona e depois servindo glamour, é um álbum fotograficamente não legal de se observar, talvez se tivesse deixado somente as paisagens, já melhoraria muito o problema em questão. \"An Odyssey\" é um de debut com pontos fortíssimos como sua lírica e a maneira que cada canção conta uma narrativa, mas os pontos fracos acabam sendo igualmente fortes ao trazer falhas como sua organização e seu visual.

Billboard

82

Estreando na indústria, a britânica ANNAGRAM lança seu álbum debut encoberto por uma temática de mitologia grega bem interessante e pouco abordada no meio musical. Mesclando o alternativo com rock e folk, a artista entrega em seu projeto uma narrativa de dimensão histórica abrangente e bastante rica, o que poderia levar a pecar pelo excesso ou pela falta o que supreendentemente não aconteceu. A integração é um dos pontos mais altos da obra, uma vez que ela é escrita de forma fiel a proposta e de uma qualidade bem acima dos demais artistas novatos na indústria, o que pôde ser o seu maior diferencial nesse quesito. A introdução com os singles ‘Melting as Stone’, ‘Birth of Venus’ e ‘Medusa\'s Pain’ já entregava como poderia se desenvolver o álbum, todavia a cantora escondia o melhor como sua carta na manga dentro do disco. Divido em três atos e com influência no teatro e da Grécia antiga, a britânica consegue colher excelentes composições e construir uma ótima e coesa história com essa gama de informações. Em certos momentos pode soar como bagunçado, porém a intérprete consegue conduzir bem os nuances que o próprio projeto imerge o ouvinte e cada canção pode enfim cumprir sua função lírica, referencial-histórica e emotiva. ‘Icarus Dream’ e ‘Lost in Arcadia’ trazem o melhor dessas junções em uma proporção muito mais eficaz e expressiva. Refletindo suas melhores composições, estrutura e organização do campo lexical escolhido. Ainda destacando as ótimas ‘Curse of Sisyphus’ e ‘Neptune’ como outras potências conceituais e semânticas do álbum, que por sua vez não falha no arranjo coesivo. Já no seu visual, talvez seja onde justifique a única ou quase única vez que a artista tenha falhado no processo de criação da obra. O cenário caótico e apocalíptico é muito atraente e bem representado apesar de muito repetitivo, exceto por algumas adições de elementos que não foram mesclados de forma natural, parecendo soltos no encarte ou simplesmente grudados na tela. O tratamento de imagem nesse caso foi um tanto quanto ausente e até um fator de despreocupação se analisado mais arduamente. A organização, aglomerado e métrica dos textos poderia também ter uma atenção melhor, principalmente pensando na experiência do leitor ao visualizar o encarte. Aspectos de luz e sombra são mais presentes que os demais, mas ainda não foram aplicados de forma coerente com a proposta, algumas vezes havendo sombra onde não há luz ou luz onde não há feixe suficiente, imagens muito claras em ambientes escuros. Pequenos erros de atenção na edição, mas que podem ser enxergados com uma óptica mais apurada para a realização de trabalhos futuros. A ideia em representar uma amazona é plausível, principalmente pela história e imersão visual-lírico, mas novamente a execução peca. As roupas utilizadas não conversam com a época em questão, é justificável algumas poses de movimentos como “treinamento” mas as vestimentas contemporâneas em um álbum que discorre sobre acontecimentos do período antigo é destoante. Mais uma vez não houve uma adaptação visual com a história, assim como nas letras, o que é uma grande pena pela qualidade lírica se manter ótima e a visual não conseguir acompanhar. Com isso, ANNAGRAM entrega um ótimo disco de estreia, com uma narrativa diferenciada, belíssimas letras entretanto com um visual que deixou a desejar, mas nada que possa ser corrigido nos seus próximos álbums.

Pitchfork

69

Annagram faz sua estreia com seu álbum \"AN ODYSSEY\", obviamente inspirado no emblemático conjunto de poemas épicos de Homero. O álbum promete uma história dividida em três atos, então, prosseguiremos a avaliação de forma segmentada e depois, faremos a consideração do todo. Durante o primeiro ato, a cantora explora o lado erótico e amoroso, com \"EROS TOUCH\", \"CUPID ARROW\", \"LOST IN ARCADIA\" e \"BIRTH OF VENUS\", com ressalvas para a boa construção das duas primeiras e com decaídas em \"BIRTH OF VENUS\" \"LOST IN ARCADIA\", sendo elas os únicos defeitos deste momento do álbum. Destrinchando a faixa em questão, a cantora faz alusão a virgindade sagrada, ao casamento e a utopia. E honestamente, não dá para saber exatamente o que Annagram quer dizer com seus versos e comparando com a canção que a precede, sua posição na tracklist entra em questionamento. Em termos gerais, as letras são muito boas, a artista realmente surpreende nesse quesito em diversas canções com a robusta utilização de ferramentas metafóricas, mas em contrapartida há ausência de unicidade na organização das ideias. Para melhor compreensão, em alguns momentos, se o leitor e ouvinte não conhecer as histórias mitológicas não há como compreender o sentido da canção propriamente dito, isso dificulta a acessibilidade de seu conceito. Partindo para o segundo ato, começamos com \"HYMENEUS HYMN\", uma canção que aborda a traição em um relacionamento amoroso, casamento, eu acredito, devido a referência a divindade grega dos casamentos. Com essa mudança de narrativa, a última faixa do primeiro ato, \"BIRTH OF VENUS\", acaba soando desconexa na história. \"ICARUS DREAM\" é a continuação adequada para a primeira faixa, é agradável a forma qual a cantora lida com seus versos, sem exageros e ainda com conteúdo. \"NEPTUNE\" não é a melhor das canções até agora, mas podemos enxergar o papel dela no trabalho, mesmo que sua execução e ideia seja desnecessária mediante o contexto geral do álbum, já que ela só se faz presente para dar encargo a narrativa da faixa seguinte e nada além disso. \"MEDUSA\'S PAIN\" se conecta com a última faixa da mesma forma que todas as outras se conectam entre si, dá-se a entender que \"NEPTUNE\" só está presente no álbum por causa do envolvimento do deus dos mares com a górgona, não porque essa faixa tinha uma intenção ampla frente ao projeto como um todo. Ainda citando essa faixa, \"MEDUSA\'S PAIN\" consegue ser uma das melhores de todo disco, competindo fortemente com \"HYMENEUS HYMN\" e \"ICARUS DREAM\". Essas três canções exprimem com facilidade seus objetivos. Iniciando o terceiro e último ato, a artista introduz mais uma de suas interludes, \"ARES BLESSING\", exibindo outra reviravolta na narrativa, o que era de se esperar, o desfecho da jornada do herói de Annagram. O interlúdio e a faixa que vem em seguida, \"NEMESIS REIGN\" carregam o mesmo teor vingativo e raivoso, infelizmente, a compositora não soube expressar tão bem seus sentimentos de ódio e desgosto em nenhuma das duas. \"CURSE OF SISYPHUS\" é, na verdade, a salvação do ato final, é uma música inteligente e bastante interessante, principalmente a ligação que ela possui com a narrativa. Na mitologia, Sísifo foi condenado para todo o sempre a empurrar uma pedra até o topo de um monte, caindo a pedra da montanha sempre que o cume era atingido. \"JUPITER\'S LAP\" além de ter um titulo que nos leva a pensar que no final da história a eu-lírico se conduziu a ter algum relacionamento com o deus rei do Monte Olimpo, a música soa como um hino gospel de cura e redenção. Talvez não fosse a intenção na hora de compor, ou talvez fosse, de qualquer forma, não foi a melhor decisão criativa, porém ainda um desfecho sensato e coerente. Como um todo, a obra cumpre seu papel e narrativa. Mesmo com seus pontos fracos, a lírica de Annagram é realmente homérica, porém precisa ser aplicada no contexto correto para que seus trabalhos atinjam um patamar de obra-prima. Por fim, com esse disco podemos ter algo concreto: Annagram é uma das melhores compositoras dentre os novatos de sua geração, seus pontos fortes brilharam de maneira que seu talento pôde ser reconhecido, o que sentimos falta foi apenas de um direcionamento criativo e na execução de alguns momentos.

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