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AUTOGNOSE - ZANE
90

Los Angeles Times

93

Após um período extenso desde sua estréia na indústria, ZANE finalmente nos apresenta seu primeiro álbum de estúdio, intitulado \"AUTOGNOSE\" com dez faixas em sua composição, mesclando os gêneros Rock/Alternative/Folk. A primeira faixa do disco, intitulada \"Da Língua Até Minhas Vísceras\" destaca a importância de deixar o papel de vulnerabilidade e buscar a compreensão de outras pessoas, onde ZANE se questiona e automaticamente se conhece melhor, se ainda há erros onde ele não identificou e como lidou com os rumores que cercam sua vida, a faixa é uma boa introdução para o disco, sendo bastante incrível em inúmeros sentidos, mostrando sem dúvidas a habilidade do artista. \"Temporada de Caça às Borboletas\" como em seu título faz clara referência a borboletas, escrevendo a busca por algo fugaz, bastante difícil de capturar em sua essência, a estrutura da música é bastante promissora, seus versos conseguem capturar bem a ideia que o artista quer passar. \"Sobriedade\" possui rimas muito bem centradas e de acordo com o tema da faixa em questão, o artista faz uma clara crítica a superficialidade e falta de profundidade em todas as relações humanas, onde representa a rejeição em sua composição, fazendo contraponto a faixa anterior. \"Mal do Século\" traz o reconhecimento de seus erros por parte de ZANE, onde sente a falta de entendimento e negligência por parte de alguém que ama, os versos da faixa são muito bem articulados com ênfase para \"Embora essa não seja sempre a minha personalidade / Quero escapar da mórbida sensação de saudade / Língua contorcida, engulo meu orgulho / Lhe olho sob os olhos da criança que eu fui\" que são muito bem escritos. \"Ave, Decepção\" descreve a sensação de estar em um ciclo vicioso de desilusão e desencanto, onde o artista reflete a natureza fugaz das coisas, que no início parecem ser \"doces\" mas no final, deixam uma experiência \"amarga\" em sua vida, trazendo uma alta reflexão em sua estrutura, a faixa não deixa a desejar. \"Vênus Ambulante\" colaboração com Zoe como o próprio título diz, resume o conflito entre a natureza dos artistas e suas expectativas sobre a sociedade atual, em uma luta ativa para aceitação e compreensão de si mesmo quanto dos outros, sem dúvidas é a melhor faixa do disco até aqui, sendo um promissor single para o álbum. \"Palanque\" colaboração com Alex Fleming pondera como uma partida de alguém afeta nossas mentes, além de hábitos que modal a personalidade pessoal, fazendo referência a grandes artistas brasileiros em sua parte final, a faixa acaba sendo uma premissa muito bem executada, retratando muito bem a busca por validação e conexão consigo. \"Gênio Maligno\" trata de si mesmo, onde ZANE expressa sua esperança de redenção e transformação, indicando que deseja uma grande mudança em sua vida, onde vê a falta de reciprocidade de si mesmo, vendo pessoas que não gosta o amando em algumas fases, sendo mais um ponto inquestionável do disco até aqui. \"O Diabo Fala Em Detalhes\" traz uma atmosfera mais ligada a seres malignos, onde ZANE aborda como se tornou o que mais temia, sendo um grande fruto de uma desobediência a seres religiosos, a ponte da faixa não conclui tão bem a canção, sendo um pequeno deslize da música em sua composição. \"Contanto Que Tenha Roque Enrow\" traz o Rock and Roll como uma âncora de cura para o artista em sua imagem até aqui, refletindo sua identidade e turbulências da vida, apesar de algumas derrapadas em sua estrutura, principalmente em seu pre refrão, a faixa conclui bem o disco até aqui. O visual do disco, produzido por Noan Ray e outtathisworld é muito bem executado em todas as suas formas, o encarte é muito bem feito e a escolha das cores é um ponto alto a ser considerado. Em geral, ZANE nos apresenta um disco quase sem defeitos e mostrando para o que veio, voltando de uma forma invejável e sem muitos erros, nos deixando extremamente esperançosos a uma continuação de seu trabalho.

The Line Of Best Fit

85

O tão aguardado debut do cantor ZANE com seu álbum \"AUTOGNOSE\" finalmente chegou após anos de expectativa. ZANE descreve o processo de criação do álbum como complexo, inicialmente planejando um retorno com um novo EP, mas acabou encontrando um disco completo e pronto para ser compartilhado com o mundo. Este álbum é uma jornada em direção a um novo caminho, influenciado por suas amizades, família, terapias e até mesmo pelo tempo. A faixa introdutória, \"Da Língua Até Minhas Vísceras\", apresenta um conceito profundo e inexplorado, refletindo sobre a percepção que os outros têm de nós, contrastando com nossa verdadeira essência. É uma abertura impressionante e bem escrita. Em seguida, \"Da Língua Até Minhas Vísceras\" pode ser interpretada como uma faixa romântica à primeira vista, mas vai além, explorando os desejos e vontades do eu-lírico de forma objetiva e direta. \"Sobriedade\" pode parecer uma reflexão de um romântico incorrigível resistente às mudanças da nova geração, mas o eu-lírico expressa sua perspectiva, mesmo que egoísta em alguns momentos. \"Mal do Século\" deixa uma busca pendente sobre a autopercepção do eu-lírico, com versos que podem parecer confusos, dificultando a compreensão de seu objetivo. O grande destaque do album fica com \"Ave, Decepção\", o que pode ser um retrato sobre impulsões quando você não está preparado, o eu-lírico mostra que as vezes não vale a pena agir de sem estar preparado, independente do que seja. A seguinte faixa, \"Vênus Ambulante\", com participação da cantora ZOE, é uma canção submersa ao mundo da astrologia, mesmo que o cantor diz que não sabe muito sobre, isso ressoa na letra, que parece apenas jogadas de palavras sobre signos, o que se designaria como senso comum do que é a astrologia, sem um caminho a ser trilhado. O single \"Palanque\", com participação do Alex Flaming, aborda sobre o merecimento de estar presente em lugares, espaços, na vida de outras pessoas ou em geral; Apesar do conceito muito interessante, a canção é repetitiva e os versos não transparece com muito detalhe sobre o conceito, que as vezes soam como ácidos que uma reflexão. Em um jogo melodramático, \"Gênio Maligno\" é como um julgamento olhando no espelho, onde o eu-lírico se põe no alvo sobre tudo que acontece, tendo um refrão muito cativante. Em uma mudança conceitual bem relevante, ZANE traz uma ousadia em \"O Diabo Fala Em Detalhes\" e algo que muitos cantores tem medo de falar: erros, principalmente especificamente falando; Aqui, o cantor fala sobre coisas que já fez de errado em ligação à um contexto religioso, com teor irônico, mas muito bem trabalhado. O disco finaliza com a faixa \"Contanto Que Tenha Roque Enrow\" e não poderia ser outra, a canção resume toda a experiência do album, mas aqui há uma reviravolta de superação, onde o eu-lírico de agarra no seu Rock n\' Roll preferido em torno disto. O disco foi produzido pelos talentosos Outtathisworld e Noan Ray, traz um visual psicodélico, mas não poluído, com encarte muito bem feitos, apesar de não traduzir tanto o que a lírica explora. Por fim, \"AUTOGNOSE\" é descrito como uma experiência de autoconhecimento, autodescobrimento, assim como uma aprendizagem pra viver consigo mesmo e com a vida em torno. No entanto, as canções, em sua metade, ainda enfatizam essa falta de autoconhecimento, de aprendizagem, até, porque, ZANE soa ainda confuso, perdido e ainda sem saber respostas sobre muitas coisas; A sensação é que ele ainda está no meio do caminho de tudo isto, por mais que pense que já tenha superado. As canções são melodramáticas e, algumas vezes, com conceito muito bem polido, mas que não refletem na lírica, que aponta pra outra lado. No entanto, em sua outra metade, é possível perceber um amadurecimento em sua jornada, uma reviravolta, como se tinha como objetivo. Liricamente é cativante a forma de escrita de ZANE, seu talento é visível em todas as faixas, seu grande empecilho é conseguir entender que \"aquilo que estou escrevendo é realmente aquilo que eu penso que estou passando?\". Todavia, \"AUTOGNOSE\" é uma proeza e poder visualizar finalmente um álbum de um cantor tão prestigiado é artístico, libertador e sua sinceramente na escrita é única.

Spin

90

O álbum \"AUTOGNOSE\" marca a estreia do talentoso cantor e compositor inglês ZANE, e é um testemunho visceral de sua arte. Composto por 10 faixas, o álbum mergulha profundamente nas emoções do artista, entregando uma experiência musical que é ao mesmo tempo delicada e visceral, envolvendo o ouvinte em suas narrativas intrincadas. ZANE demonstra um estilo de escrita e desenvolvimento de músicas verdadeiramente único, uma marca registrada que certamente será reverenciada pelos fãs. No entanto, é preciso reconhecer que, apesar da proposta encantadora do álbum, o vocabulário escolhido e a abordagem linguística tendem a ser um tanto formais em algumas faixas, dificultando sua interpretação. Faixas como \'Palanque\' e \'Mal do Século\' exemplificam esse deslize, onde uma comunicação mais clara e democrática teria sido mais eficaz para alcançar uma ampla gama de ouvintes e uma interpretação mais certeira das narrativas escolhidas. Por outro lado, há momentos brilhantes que evidenciam o melhor de ZANE neste álbum de estreia. \'O Diabo Fala Em Detalhes\' é uma faixa provocativa e polêmica, com versos afiados e uma letra inteligente que se destaca, ficando claro no trecho: \"Faceta santa contracena com minha percepção satânica, mas o senhor Jesus me castigou\". Enquanto \'Sobriedade\' eleva o patamar do artista em termos líricos e de organização de repertório, demonstrando sua habilidade excepcional em contar histórias através da música. Visualmente, embora não seja inovador, o álbum possui uma estética funcional e bela, que se alinha perfeitamente com a dinâmica do disco. Os efeitos visuais e a fotografia escolhida complementam a atmosfera das músicas, principalmente pelo uso de imagens em preto e branco, com tons de azul, roxo e laranja, dando vida à obra tão aguardada. No geral, \"AUTOGNOSE\" é um dos álbuns mais esperados da indústria musical e representa um momento crucial na carreira de ZANE. Apesar de pequenos erros que podem ser revistos nos próximos lançamentos, este trabalho é uma prova da coragem e persistência do artista em enfrentar as expectativas e pressões midiáticas, entregando um trabalho de qualidade que certamente deixará sua marca no cenário musical.

Rolling Stone

93

ZANE, depois de muito, muito tempo, retorna a indústria musical com seu primeiro álbum de estúdio. Não é sua estreia, o artista já acumula alguns EP\'s lançados anteriormente, mas aqui finalmente está sua obra prima... Será? \"Da Língua Ate Minhas Vísceras\" chama atenção pelo nome e o conteúdo faz jus. Desprendendo-se dos rumores, ZANE que se expor ao máximo logo na faixa de abertura, dissecando-se ao leitor, não necessariamente sentimentalmente, mas escrachadamente, típico da música brasileira, um ótimo e leve começo. \"Temporada de Caça às Borboletas\" parece fazer parte da discografia de Letrux, principalmente pela forma divertida que o assunto da timidez versus flerte é tratada. O sentimento reprimido de chegar em alguém não é tão adolescente, já que ZANE é quem canta por aqui tal disforia. \"Cometendo erros severos apenas por se acanhar\" é um trecho expoente e o \"outro\" é fenomenal. É muito interessante ver canções com estrofes tão sem filtro, tudo torna-as mais exclusivas e únicas. A crítica expressa em \"Sobriedade\" traduz a ganãncia da geração 30/40+ em forçar uma geração Z em declínio, mas nunca expor os motivos. ZANE expressa que o amor e a empatia são resultados de alguma inserção interior, ou seja, se alguém não é amado e esse amor não é passado de geração a geração, a próxima será vazia. Por esse fato, vazio, o título faz-se coerente. É uma letra com mais características MPBísticas e um trecho bem determinante: \"Porque dizem que é a geração transviada\". \"Ave, Decepção\" é uma canção sobre tentativa e erro, resultando na falha. \"De trago em trago, fiquei apenas em cinzas\" mostra a guerra entre expectativa e realidade, e é uma faixa cercada de expressões metafóricas, o que enriquece a obra como um todo. \"Vênus Ambulante\", colaboração com ZOE é excêntrica e ironiza o uso dos signos como desculpa para tudo, no mundo atual. Tantos amores perdidos são cantados pela dupla, por conta de um maldito horóscopo. Há quem acredite, mas deixar de viver a vida pela hora, data, local e alinhamento das estrelas é algo a se pensar bem. O \"outro\" mais uma vez surpreende e declara a petulância, ambulância e redundância que tudo isso causa em relacionamentos num geral. É uma faixa única, provavelmente a única nesse contexto a ser experimentado até agora. A hipocrisia cantada a si próprio em \"O Diabo Fala em Detalhes\" e o tributo ao rock como seu gênero favorito, utilizando Rita lee de sample em \"Contato Que Tenha Roque Enrow\" funcionam. \"AUTOGNOSE\" é um álbum completo, conciso e muito bem escrito e desenvolvido. Apesar das faixas não terem narrativas, o storytelling cai por terra e o disco \"pega\" bem como \"faixas soltas\" que contribuem para um disco que poderia se chamar \"ZANE\". A produção de Noan Ray é o único artefato que distancia o LP de ser uma obra prima. Textos inclinados coergem para uma bagunça, efeitos negativos misturam-se com mapas de degrades em modo de mesclagem que saturam cores que não contribuem para a ironia da lírica. É um encarte que promove melancolia pelo azul excessivo, o roxo que combina, mas não complementa. A diagramação é falha e as adições de elementos gráficos não fazem sentido. O que há de bom nesse sentido é a capa, simples e bonita. Esse é um tipo de álbum que, para não pisar a bola no booklet, utilizasse de uma fotografia mais despojada ou intrínseca, sem esses elementos coloridos e utilizações de design exageradas. O polimento deve ser algo a ser observado em lançamentos futuros, visualmente falando, de ZANE e Ray. \"AUTOGNOSE\" é, portanto, um disco deliciosamente feito para experimentar ao qualquer momento, por que fala sobre tudo e mais um pouco, não apelando para melancolias extremas e cansativas, mas composições certeiras e criativas.

American Songwriter

90

Após uma década inteira de espera, o cantor inglês ZANE finalmente entrega a indústria musical o seu primeiro álbum de estúdio, intitulado \"AUTOGNOSE\". O trabalho promete entregar uma jornada de autoconhecimento e autodescobrimento do cantor e compositor. O disco também traz uma novidade para a carreira de ZANE, a mistura entre o Folk Alternativo Brasileiro e o Rock, clássico gênero do cantor. O álbum possui grandes faixas e enormes destaques, o primeiro deles sendo \"Temporada de Caça Às Borboletas\", uma canção descontraída e inovadora para o catálogo de ZANE. O conceito da canção é muito interessante e o compositor consegue aplicar toda a ideia de uma forma fenomenal, sendo com certeza um dos destaques do álbum. \"Mal do Século\" é outra faixa muito interessante do disco e mostra o porquê de ZANE ser um dos principais compositores da história da indústria, mais uma vez o conceito é extremamente rico e profundo, e o compositor consegue entregar tudo que é prometido, e ainda conseguindo superar isso. O próximo destaque do álbum é na faixa \"Ave, Decepção\", uma canção para refletir e pensar o quão devemos ter um entendimento sobre algo antes de qualquer coisa. Os versos são muito interessantes e bem polidos, já o refrão é a melhor parte da canção e entrega toda a alma da música. Chegando na melhor faixa do disco, temos a canção \"O Diabo Fala Em Detalhes\", uma música que fala sobre amadurecer com seus pensamentos, e passar a fazer coisas que antes você julgava. Não é porque você está sendo hipócrita, você apenas evoluiu com seus pensamentos. A canção inteira é extremamente bem escrita e mostra o melhor lado de ZANE como compositor. Avaliando no geral a tracklist do projeto, o principal problema são as faixas que misturam mais de um idioma, fazendo com que elas se tornem um pouco confusas e complicadas de ter o seu total entendimento sobre elas. Todo o projeto segue um conceito forte e muito bem utilizado pelo compositor em todas as canções. O visual produzido por Noan Ray e Outtathisworld é belo e muito bem pensado, as páginas do encarte são lindas e trazem uma edição muito bem feita. A mistura das cores e das fotos distintas, resultou em um trabalho muito interessante. \"AUTOGNOSE\" é um ótimo primeiro álbum, e que cumpre tudo que entrega. Toda a demora que ZANE teve para produzir esse disco valeu a pena, porque o resultado dele é com certeza um dos álbuns mais fortes para a concorrência nas seguintes premiações.

AllMusic

88

Após anos de antecipação e expectativas até mesmo reduzidas, o público finalmente pode ter em mãos o álbum de estreia do cantor e compositor ZANE. Desviando de seus trabalhos mais recentes e apresentando um projeto inteiramente escrito em português e musicalmente inspirado pela música rock brasileira, “AUTOGNOSE” chega com a promessa de ser uma visão dentro dos processos de reconhecimento pessoal do artista. O projeto abre com “Da Língua Até Minhas Vísceras”, que soa como uma introdução bem dita para a nova versão de ZANE apresentada ao mundo; ligando rumores externos a percepções internas, o artista se reintroduz a uma pessoa desconhecida, que poderia ser interpretada como a representação do próprio público, mas as letras se mantém intimistas o suficiente para que cada ouvinte se sinta enfeitiçado pelos convites ditos nos versos. “Temporada de Caça às Borboletas”, por sua vez, coloca o título em uma metáfora diferente do costume, onde ZANE admite se sentir retraído demais no dia-a-dia e anseia justamente por “caçar borboletas”, uma representação para ir atrás do que deseja; aqui, a introspecção de seus versos é sua maior aliada e eleva a faixa a um dos grandes destaques do álbum. “Sobriedade”, terceira faixa do disco, foi lançada como um dos singles de divulgação do projeto. Sendo uma ode ao dilema da falta de amor na sociedade moderna, liricamente, não chega a par da canção anterior, mas a combinação de refrão e pós-refrão atingem o ouvinte em cheio na escolha de palavras como “de garganta seca eu faço um esforço, mas não tomo outro gole”. “Mal do Século” retoma o caráter intimista do começo do álbum e traz um ZANE mais contido, aflito por não se reconhecer mais, porém esperançoso para buscar sua identidade novamente. É um sentimento velho conhecido, mas a interpretação dada pelo cantor torna a faixa algo que só ele poderia fornecer ao mundo, importante na discussão de temas como a depressão tida como o mal do século referido. “Ave, Decepção” é sintetizada de forma tão intrínseca nos seus versos finais que toda a composição vale a pena de ser ouvida quando se considera o tema: o tempo, a ânsia de ver o tempo passar e a decepção quando o tempo passa e o eu lírico percebe que pensou demais em viver antes de viver de fato; é também outro destaque do disco. “Vênus Ambulante”, colaboração em tom de boa surpresa com a cantora ZOE, é uma das faixas mais puxadas ao lado romântico de ZANE dentro do projeto, usando a comparação com astrologia para discutir seus comportamentos sociais dentro de uma relação que parece florescer, mas que também apresenta dificuldades para seguir adiante. “Palanque”, escolhida como o carro-chefe do disco e sétima faixa do mesmo, é uma colaboração com Alex Fleming, e procura apresentar uma busca por validação externa que muitos dos ouvintes certamente irão entender; o fluxo entre os três idiomas usados na faixa, no entanto, acaba fazendo o ouvinte se perder no meio da transmissão dos sentimentos, sendo uma das faixas mais preocupantes do álbum nesse quesito onde poderia haver uma uniformidade maior no desenvolvimento das ideias dos versos. A oitava faixa, “Gênio Maligno”, brilha em seus versos e nos ganchos, mas falha em seu refrão relativamente confuso de se entender; a capacidade do artista de expressar suas ideias sobre ser ou não uma pessoa dotada de conhecimento e experiências interpessoais é melhor sintetizada em outros momentos que não o principal, mas ainda é um destaque pelo brilhantismo de frases como “Mas reconheço todo o mal que sou capaz / Para todo homem que tentar me amar / Te levo a côrte, eu sou aquilo o que te sentencia”. Perto do fim do disco, chega “O Diabo Fala em Detalhes”, uma das canções que mais representa a ideia do projeto no sentido de ZANE se ver hoje extremamente diferente de como ele se via antes; ideias mudadas, sentimentos mudados, pensamentos totalmente novos abraçam sua cabeça e ele hoje ri do que dizia odiar anteriormente. O álbum se encerra com “Contanto Que Tenha Roque Enrow”, uma ode à música como música, como representação mais fiel dos pensamentos de ZANE do que o que ele queira escrever sobre no futuro, além de uma ode a noites boêmias onde a música acontece, sendo a faixa mais leve do disco e também uma visão do que mais ele pode trazer em sua cartela de composições. Visualmente, “AUTOGNOSE” é um disco bem polido pelas mãos de Noan Ray e outtathisworld, com destaque para a fotografia psicodélica do encarte, que combina com as ideias do disco, e para a edição minimalista dos textos, sendo possível ao ouvinte compreender todas as ideias. ZANE retorna à indústria com um álbum cheio de suas melhores e piores versões, entregando-se por inteiro, ora acertando, ora falhando, mas nunca deixando de ser quem ele finalmente aprendeu a ser.

Pitchfork

88

Após anos na indústria, ZANE finalmente lança seu primeiro álbum de estúdio apostando na língua portuguesa para transmitir toda a sua paixão, emoção e sentimentos dentro de suas singelas composições. Liricamente, o álbum é bastante coesivo e contém rimas ricas em diversos momentos, mostrando seu potencial como compositor nato. Começando com \"Da Língua Até Minhas Víceras\", a canção demonstra ter um grande potencial com seu refrão, onde destaca-se como melhor parte da canção, assim como a ponte. Mas ao decorrer dos versos, a canção também demonstra ser um pouco \"neutra\" e não mergulha tanto assim na profundidade do que a canção está apresentando. O mesmo acontece em \"Temporada de Caças as Borboletas\", onde o refrão sustenta toda a força da música; enquanto os versos acabam se tornando mais frágeis. \"Sobriedade\" carrega uma lírica mais forte, se destacando como uma das melhores do álbum, onde ZANE explora versos mais abrangentes e inteligentes na música. \"Mal do Século\" é uma boa reflexão sobre o interior do artista, onde em versos mais cautelosos e profundos, ZANE entrega uma ótima faixa sobre si mesmo em um momento de auto-reflexão. Ao decorrer do álbum, \"Venus Ambulante\" se destaca como a melhor faixa do álbum com suas rimas bem colocadas, e o verso de ZOE completa a canção como uma luva. Desde o primeiro verso ao fim, a faixa apresenta versos inteligentes e uma narrativa forte, e a presença da parceria é a cereja do bolo. Já em \"Palanque\", a parceria com Alex Fleming funciona bem, mas não soa tão fresca e natural quanto a anterior. \"Gênio Maligno\" e \"O Diabo Fala em Detalhes\" se destacam pela lírica mais sincera e vulnerável da parte do artista, com rimas bastante complexas e apaixonantes ao decorrer, se posicionando como umas das melhores do projeto. \"Contanto Que Tenha Roque Enrow\" finaliza o álbum com uma referência majestosa à Rita Lee, fechando o álbum de forma agradável. Seu visual é bastante agradável, com cores fortes e chamativas no seu encarte, e uma capa mais minimalista em cores do que apresentado; e torna a experiência visual encantadora. Seu encarte, apesar de ser um tanto minimalista em detalhes, apresenta efeitos fortes que dão um ar mais \"elaborado\" e de forma agradável. Dito isso, \"Autognose\" se porta como um bom álbum de estreia por ZANE, com composições que navegam entre seus sentimentos e suas mentes; com mais acertos do que erros. Em suma, o artista demonstrou seu potencial forte para a música portuguesa com rimas fortes e suaves, e com isso, entregou suas melhores letras; apesar de alguns desvios que podem ser facilmente reparados em seu segundo projeto.

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