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Moonage Melancholy - St. Maud
89

AllMusic

88

Após muitos cancelamentos e breves hiatos, a cantora, compositora e produtora neozelandesa St. Maud lança seu aguardado terceiro álbum de estúdio \"Moonage Melancholy\". Banhado pela estética setentista e navegando por gêneros como Alternativo, Rock e Grunge, o disco, em suas 12 faixas, apresenta uma Maud mais segura, aceitando seus sentimentos e ações. O álbum inicia-se com a esotérica \"The Gospel According to St. Maud\". Fazendo referência a um acontecimento do início de sua carreira, a cantora remonta seu processo criativo ao mesmo tempo que explora sua mente e nos apresenta sua antiga \"eu\". É uma escolha um tanto esquisita para uma abertura de disco, mas essa peculiaridade torna a escolha da artista bastante precisa. Seguimos para \"Crystal Vision\", e é nessa faixa que conseguimos melhor enxergar o que St. Maud preparou neste projeto. É uma canção vulnerável, escrita em dedicação aos seus filhos. Maud narra a sensação de paz que a dominou após a vinda de seus filhos, tudo acompanhado de uma ótima construção. A lírica é bela e faz bastante sentido com o título escolhido, mostrando uma Maud sentimental e cristalina. A alternância entre os diferentes refrões mostra o refinamento que a artista buscava com seu disco. Já em \"Private Eyes\", vemos uma Maud apaixonada que parece não acreditar estar vivendo um amor tão intenso. A faixa, por mais simples que pareça, carrega uma profundidade que a diferencia das clichês músicas de amor bastante comuns no mundo da música. Em \"For Jane (Crushed Velvet and Smashed Dreams)\", a cantora se despede de seu notório álbum de estreia \"One-Eyed Jane\". Como uma carta escrita ao seu passado, Maud remonta à época de sua estreia e reconhece alguns pontos que agora restam apenas em sua nostalgia. É uma faixa que apresenta versos com metáforas muito bem pensadas, embora o refrão se mostre bastante simples e vago. \"Save Me, New York City\" expõe a tristeza alimentada pela megalomania das grandes cidades. Com esse sentimento em mente, St. Maud pede ajuda à Grande Maçã, Nova Iorque, e tenta se reafirmar de volta à estabilidade. É uma faixa que se afasta das demais músicas do álbum, porém com uma narrativa espetacular. A sexta faixa, \"Mona Lisa Burning\", traz uma Maud mais ácida, abandonando a melancolia vista nas últimas faixas. Aqui, a cantora fala sobre colapsos, mais precisamente sobre observar uma pessoa vista como perfeita enfrentar esse momento. A lírica se apresenta de maneira sorrateira, aos poucos se intensificando. Maud utiliza a bebida como uma fuga de seus próprios colapsos e se torna uma observadora do alheio. A música ainda finaliza com um trecho de um poema da escritora britânica Virginia Woolf. \"Laughter In The Dark\" mostra Maud enfrentando seu passado e revelando o que aprendeu com o tempo. Agora, a cantora pretende não estar mais em lugares que não a servem e deseja apenas contemplar sua arte. Liricamente, esta se mostrou como a canção mais fraca do disco; mesmo tendo uma ótima construção, ao lado das outras, ela não se destaca tanto. A única colaboração do disco, \"Broken Love Records\", vem junto a uma leve brisa calma, mas talvez brutal. Maud se junta a Hurricane Evans e juntas entregam uma qualidade divina nessa que se destaca como uma letra emocionante. Maud discorre sobre seu relacionamento com seu ex-marido, com quem tem um filho. Após uma reaproximação, os dois percebem que a distância é o melhor para ambos, e o que resta são apenas as canções nos discos de cada um. O verso de Hurricane desperta um lado mais ríspido da faixa, mas não tira o brilho dessa linda canção. O carro-chefe do álbum, \"Rumours\", apresenta-se como o flerte de Maud com a acidez presente em seu repertório. Em termos de estrutura, esta faixa é a mais fácil de ser comercializada. Liricamente, temos um eu lírico que desdenha da indústria musical e sua falsidade crônica. Não há como contestar que a forma como a cantora descreve seus sentimentos, acompanhando-os sempre por metáforas bem pensadas, a torna uma compositora de mão cheia, e nessa faixa não foi diferente. Em \"What They Call Romance\", Maud abraça o lado romântico e tenta mudar um pouco os rumos de seu projeto. A faixa tem um ar cômico que não atrapalha seu resultado. É divertida e propositalmente feita para nos colocarmos na pele da pessoa que tenta controlar outra pela paixão. \"Are You Mine, Sweet Child?\" soa bastante fantasiosa e lembra um conto de fantasmas. A cantora utiliza a metáfora de estar sendo perseguida e possuída por algo do além para falar sobre se submeter às ordens de um amor. A faixa elabora vários pensamentos que a tornam misteriosa e intrigante. Maud consegue transformar uma ideia bastante presente em outros trabalhos em uma canção com seu selo de qualidade. A última faixa, \"Grey Gardens\", fala sobre o tempo e como ele destrói aos poucos a imagem que tínhamos de algo. Maud reflete sobre a forma passageira da vida e utiliza sua criança interior como uma alusão a algo que queremos manter guardado, longe da maldade do tempo. É uma ótima finalização do disco, fechando a obra questionando seu presente e aguardando o futuro. Visualmente, o álbum é inspirado pela estética dos anos 70, com formas arredondadas e cores mais opacas. o visual tem coerência, porém não carrega algo que o torne memorável. Em suma, St. Maud entrega um disco com muitas qualidades que mostra sua evolução pessoal de maneira simples, mas eficaz. Um passo notável em sua discografia.

Spin

92

Em “Moonage Melancholy”, terceiro álbum de estúdio St. Maud e o primeiro de sua carreira lançado sem um selo de gravadora musical, a cantora e compositora se propõe imergir em seus pensamentos mais sóbrios desde que estreou na indústria, disposta a revisitar seus acertos e seus erros no amor e nos negócios para seguir em frente no que pretende fazer em um futuro ainda desconhecido. Essa busca por resoluções próprias se inicia em “The Gospel According to St. Maud”, uma faixa introdutória e enigmática em sua construção lírica, onde a compositora aponta para a constatação de que só ela mesma tem o discernimento das coisas que aconteceram ou deixaram de acontecer ao seu nome e à sua imagem. É uma estrutura diferente de outros trabalhos dela, o que torna a canção um convite ao álbum de cara. “Crystal Vision”, segunda faixa da tracklist, consagra a devoção de Maud pela maternidade como fator que a salvou de se perder em turbilhões de dramas pessoais que viveu em momentos anteriores de sua vida. A divisão entre os dois temas condensados na faixa se torna desigual entre os versos e o refrão, terno e carinhoso o suficiente para manter o alto nível do álbum. “Private Eyes” reconta os sentimentos vividos pela cantora em meio ao avassalador momento de perceber que está totalmente entregue a uma paixão que a faz esquecer do mundo ao seu redor; o modo como ela renega as tentações da agressividade em nome do amor referido cativa os ouvintes mais apaixonados, sendo um ponto positivo do disco. Na quarta faixa, “For Jane (Crushed Velvets and Smashed Dreams)”, Maud oferece um olhar melancólico como o título do CD sugere ao seu antigo alterego de seus trabalhos mais conhecidos, utilizando-se de metáforas de rios e afogamentos para admitir que não se enxerga mais na figura que tanto a acompanhou. É uma faixa liricamente devastadora e inesperada por tal, sendo uma confissão tocante. “Save Me, New York City” mostra a compositora associando a cidade-título a um pedido de socorro para si mesma; ela nomeia outras cidades que a destruíram, possivelmente metáforas para pessoas ou momentos que ela não quer reviver em si mesma, a fim de atingir seu objetivo de se agarrar aos últimos resquícios de esperança para uma cura ao seu coração. É uma faixa bem descrita, talvez a mais profunda até o presente instante da tracklist por tal razão. Em “Mona Lisa Burning”, a cantora volta aos seus versos enigmáticos vistos na faixa de abertura do álbum, utilizando-se da falta de inibição ocasionada por uma noite de bebidas onde ela e seu interlocutor disputam quem irá ceder às loucuras desbloqueadas de suas mentes primeiro. A faixa melhora a partir de sua segunda metade, quando suas intenções se tornam mais claras à medida que os pensamentos se tornam mais embaralhados intencionalmente. “Laughter in the Dark” inicia as faixas do lado B do disco; Maud confronta um sentimento solitário em um ambiente lotado como um bom motivo para se divertir com a própria companhia. Tal sensação, além de ser típica de momentos de realização pessoal, é bem executada na composição aqui, justificando sua escolha como um dos singles de divulgação da era. “Broken Love Records”, oitava canção do CD, é a única das collabs; em parceria com Hurrance Evans, St. Maud pondera sobre os últimos momentos antes de deixar para trás um relacionamento que fracassou mais de uma vez até que ambos os lados percebessem que durou apenas o tempo que precisava durar. A vulnerabilidade de ambas as artistas na faixa traz um caráter confessional em nuances ainda mais profundas do que em faixas anteriores, sendo uma faixa com ótimo potencial para futuro single. “Rumours” revê o lado mais confrontante da artista em relação a pessoas com quem ela perdeu a confiança, seja pelo tempo ou seja por atitudes diretas que causaram a queda da relação; em paz consigo mesma, ela opta por ser concisa no apontamento de dedos, sabendo que fez o que precisava fazer, mas não excluindo a culpa de seu interlocutor. Tendo sido lançada como lead single, é uma canção que atenua a agressividade vista em trabalhos anteriores de Maud em nome de uma conciliação com a melancolia necessária. “What They Call Romance” brinca com as noções da conquista dentro dos primeiros estágios de uma relação amorosa; Maud se coloca no papel de uma mulher fatal que sabe o que quer e também sabe o que seu parceiro quer, enquanto pede para que as formalidades sejam cortadas e ambos os lados assumam seus sentimentos mais traiçoeiros de amor. A cantora se mostra mais leve e um tanto quanto divertida no processo de desenvolvimento narrativo da música, sendo um ponto positivo para o conjunto da obra. “Are You Mine, Sweet Child?”, penúltima faixa do CD, mantém o teor trazido pela cantora sobre romances na faixa anterior, agora, descrevendo as ações e as consequências advindas de se relacionar com um homem que a usa quando quer e a solta quando quer; sem raivas da parte dela envolvidas, Maud apenas observa os atos e os anota em versos curiosos e que compõem uma das canções mais impressionantes do álbum. “Grey Gardens”, canção de encerramento de “Moonage Melancholy”, utiliza-se de uma imagética mais intimista e naturalista para representar os medos de St. Maud quanto a reviver momentos onde sua inocência a colocava em perigo, os escapismos que ela procurou e os receios de que suas próximas gerações também passem pelo que ela passou. A composição é totalmente entregue a servir um encerramento que não é feliz e nem triste, soando mais como uma repetição de ciclos proposital. Quanto à sua produção visual, assinada pela própria St. Maud em parceria com Tammy no HTML, “Moonage Melancholy” evoca exatamente o que se propõe, no que concerne a um resgate de temáticas vintage que remetem a nostalgia dos anos 70, da suavidade das cores nos álbuns de rock da época e nas texturas do design, bem elaboradas e que casam do começo ao fim com as ideias trazidas liricamente e sonoramente. A sensação deixada no ouvinte ao final da experiência é a de ter vivido o projeto mais introspectivo e bem amarrado da carreira de sua autora; St. Maud emprega sua escrita mais concisa, confrontante e direta ao ponto para finalizar histórias do passado, oferecer vislumbres do presente e apresentar suas ideias para um futuro onde a melancolia, aqui dominante, já não seja mais o que rege a sua vida daqui em diante.

TIME

100

Numa indústria de feras que se regozijam do excesso, pouco têm a nobreza de zelar pela sofisticação. Bem, St. Maud é um caso que se encaixa entre essas exceções. Em seu terceiro álbum de estúdio, a artista se tolhe em momento algum de reafirmar sua competência através de um trabalho que fala por si só. Aqui, não há chances para se perder, deixando-se levar por firulas e alegorias vazias, todos os momentos valem a pena e capturam o ouvinte de Moonage Melancholy. Sua sedução começa a partir da construção visual, que se dá em tons quentes intercalados por meio de formas geométricas harmônicas. Ao mesmo tempo em que há delicadeza e espontaneidade na montagem desse projeto, tudo parece muito bem calculado para formar uma obra singular. Esse é um dos pontos onde Maud se distancia dos seus pares na indústria: seu trabalho consiste em atribuir finesse ao necessário, e não montar uma espécie de árvore de natal na qual, por detrás de tantos pisca-piscas e festões, já não se nota a presença de um cerne. Muito pelo contrário: a beleza dessa produção reside em sua concretude e sutileza. Já o lirismo da artista demonstra um refinamento da competência que já lhe era familiar. Logo na primeira faixa do compilado, \"The Gospel According To St. Maud\", vê-se sua capacidade de ser elusiva e clara na mesma dose, como se escrevesse no vidro do box do chuveiro para alguém que espia pela porta. Cada música a seguir da tracklist continua essa tendência, sendo que \"Private Eyes\" parece sintetizar bem o significado dessa experiência para a artista, em uma de suas estrofes: \"Se isso é um sonho, parece tão lúcido/O fruto do que ainda está por vir/Visões cristalinas, lentes de lavanda/Tudo isso não tem preço\". Entre paradas de retrospectiva e uma colaboração surpreendente com outra potência em composição, St. Maud dispõe de metáforas sinuosas que desaguam numa pungente honestidade. Mesmo debruçando-se sobre correntes fonográficas mais atuais, Maude não se deixa levar por completo no single \"Rumours\", o momento mais pop do álbum, no qual a cantora parece brincar com sarcasmo enquanto revisita um cenário desagradável para si: no fim, todo gênio tem uma cicatriz, e ela não tentou disfarçar as suas. Sim, Maud chorou, e se esse é o jardim regado por suas lágrimas, o furor de toda essa jornada deve lhe oferecer uma colheita recompensadora. Ao final, não fica claro se houve uma grande mudança de perspectiva sobre si mesma ou sobre as consequências de sua ascensão, e talvez nem seja isso que a estrela buscou no processo de Moonage Melancholy. À medida que amadurece St. Maud, não se permite definir por muitos ângulos, e seu triunfo reside justamente em fugir do óbvio sem escapar de si mesma. Para os que se banham em seu esplendor, assisti-la brilhar é suficiente, não se vê precisão alguma de definir os seus tons.

The Boston Globe

87

St. Maud é para muitos uma figura controversa, para outros nem tanto. A unanimidade é um ideal raro e precioso, frequentemente inatingível, mas podemos dizer que ele existe quando se trata do reconhecimento do talento da cantora. Seu novo álbum, “Moonage Melancholy”, o terceiro de uma lista de sucessos, representa uma (r)evolução em sua carreira. Esteticamente inspirado nas tendências setentistas e oitentistas, o projeto destaca uma persona mais introspectiva e diversa para o universo criado por Maud e seu catálogo. O álbum abre com \"The Gospel According to St. Maud\" com um tom reflexivo, soturno e poético. Uma ótima maneira de começar, diga-se de passagem. \"Crystal Vision\", \"Private Eyes\" e \"For Jane (Crushed Velvet and Smashed Dreams)\" apresentam, com muita maestria, a vulnerabilidade da cantora. É como ler um diário imaginário, em que todas as palavras estão codificadas nas mais belas metáforas. \"Save Me, New York City\" tem uma abordagem previsível para a temática, mas consegue capturar bem o sentimento de solidão e ânsia por viver. Nesse ponto do disco, em alguns momentos a cantora parece se apoiar muito em referências externas e alusões, deixando o conteúdo um tanto repetitivo, apesar do repertório rico. A criatividade de St. Maud brilha em “Mona Lisa Burning” e “Laughter In The Dark”, sendo dois destaques positivos do disco, mas o auge está em \"Broken Love Records\", com a participação de Hurrance Evans, que traz versos avassaladores performados pela intérprete de “Velvet Reveries” e que consagra a faixa como a melhor de todo o disco. \"Rumours\", o primeiro single da era, desaponta pela previsibilidade e pela letra que em muitos momentos soa piegas, fugindo um pouco de toda aquela maturidade apresentada no começo do disco. \"What They Call Romance\" e \"Are You Mine, Sweet Child?\" não conseguem se sustentar nessa sequência enfastiante. St. Maud não capta com segurança os sentimentos de obsessão e o extremo amoroso prometido nas faixas; nesse ponto, temos uma zona de conforto muito bem estabelecida. \"Grey Gardens\" fecha o álbum trazendo o requinte do início do disco, com um refrão espetacular e um cuidado muito grande nos detalhes dos versos ao redor. A parte visual não há falhas! É um encarte muito caprichado e rico, cada página é deslumbrante. Cada elemento nele apresentado é correto e cumpre um papel. “Moonage Melancholy” mostra um bom gosto invejável da parte da produtora. No entanto, em vários momentos do álbum, Maud se apoia excessivamente em referências externas, o que faz com que as ambientações soem confusas e, às vezes, pareçam mais um elemento poético mal-executado. Apesar de \"Moonage Melancholy\" ser uma obra rica e complexa, a dependência de alusões externas muitas vezes prejudica a coesão do trabalho, tornando algumas partes do álbum repetitivas e menos impactantes. E, conforme apontado nos primeiros parágrafos, a única certeza que temos sobre St. Maud, e talvez a única que devemos ter, é que seu talento é inquestionável. Talvez a terceira vez realmente seja um charme, pois aqui ela superou todos os seus trabalhos anteriores.

Rolling Stone

92

No seu retorno imediato a indústria, St. Maud lança o seu terceiro álbum de estúdio nomeado de “Moonage Melancholy” com cargo de compartilhar suas maiores aflições, lições e pensamentos em uma síntese de quem a cantora é atualmente. Em um compilado de 12 faixas, a abordagem ao universo melancólico de Maud se inicia \"The Gospel According to St. Maud”, onde tem como objetivo descrever a personalidade antiga e ambígua da cantora antes de iniciar o esboço do projeto como um todo. É uma faixa bastante introspectiva e bem construída, dando um tom interessante para a abertura do disco. \"Crystal Vision” é um grande destaque do álbum por simplesmente retratar as visões e percepções da artista a respeito de suas expectativas e experiências em tópicos como a maternidade. É uma canção emotiva e muito crua no sentido mais sublime da palavra. \"Private Eyes” é uma faixa sobre se entregar novamente ao sentimento de amor, sendo outro grande destaque no disco. \"For Jane (Crushed Velvet and Smashed Dreams)\" e \"Save Me, New York City\" são faixas que trazem a nostalgia como personagem principal, permeando novos horizontes dentro do mundo melancólico de Maud de maneira sútil mas concisa. \"Mona Lisa Burning” talvez seja a faixa mais desinteressante do disco, mesmo que sua premissa seja sobre a metafora de se estar pronta e finalmente livre para viver de forma mais real. É uma faixa ok. “Laughter In The Dark\" é responsável por apresentar o “lado b” do disco e tem seu papel muito bem endossado ao trazer seu conceito introspectivo a uma lírica poderosa e muito bem escrita, inaugurando essa nova fase da maneira brilhante. \"Broken Love Records” é uma parceria com a irreverente Hurrance Evans e aqui, é mais um grande exemplo de explosão feroz e sentimental dentro do LP, trazendo uma nova perspectiva e personalidade para a a narrativa até então abordada, sendo mais um destaque. “Rumours” é o lead single do projeto e cumpre muito bem o seu papel de apresentar a nova St. Maud para o mundo. É uma ótima faixa para o disco mas faria mais sentido talvez se tivesse sido posicionada mais no começo do projeto. “What They Call Romance” e “Are You Mine, Sweet Child?” são mais duas faixas muito bem escritas e que complementam a melancolia da artista de forma brilhante. Concluindo o disco, temos \"Grey Gardens”que aborda mais uma vez a artista reflexiva a respeito de suas decisões e suas experiências a respeito da vida e de sua carreira e, adota um tom um tanto quanto sentimental que é ótimo para o ponto final dessa narrativa. Na parte visual não temos um ponto extremamente inovador e diferente do que já foi visto na indústria, mas o seu conceito inspirado nos anos 70 e a utilização de cores é competente e cumprem com o seu objetivo. Ele é funcional e propício para a história que está sendo contada. Em sumo, “Moonage Melancholy” é uma ótima e grata adição a discografia da artista que possui dois pilares bem estabelecidos em seus respectivos espaços. Aqui Maud demonstra uma habilidade ainda mais aprimorada em contar suas histórias e experiências, mas dessa vez soando de maneira ainda mais emocionante e visceral.

Variety

90

Maud retorna com seu novo álbum \"Moonage Melancholy\" com a proposta de mostrar toda a melancolia interior que lhe molda, e como todas as suas experiências tanto amorosas quanto na vida moldaram seu estado mental atual. As canções funcionam entre si e abrangem temas diversos, mas que se conectam. O álbum começa tímido com \"The Gospel According to St. Maud\", onde a proposta parecia mais interessante dos os versos transpareceram. A música é pontual em seus versos, mas a sensação restante é que poderia ter sido melhor explorada. \"Crystal Vision\" mostra Maud conversando com o ouvinte acerca das suas experiências como mãe, e as diferenças em relação ao seu passado. A música é pura e genuína, e repassa bem todo o sentimento. \"Private Eyes\" é delicada, e mostra uma lírica sutil da artista enquanto abaixa a sua guarda para o amor. \"For Jane (Crushed Velvet and Smashed Dreams)\" reflete sobre suas decisões no passado, e como afetou a si mesma. A música serve como uma boa homenagem ao que já foi, e ao que está se tornando em uma letra cativante. \"Save Me, New York City\" é uma canção nostálgica, e funciona bem dentro do álbum. \"Mona Lisa Burning\" mostra uma versão da cantora mais livre e aberta ao mundo, e o seu refrão é a melhor parte da música; mas assim como a faixa de introdução, a sensação deixada no ar é que a canção poderia ter sido melhor explorada em seus versos. \"Laughter In The Dark\" dá início a segunda parte do álbum, e abre de forma magnífica. A música se destaca como a melhor música do LP até então, e mostra toda a melancolia de Maud na sua melhor etapa. A música tem versos bem elaborados, e seu pré refrão é excelente. \"Broken Love Records\" mostra as duas artistas procurando pela satisfação de sentir a essência do amor em si mesma, e não falham nesse quesito. Os versos são expressivos, e apesar de encaixar bem, a faixa conseguiria facilmente se sustentar em versão solo, por os versos de Maud conseguirem se sobressair na qualidade. \"Rumours\", música escolhida para o primeiro single do álbum, tem uma mudança drástica na narrativa do álbum. Por si só, a música carrega uma narrativa mais \"feroz\" em seus versos e destaca-se por isso. A qualidade da música é notável, mas o seu segundo verso acaba dando uma leve decaída em relação ao restante da música. Na reta final do álbum, \"Are You Mine, Sweet Child?\"se destaca como uma das melhores músicas do álbum. A narrativa é diferente, e consegue se manter interessante do começo ao fim pela sua atmosfera mais sombria, e também empolga com seus versos complexos; o refrão é a parte mais alta da música. \"Grey Gardens\" finaliza o álbum com uma reflexão de Maud acerca das decisões de vida, e de como as mudanças lhe afetam, além de relembrar situações do seu passado. A música é concreta, e finaliza o álbum da melhor forma possível. Seu visual não tem um fator X que seja impressionante, mas Maud sobre usar a simplicidade visual ao seu favor. O visual do álbum funciona, e passa uma atmosfera mais neutra, calma e agradável, que é tudo que o \"Moonage Melancholy\" precisava visualmente. No geral, Maud entregou um álbum que é recheado de composições pessoais que demonstram o seu melhor lado em seus momentos mais profundos e dolorosos, e também mostram que a artista está com o coração cheio de amor, mesmo que em seus momentos mais melancólicos; e a sua habilidade de demonstrar isso ao ouvinte de forma tão clara e pura lhe destaca como compositora e artista.

All Music

86

\"Moonage Melancholy\", o terceiro álbum de estúdio de St. Maud, representa uma evolução significativa na carreira da artista, marcada por uma mudança em direção a um som inspirado pelo soft-pop e rock das décadas de 1970 e 1980. Este projeto não apenas destaca a maturidade artística de Maud, mas também sua capacidade de introspecção e inovação. Trazendo uma diversidade de influências e uma profundidade sonora ao álbum, permite que Maud explorasse plenamente suas inspirações musicais e temáticas. A participação de Hurrance Evans adiciona uma camada adicional de complexidade e colaboração ao projeto. Conceitualmente, \"Moonage Melancholy\" é uma exploração contemplativa de autoconhecimento, relacionamentos e sentimentos, refletindo uma maturidade emocional que contrasta com a abordagem mais agressiva de trabalhos anteriores como \"NOIRMUSIC\" e \"Winter in Mercury\". As faixas são ricas em narrativas pessoais e emotivas, ancoradas nas experiências de vida de Maud em cidades culturalmente vibrantes como Nova York, Londres e Paris. A abertura com \"The Gospel According to St. Maud\" estabelece um tom reflexivo, onde a artista confronta suas críticas passadas e sua evolução pessoal. \"Crystal Vision\" e \"Private Eyes\" oferecem vislumbres íntimos de sua vida familiar e amorosa, destacando a vulnerabilidade e a honestidade que permeiam o álbum. \"For Jane (Crushed Velvet and Smashed Dreams)\" é um adeus melancólico a uma parte de seu passado, enquanto \"Save Me, New York City\" captura a dualidade de solidão e inspiração que a cidade proporciona. Faixas como \"Mona Lisa Burning\" e \"Laughter in the Dark\" destacam a habilidade de Maud em criar metáforas poderosas e explorar temas de colapso emocional e autoaceitação. \"Broken Love Records\", com a participação de Hurrance Evans, oferece uma perspectiva sincera sobre relações passadas e a importância da autovalorização. O álbum também apresenta momentos de experimentação com \"Rumours\", uma canção com influências do rock, e \"What They Call Romance\" e \"Are You Mine, Sweet Child?\", que exploram temas de obsessão e possessão amorosa de forma intensa e dramática. \"Grey Gardens\" fecha o álbum com uma reflexão sobre a impermanência e a passagem do tempo, inspirada pelo documentário de mesmo nome, trazendo uma profundidade emocional ao trabalho. \"Moonage Melancholy\" é um álbum que combina introspecção e nostalgia com uma produção sofisticada, oferecendo uma jornada sonora rica e complexa. St. Maud mostra-se não apenas como uma artista versátil, mas também como uma contadora de histórias habilidosa, capaz de transformar suas experiências pessoais em arte universalmente ressonante.

American Songwriter

83

Lançado em 23 de maio de 2024, \"Moonage Melancholy\" marca um importante ponto de virada na carreira da cantora e compositora St. Maud. Este é seu terceiro álbum de estúdio e o primeiro a ser lançado de forma independente, com distribuição da Polydor UK globalmente. O álbum é uma fusão ambiciosa de soft-pop e rock dos anos 1970 e 1980, que reflete uma nova direção artística para Maud, que anteriormente apenas flertava com esses gêneros. Maud extraiu inspiração de cidades como Nova York, Londres e Paris, onde passou um período significativo após anunciar uma aposentadoria que se transformou em uma longa pausa. Essas influências urbanas são palpáveis ao longo do álbum, imbuindo as faixas com uma sensação de melancolia metropolitana e introspecção. \"Rumours\" o primeiro single do álbum é uma faixa de rock vibrante e crítica, que aborda a dicotomia entre a vida pessoal e profissional de Maud. Com um refrão cativante e um toque de rock italiano dos anos 70, é uma das faixas mais dinâmicas do álbum. A faixa de abertura \"The Gospel According to St. Maud\" é uma reflexão autoconsciente sobre a trajetória de Maud na indústria musical. Com uma letra introspectiva e um som que evoca a grandeza do rock clássico, ela estabelece o tom pessoal e confessional do álbum. Em \"Crystal Vision\" cançao que Maud dedicada aos filhos, é uma peça emocionalmente carregada sobre a maternidade e a transformação pessoal. Sendo uma faixa suave e melódica que contrasta com a profundidade lírica, criando uma balada cativante e sincera. Na faixa \"Broken Love Records\" com Hurrance Evans trazem uma mensagem sincera e pungente que aborda a complexidade das relações amorosas e a comunicação através da música. A letra reflete sobre um relacionamento passado e a dificuldade de se comunicar fora das canções. A presença de Hurrance Evans adiciona uma camada extra de emoção e autenticidade, que destaca a sensibilidade lírica e a harmonia entre as artistas. A faixa é um destaque emocional do álbum, explorando a vulnerabilidade e a força na reconexão pessoal. Explorando o tema do amor obcecado em \"What They Call Romance\", traz uma narrativa intensa e sombria. A letra descreve um amor possessivo e manipulador, criando uma história envolvente e dramática. A faixa destaca o talento de Maud para criar histórias complexas e evocativas, explorando os extremos das emoções humanas. Inspirada no documentário homônimo, esta canção reflete sobre a impermanência e a passagem do tempo. A letra aborda a transição de uma infância feliz para a complexidade da vida adulta, usando a história de \"Grey Gardens\" como uma metáfora para a decadência e a mudança inevitável. A produção melancólica e a narrativa introspectiva criam uma conclusão apropriada e contemplativa para o álbum. \"Moonage Melancholy\" é uma obra-prima que marca uma evolução significativa na carreira de St. Maud. O álbum demonstra sua habilidade em mesclar introspecção pessoal com produção musical sofisticada, resultando em um corpo de trabalho coeso e emocionante. Cada faixa oferece uma visão única da mente e do coração da artista, criando uma experiência rica e envolvente. A produção visual impecável e as colaborações contribuem para fazer deste um dos álbuns mais notáveis do ano, reafirmando Maud como uma das maiores artista de sua geração.

The Line Of Best Fit

80

Fazendo seu grande retorno, a cantora St. Maud lança seu terceiro álbum estúdio intitulado \"Monnage Melancholy\". O álbum narra a experiência da cantora na sua vinda à Nova York, Londres e Paris, após um breve hiatus, onde fez descobertas íntimas, temores e reflexões sobre a vida. Dividido em dois atos, o primeiro se inicia com \"The Gospel According to St. Maud\", demostra um certo desabafo sobre uma curiosa manchete de revista que a resumiu em temas como fama, dinheiro e luxo; A cantora se aprofunda em metáforas que se resumem em não colocá-la em uma caixa; Em alguns versos, a cantora aponta um jogo mental, mas que não tem fim e faz uma menção à \"Mary Boone\", que pode ser vincular à alguma experiência pessoal, que não há como adentrá-la; Em sua ponte, a cantora referencia a imagem de uma criança em busca da saída desse jogo mental, mas logo em seguida cita \"evangelho de acordo com essa minha pequena e estúpida mente\", que não fica tão claro, podendo significar que essa busca é inútil, inocente, ou uma tentativa de arrependimento do passado, não fica claro. Em uma bela e, ao mesmo, triste canção sobre maternidade, \"Crystal Vision\", Maud se sentiu perdida, pressionada e com falta de confiança, mas após os filhos, foi como um remédio para os seus conflitos pessoais; A canção é muito bem construído e é um destaque lírico. \"Private Eyes\", uma homenagem ao seu relacionamento com Aster, em sua primeira parte é direta, romântica e excessivamente emocional, no entanto, mais adiante, parece perdida em suas expressões, ao sugerir que um bom amante implica em uma ideia imatura e logo em seguida retratando chuvas e céus escuros com uma atmosfera sombria e melancólica, que pode significar uma tristeza; Indo em conflito com o que estava sendo expressado radiantemente anteriormente, uma mudança bem significava na estrutura, até na forma de escrita. \"For Jane (Crushed Velvet and Smashed Dreams)\" há uma despedida sua antiga personalidade, de certa forma honrada, todavia, em uma canção que soa mais como um ressentimento sobre o que se tornou não ser o que imaginaria; Seus versos são sobre expectativas inalcançáveis, sonhos destruídos, caminhos não seguidos e pensamentos distorcidos ao longo dos anos; Maud se livra de Jane, mas a honrando por sua companhia? Não trasnaparece, visto que a cantora soa como desprotegida em todos os seus versos. \"Save Me, New York City\", aqui, faz-se uma história nostálgica, momentos que não voltam mais em Nova Iorque; Há um brilho, uma experiência mais sagaz, jovial e sensual, que retrata como Maud era em Nova York e que não será mais em nenhum outro lugar. Ela precisa dessa vida novamente? Ela diz que sim. Seguindo \"Mona Lisa Burning\", a cantora a resume como uma canção clássica de rock cheia de metáforas que expressam o caos em sua mente, no entanto, a canção possui uma linguagem fácil e em grande parte do sua escrita, traz o contexto da pintura Mona Lisa e em seus casos de ataques de ácido que ocorreu com a pintura tão popular, trazendo essa linha de pensamento de sobreviver em meio à chamas; Nos versos seguintes, há metáforas que não expressam essa mente caótica e uma citação de Wargol e seu fantasma, vagamente, que poderia significar uma ilusão; Caótica? Existe uma tentativa, mas falha. Adentrando ao segundo ato, inicia-se com \"Laughter In The Dark\", após uma parte totalmente aprofundada na melancolia, aqui há uma pequena quebra e um sentimento de reconhecimento, superação e evolução mental, ainda não totalmente de certeza, mas uma vontade de preferir estar sozinha, que admitir responsabilidades. Em colaboração com a fantástica artista Hurrance Evans, Maud desabafa sobre o fim do seu relacionamento com o seu ex-marido em \"Broken Love Records\" e traz Hurrance pra complementar com sua voz, o que soou um pouco estranho trazer um outro artista pra contar uma experiência tão pessoal e que, em seus versos, canta como se fosse sua história; Hurrance não tem culpa, acredita-se que Maud apenas queria colaborar com a cantora, o que poderia ter sido uma canção que ambas compartilhassem do mesmo sentimento, soando assim mais honesto. O carro-chefe \"Rumours\", que ao contrário de \"Laughter in the Dark\", há um retrocesso de adaptação de uma nova maud e estabilidade mental; Aqui a cantora está ácida como antes descrevia ser, então, o que mudou? A faixa é confusa com o que vinha sendo contado no disco, e mais estranha ainda por ter sido a grande introdução, carro-chefe do projeto. Todavia, em \"What They Call Romance\", em uma caminho totalmente diferente da canção anterior, Maud soa como uma adolescente apaixonada em uma canção doce implorando por carinho. Ao contrário de \"Are You Mine, Sweet Child?\", que soa como uma adulta obcecada por algo mais submisso, porém, ressoa mais como uma canção sombria, com seus versos metafóricos, que eróticos em sí. Retornando ao seu estado melancólico, Maud brilha ao tratar sobre ser mãe e é o que acontece em \"Grey Gardens\", onde a cantora se aprofunda em pensamentos e anseios de como será o futuro dos seus filhos e o medo deles passaram pelo o que ela passou que, pra ela, é quase uma certeza; É o grande destaque lírico do disco e um grande fechamento. O visual, assinados pela própria cantora e Tammy, traz uma textura vintage, bem organizada e chique; Traduz uma melancolia, mas ao mesmo tempo, também, traz um pouco aspecto de estabilidade, não transparecendo as variedades de emoções que o álbum traz em sua lírica, porém, não impacta de suas páginas. Por fim, \"Moonage Melancholy\" tem grandes acertos e alguns erros, que não são propositais, mas que podem expressar uma falta de atenção. Em seu prologo, a cantora retrata o disco como canções escritas em sua aposentadoria e traz como inspiração as cidades de Nova York, Londres e Paris, faixas que viveu durante esse tempo. No entanto, há algumas canções do álbum que a cantora diz já possuir em rascunho bem antes desse acontecimento, algumas integradas por fazer sentido, outras complementadas, onde há uma incongruência sobre o conceito lírico do projeto, foi ou não foi feito durante esse tempo descrito? Há também passagens da cantora e citações de outras cidades que vão muito mais além das citadas, como Brooklyn e New Orleans, onde demostra mais pontos de inspirações além das mencionadas. \"Moonage Melancholy\" tem sua essência melancólica, a busca da Maud em expressar solidão, saudades, amor, arrependimento, não arrependimentos, às vezes, em sentidos literais e, em outras vezes, em sentidos mais exageradamente metafóricos, onde em algumas faixas a cantora parece estar tentar criar frases que soam bonitas, mas não significam muita coisa. Pode-se dizer que seu primeiro ato é mais refinado e bonito, enquanto o seu segundo carece de uma organização e atenção maior. St. Maud trabalha bem liricamente e visualmente, mesmo excedendo limites desnecessários e um pouco de desvio de atenção, mas nada que interrompa seu status na indústria como uma artista brilhante.

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