BOMBSHELL - Penelope
The Line Of Best Fit
Após o sucesso gigantesco dos singles que o antecederam, Penelope lançou “BOMBSHELL” — seu segundo álbum de estúdio. Um projeto focado em mostrar o alter-ego e personagem “Charmy”, ele começa em “Charmytopia”. E bem… essa canção é muito bem conceitualizada e composta, mas a diferença entre o primeiro e segundo verso (na questão de qualidade) é bem visível, algo que complica de certo modo a experiência do ouvinte. Mas a sua intenção funciona aqui. “Blonde Ambition” é uma faixa muito bem colocada aqui, e é empírico citar a qualidade da letra. Jade X, Naomi e Sarah Mai conseguem entrar em perfeita sintonia, uma com cada perspectiva e modo de externalizar seu pensamento… e isso faz a canção ser excelente. “Mr. President” narra a paixão de interesses entre Charmy e um homem poderoso. Num geral, é uma canção que se finca num sentido de certa descontração no disco, mas isso a torna poderosa pela sua forma inteligente de encaixar peça por peça a imagem transparecida e vivida. “Money, Power and a Body-Hugging Dress” é um retrocesso no disco. Infelizmente ela soa básica e não consegue ser tão boa quanto o conceito que a carrega. É clichê de propósito, mas o nível acaba sendo um pouco… demais. É uma faixa dispensável. “Scandal” é bem poderosa e sabe condicionar todos esses sonhos de Charmy ao trazer isso concretizado. A composição por vezes parece um pouco caricata ou previsível, mas num geral sabe manter sua premissa no projeto e é um momento bem interessante do disco. “Call Me Charmy” é necessária e um verdadeiro “Pop Perfection”. A letra é muito bem composta, sem extensões desnecessárias ou quaisquer lacunas. Mostrando Charmy cada vez mais ambiciosa, é muito claro que a sua intenção com a faixa foi atingida em cheio. “Successful” acaba sendo extensa demais, o que afeta a sua posição no disco. Ao contrário da faixa anterior, ela acaba dizendo muita coisa que parece desnecessária para tudo que a faixa constrói. Por mais que seja bem vital para desenvolver a imagem de Charmy, a mensagem poderia ter sido mais polida. “Charged with Rage” é forte e uma surpresa pela sonoridade, principalmente com o conteúdo lírico bem agressivo. É uma canção que facilmente poderia ter dado errado dada a construção do disco no que se diz respeito a sua intencionalidade, mas acabamos recebendo uma composição forte e memorável. “God Complex” é mais mediana; tem seus momentos altos (versos) e os médios-baixos (refrão). Claramente é uma canção que poderia ter uma mudança na sua síntese de ideias, mas no final cumpre o seu papel na tracklist. “Broken Utopia (Interlude)” segue “Spotlight” e essa sequência é muito bem feita. “Spotlight” reúne Ashford e Profound para mostrar o lado tóxico da fama e todas as suas discussões. Os pontos que os três atribuem à canção se unem facilmente, assim sendo uma canção que se destaca tanto pela sua intenção, tanto pelo conceito e tanto pela qualidade lírica. “Desperate” narra literalmente um momento de desespero; Penelope está sendo usada, e isso a atordoa intensamente a níveis dolorosos. É uma canção que segue a maioria do seu percurso bem. Mas possui alguns deslizes (como no terceiro verso) que são perceptíveis. “Meaning of Fame” é muito bonita e compõe um lado mais amoroso no disco. Não é tão diferente de canções de amor num geral, mas é uma faixa bem notável pela descrição bem feita pela artista. É uma boa adição. “Better By Myself” finaliza o disco muito bem, com uma mensagem de autocuidado e de buscar o amor em si mesma. O amor, a felicidade e a realização. A composição contém deslizes em momentos, mas no saldo final é muito boa. O visual, produzido por Penelope, é muito bem feito e segue Charmy com uma excelente fidelidade. Algumas fotos possuem recortes mais agressivos, mas a maioria é muito bem colocada e bem masterizada. Então, “BOMBSHELL” é um disco que, num geral, se mantém muito bem no seu conceito e intenção, mas alguns deslizes pouco difíceis de serem regulados o fariam uma masterpiece em sua totalidade.
TIME
“BOMBSHELL” é o segundo álbum oficial da cantora e compositora Penelope. Descrito como uma imersão no alterego da cantora, intitulado Charmy, em sua busca incessante pela fama e as consequências, positivas e negativas, de sua obsessão pelos holofotes, o projeto já chama a atenção inicial pelos visuais, produzidos pela própria artista e que reforçam o conceito a todo momento, tendo uma fotografia iluminada ao extremo, mas em doses ideais, e que também parece ter sido escolhida a dedo para representar o máximo do vislumbre na fama descrita. A experiência lírica se inicia com “CHARMYTOPIA”, estilizado em letras maiúsculas, e que representa a primeira imersão do público na história ao apresentar uma cidade (nem tão) fictícia onde Charmy, a personagem vivida por Penelope dentro do álbum, se deslumbra com a vaidade, o brilho e as possibilidades. As obscuridades da cidade fictícia não são escondidas, mas ela parece disposta a imergir nisso mesmo assim. “Blonde Ambition” é a segunda faixa do projeto; em parceria com Naomi, Jade X e Sarah Mai, Penelope enfatiza seu desejo de ser uma mulher famosa por seus trabalhos, enquanto as artistas convidadas, cada uma à sua maneira, tentam avisá-la dos efeitos negativos que tal ambição, vista por ela como positiva, pode causar em sua vida. É uma faixa que transmite sua mensagem de forma mais bem-sucedida que a anterior em seu conceito. Em “Mr. President”, o eu lírico admite que adentrou em uma relação com um homem poderoso da indústria (aqui apelidado de presidente para reafirmar sua posição de poder) pelo interesse que ela tem enquanto alpinista social; é uma faixa forte a partir do segundo verso, mas que poderia ter sido melhorada com uma introdução igualmente impactante. “Money, Power and a Body-Hugging Dress” expande os sonhos da cantora em atingir o topo do estrelato; liricamente, a faixa tenta ser mais específica para cumprir essa expansão com sucesso, mas sendo uma canção vinda logo após “Mr. President”, acaba perdendo um pouco de sua força dentro da narrativa pelo tema já explorado de formas mais incisivas. Na canção número 5, “Scandal”, Penelope se junta a Kadu e HuaN para discutir modos verbais de combater os escândalos impostos pela mídia sobre os artistas durante seus processos de ascensão à fama; aqui, a lírica perde mais ainda o fator incisivo visto em momentos anteriores, e tanto a artista principal quanto seus convidados caem em clichês relativamente superficiais que apenas soam acidentalmente arrogantes em vez de oferecerem um insight dentro de como eles realmente se sentem quanto ao que está acontecendo. “Call Me Charmy”, faixa seguinte da tracklist, foca em como a cantora quer ser referida exclusivamente pelo apelido que tinha em mente desde que iniciou seu plano de alpinismo midiático. Por sua lírica por vezes redundante, tem-se uma noção de que as ideias se esgotaram rapidamente no desenvolvimento dessa faixa, salva pelos vocais pegajosos da estrela. “Successful”, por sua vez, tem o peso de ter sido o primeiro single da era “BOMBSHELL”; liricamente, a faixa recupera o fôlego perdido algumas músicas atrás e traz Penelope em sua forma mais descritiva do porquê sua carreira está sendo bem-sucedida e como ela mantém sua popularidade, trazendo uma imersão igualmente bem feita. Em “Charged With Rage”, a personagem de Charmy parece direcionar sua recém-descoberta raiva a um parceiro infiel, que poderia ser algum romance passado ou até mesmo alguma inimizade dentro da indústria onde a artista se tornou conhecida; aqui, a letra assume um tom diferente das anteriores, um tom bem-vindo por revelar uma faceta menos ambiciosa e mais agressiva. “God Complex” usa uma narrativa em terceira pessoa para descrever o excesso de egocentrismo de Penelope/Charmy; mesmo com a proposta de ser uma faixa mais autocrítica e com uma das estruturas mais bem polidas do álbum, o controle da artista por trás ainda se faz presente por meio do tom de superioridade que o narrador-observador projeta sobre a protagonista e isso desperdiça o potencial de sua intenção. A faixa número 10, “Broken Utopia (Interlude)”, por mais que possua apenas uma única estrofe, consegue ser mais reveladora do que “God Complex”, sua antecessora, no modo como Penelope admite que sabe que seu império está prestes a desmoronar, mas não quer assumir a culpa e se torna obcecada em procurar fatores externos que justifiquem isso; o nível de autoconsciência eleva a pequena canção a um ponto interessante na história. Em “Spotlight”, a última das colaborações do CD, Penelope une forças a Ashford e Profound, que entregam os versos mais afiados da canção na busca por explicações para a ascensão e queda das grandes estrelas do showbiz como eles mesmos; o sentimento desta canção soa mais genuíno enquanto Charmy vê sua parcela na demolição da cultura onde ela mesma quis se colocar. “Desperate”, por sua vez, mostra Penelope questionando detalhes sobre todo o universo da indústria citada na canção anterior; aqui, ela se pergunta o quanto do que viveu era algo genuíno e o quanto foi apenas produto do desespero de si mesma e do ambiente onde estava envolta para ascender ao topo da forma mais rápida e dominante que fosse possível naquele momento. A faixa derrapa em alguns momentos, como no verso 3, mas num geral é sólida o suficiente para marcar o ouvinte em sua reflexão. Na penúltima faixa do projeto, “Meaning of Fame”, a cantora explora um lado mais romântico ao se endereçar para um antigo relacionamento que chegou ao fim em meio a todas as suas tentativas de deixar seu nome na história de Charmytopia; a letra é mais um ponto positivo na parte final do disco ao mostrar a cantora praticamente em uma batalha contra seu próprio ego ao admitir o quanto se deixou ser levada pela fama a ponto de perder a pessoa que poderia ter sido o amor da sua vida. “Better by Myself” encerra a tracklist com uma estrutura lírica mais abstrata do que as demais; Penelope parece voltar aos seus sentidos e entender que precisa se cuidar antes de tudo o que viveu ao longo da jornada aqui retratada, e apesar das letras não serem tão profundas como poderiam ser, ainda é uma nota intrigante de se ouvir. Avaliando em retrospecto a obra em sua forma mais pura, para além do impacto comercial e de premiações que teve pelo contexto em que foi lançado, “BOMBSHELL” é um típico álbum pop: possui seu melhor funcionamento em faixas mais intimistas, peca em momentos onde tenta se aventurar em assuntos de forma incompleta e a junção de tudo isso acaba por ser um disco movido a altos e baixos, com uma primeira parte promissora, uma segunda parte que derruba seu potencial narrativo e uma parte final que tenta se redimir ao juntar tudo o que funcionou anteriormente. Penelope construiu uma carreira sólida em cima de um conceito que poderia ter terminado de forma mais trágica, mas seu nome se sobressaiu aos defeitos encontrados no percurso.
All Music
Após uma sequência de smash hits, Penelope nos traz seu segundo álbum de estúdio intitulado BOMBSHELL. A medida que observamos o desenrolar da Era com seus singles que precederam esse projeto, já temos uma noção do que podemos encontrar em um álbum cheio de conotações a mídia, fama e o estrelato. Um conceito perigoso, que pode oscilar entre um conjunto de faixas genéricas ou um grande conceito que se aproveita disso ao seu favor. Introduzindo o álbum com \"Charmytopia\", temos de forma um tanto diferente de iniciar o compilado, apesar de contar sobre os seus anseios ou estimativas acerca da fama e do poder que isso traz consigo, não encontramos motivos para essa canção ser atrativa de forma inicial, como faixa de abertura ela deveria ser mais robusta e a esse ponto de vista nos parece satírica demais ou um tanto genérica liricamente, mesmo que talvez esse tenha sido o intuito. Prosseguindo pelas faixas a frente, entre \"Blonde Ambition\" até \"Sucessfull\", temos um conjunto interessante, que barganha com uma tonalidade mais sarcástica e aterradora acerca da busca pela fama e como o eu lirico constrói isso. Apesar do que se espera, as canções que estão nesse meio tempo não se repetem ou caem na mesma caixa temática, isso é um ponto positivo, conseguir fixar o enredo norteador com as diversas ramificações que o compõem. Enquanto as mais comerciais ou simples, por assim dizer, ficaram no inicio da tracklist, as últimas 4 faixa são realmente a jóia da coroa. Tendo uma vibe mais diferente e ainda assim presente dentro do conceito principal, vemos as reflexões da cantora acerca da fama e dos males que ela traz, \"Spotlight\" com versos mais assertivos com dois nomes reconhecidos na indústria trazem a tona de forma geral, enquanto \"Meaning Of Fame\" a referencia e ao mesmo tempo faz uma reflexão acerca da sua percepção individual em \"The spotlights have turned off, it\'s late, but I can already see\". A maneira como o álbum se encerra talvez tenha tido o mesmo problema da forma como ele se inicia, apesar de reforçar em seus versos que o eu lírico reconhece que não precisa de muito do que a fama lhe proporcionou após grandes reviravoltas, ela soa um pouco amena e não determina um ponto final a narrativa, talvez outra faixa, dentre as quatro finais, teria sido melhor para uma coesão mais concisa. Os visuais são de fato um colírio aos olhos, de forma polida, simples e coerente, em tons quentes e com holofotes resplandecendo em todo o encarte, Penelope conseguiu nos trazer uma fotografia ímpar e uma versão mais soft, provando que não necessita de muito para inferir um booklet limpo e de qualidade. Por fim, Penelope nos agrada com grandes pontos positivos, apesar de errar no inicio e no fim de toda uma saga, a viagem que ela nos proporcionou no percorrer valeu a pena e a coloca como uma das grandes eras de seu gênero.
Pitchfork
Bombshell é o segundo álbum de studio de Penélope. O álbum já é um sucesso comercial estrondoso, além da previsão de debutar no todo do charts de álbuns, o álbum já coleciona 2 singles no topo da HOT100. O álbum traz a essência do pop mais puro com letras caricatas que falam sobre ambição, desejo de fama e sobre tudo que acontece quando se alcança a fama. A produção e visual estão impecáveis, contam com elementos que te dão vontade de morar dentro do disco, o visual da faixa Mr. President é estupidamente glamuroso para combinar com a faixa que é uma das melhores do álbum. O álbum conta a história gradual de uma personagem ambiciosa que quer ser uma estrela, a história tem várias fase desde a luta para alcançar seu sonho, o alcance da fama e a sua queda. O álbum começa com uma faixa doce e chiclete, “Chamytopia” é um grande acerto para abrir o álbum, a faixa traz a essência de uma boa faixa pop que combina com a atmosfera do álbum. As letras do álbum são construídas de forma simples, fazendo quem ouvi-lo entender a história que está sendo contada de forma clara e coesa. O álbum se divide em duas partes, antes da interlude e depois da interlude. O álbum antes da maravilhosa interlude “Bronken Utopia”, que é um presságio de tudo de ruim que iria acontecer com a artista, é mais caricato e com letras mais leves e divertidas. Já depois da interlude o álbum fica ainda mais sensacional, saímos de uma atmosfera caricata e glamurosa para letras que são mais séries e com críticas mais severas, trazendo todo o sentimento pesado da perda de fama, de pessoas e sonhos que esse final de álbum quer passar, essa parte foi definitiva para o álbum de tornar grandioso. O álbum todo merece destaque, são faixas que se ligam e contam cada ciclo dessa história, mas tem faixas que se destacam, como em qualquer trabalho, e por incrível que pareça se o álbum fosse um EP com essas faixas eles contariam a mesma história de uma forma maravilhosa, só que resumida, as faixas são: Mr. President, já single oficial do álbum e certificado de ouro WW, traz uma letra forte e atraente que retrata como muitos artistas chegam ao sucesso, usando outras pessoas mais influentes. A canção é uma confissão, ela conta ao seu “companheiro” que ela nunca passou de um objeto, esse objeto que faria dela uma grande estrela. Joga na cara dele que não se arrepende e pede para o seu “amado” supera-la. Essa música nos mostra um lado mais cruel e honesto da artista. Successful, single tmb do álbum e #1 na HOT100 WW, nos descreve como a artista conseguiu seu auge, ela fala abertamente que fez de tudo, sem pensar em qualquer consequência para alcançar seu ápice. A música é incontestavelmente bem escrita e com versos arrogantes de uma popstar que tem ocupa o topo. God Complex, a canção fala sobre o que o sucesso tornou a artista em questão, em uma pessoa extremante arrogante e com um ar de superioridade, mas que mesmo ela começando a cair, não sai desse altar que ela própria criou pra ela. Logo na intro temos esse verso que resume o que a artista vive nessa momento “Ela age com um complexo de Deus, como se ninguém percebesse”. A música também fala sobre ela própria e seu jeito acabarem prejudicando ela na sua carreira, no pré refrão temos o verso “E talvez o ditado esteja certo / O peixe realmente morre pela boca / Quem poderia dizer que seria tão efêmero?”. Essa música tem uma crítica muito pertinente no meio artístico, onde as pessoas no meio do caminho acabam esquecendo a humildade em algum lugar. Spotligth, primeira faixa depois da interlude, Penélope com a ajuda de Ashford e Profound contam como a personagem dessa fascinante história tentou não ser esquecida e cair no ostracismo e como ela lidou com tudo isso. A letra é bem entrelaçada, e mesmo sendo contada por 3 pessoas não se perdeu em momento nenhum, fazendo a música ser um grande destaque desse projeto. Meaning of fame é uma faixa extremamente linda e melancólica, uma carta de amor para o seu amado, o amado que foi deixado de lado pela ambição de fama e que decidiu seguir em frente. “ E talvez esse seja o verdadeiro significado da fama / deixar pessoas sem situações opostas até que se sinta culpado.”, esse começo do refrão da canção, resume como a personagem se sente depois de ter percebido todas as escolhas erradas feitas por ela nesse caminho traiçoeiro da fama. A letra expressa todo o sentimento de arrependimento que Penélope canta, ela preferiu 15 minutos de fama a uma vida toda com o seu grande amado. O Bombshell é um álbum redondo e com uma história de tirar o fôlego, ouvi-lo não é cansativo, cada canção que chega é um sentimento diferente e verdadeiro. Penélope tem um grande problema depois desse álbum, supera-lo.
Variety
Não seria exagero algum dizer que Penelope é uma das grandes musas da cultura popular. Dona de números expressivos, uma carreira consolidada como cantora e produtora e recordes por dias, seu segundo álbum de estúdio “Bombshell” era um projeto aguardadíssimo. Tudo começa com “Charmytopia”, um lugar onde tudo é enrolado a plástico cor de rosa, e o alter ego Charmy é a mártir. De fato a introdução tem um peso, tem um conceito interessantíssimo e poucas vezes explorado, mas se perde em alguns ganchos repetitivos. Talvez a cantora pudesse ter feito de sua metrópole um verdadeiro símbolo de sua jornada, abusando de metáforas ricas e douradas para sua composição, mas aqui, a artista começa morna. “Blonde Ambition” faz uma referência clara à Madonna já em seu título, e aqui, a artista também poderia saudar todas as grandes \'blonde bombshells\' que inebriam a aura do disco. Referências da Old Hollywood, o brilhantismo de estrelas da cultura pop, quem sabe? Infelizmente, aqui, a artista também mantém uma linha muito similar. Há pouca ousadia. Jade X entrega boas palavras, Naomi apenas parece seguir o fluxo, enquanto Sarah Mai evoca uma espécie de fada madrinha, ditando à guiada palavras provocativas e sedutoras. O que a dona de “Everlasting” faz aqui poderia funcionar muito bem como base da canção, inclusive. “Mr. President” é cheia de energia e tem mais consistência que as anteriores. Aqui, a amante número um do homem mais poderoso da América é a dona da história e consegue retornar à narrativa para seu lado. Só de pensar que esta canção quase ficou de fora do álbum é alarmante, pois aqui, de fato, a cantora dá um show e se mostra dona de seu próprio conto fantástico. “Money, Power and a Body-Hugging Dress” também traz um ótimo e refrescante momento. O que a artista propõe na quarta canção de seu álbum é uma experiência opulenta sobre seus desejos e um lado mais íntimo da sua fama. Não seria difícil pensar na canção até mesmo como a primeira da lista de faixas, pois, sinceramente, a reflexão e propósito que a diva explicita aqui é muito mais contundente e precisa que as faixas iniciais. “Scandal”, a canção mais bem sucedida da história, se apropria da mídia e de seus efeitos. Ácida mas em dosagens pequenas, a artista se deixa levar pelo clichê. HuaN e Kadu, os convidados especiais, não deixam a desejar. É quase inevitável não pensar no uso de ‘jabá’ da composição, que já ficou icônico mas num sentido irônico. “Call Me Charmy” significa uma indulgência quase real em chamá-la por sua nova identidade. Vossa Majestade, Vossa Alteza, todos esses pronomes de tratamento podem equivaler ao magnetismo de Charmy. Sua composição tem bons momentos, e mesmo seguindo uma linha que nos lembra mais uma vez do que estamos ouvindo, traz um certo frescor. Talvez quem torcia o nariz para “Successful” há quase um ano atrás possa ouvir a canção com o coração e ouvidos abertos. Nada mudou para alguns, mas todos podemos confirmar que o carro-chefe do álbum faz muito mais sentido em sua lista de faixas. Aqui, o signature hit de Penelope (mesmo com ‘Scandal’ sendo bem mais sucedida, nós sabemos onde tudo isso nasceu) nos mostra ao que Penelope - ou melhor, Charmy - veio ao mundo. Uma boa amostra do que a artista é capaz de fazer. Chegamos ao lado B do disco com a verdadeiramente ácida “Charged with Rage”. Penelope não poupa o que sente em uma de suas mais sinceras canções até o momento. Ela poderia escrever uma carta, mas como o seu destinatário, uma canção de indireta funciona melhor. Abre bem a segunda metade do álbum e mostra uma Charmy compenetrada não só em ser sincera com o inimigo; ela quer uma sublime aniquilação. Mas isso fica mais nítido em “God Complex”, onde ela tem sede de sangue ao denunciar uma mulher insana o suficiente para forjar seu próprio trono em mentiras. Ela não quer ser sutil nas palavras, e mostra mais uma vez que a facada de volta sempre é a mais dolorosa. “Broken Utopia” tem um ar frio em meio às cordas furiosas de uma orquestra. A interlude deflagra Charmy vendo seu sonho mais perfeito, como uma conquista na parede, desvanecer com o despertar da realidade. “Spotlight” reúne Ashford e Profound em um momento catártico. O acordar da canção anterior aqui deixa o ambiente menos acolhedor, mostrando o fundo do poço que a fama pode revelar. A composição aqui foi trabalhada para este efeito, e consegue provocar a reação desejada com maestria. Os artistas convidados trabalham com Penelope compromissados em fazer desta a canção mais densa e majestosa de “Bombshell”, e enfim, conseguem. Em “Desperate”, a confissão chega ainda mais pesada como uma arma apontada aos que regularmente querem um pedaço de Charmy, ou melhor, de Penelope. O desespero apontado diz muito mais sobre as pessoas que julgam do que o julgado, e disso a artista sabe muito bem. Algumas pessoas constroem castelos com as pedras que um dia lhe foram atiradas. Penelope rasga o vestido do Grammy e compõe uma canção. “Meaning of Fame” é delicada como um pedido de desculpas, mas do jeito Penelope de ser. A cantora sabe que a luz dos flashes provocou reações adversas e afastou algumas pessoas, e que no fim das contas, o brilho é temporário e algumas estrelas podem se apagar. A plena consciência disso faz a artista esganar o orgulho por alguns bons minutos. Já na última faixa, “Better By Myself”, sua consciência é nítida após tantas ilusões, feridas, relacionamentos frustrados e uma instável ligação ao estrelato. Ela retoma o pensamento de que é a sua principal aliada, e também sua pior inimiga, mas parece nos dizer que no fim do dia, ela sabe quem é de verdade. O visual do álbum é brilhante, intenso, e mesmo ainda linear e sem novidades ao longo de suas páginas, deixa a artista no centro de tudo, assim como reafirma o seu lugar no centro de sua própria história. A cantora parece um pouco inconsistente nas suas composições. Como já citado anteriormente, a estrela tem conceitos excelentes, mas a execução deixa a desejar. Em certos instantes, o álbum não consegue desgrudar de uma linearidade gigante, o que não seria um problema em um caso isolado, mas em seu começo, a artista parece estar viciada em um mesmo tema, sem conseguir sair do mesmo ritmo. Algumas referências e alusões que não fazem sentido no inglês e sim no português brasileiro, o que talvez sugere uma insegurança em como escreve é notável, além da ausência de tradução nas tracks, que afasta um grande público interessado por pura inacessibilidade. Penelope é uma artista completa, e cada vez mais mostra sua vontade de evoluir com grandes e notáveis avanços. Não há dúvidas que em seu futuro projeto, essas incongruências podem ser reparadas com êxito. Nas considerações finais, podemos dizer que este é sem dúvidas o melhor da cantora até agora. Distante do clichê borbulhante de “Seasons Change” e agora com a maturidade pomposa de sua persona, “Bombshell” é um grande festival pop enérgico com faixas cheias de potencial, principalmente em seu segundo lado, mais sincero e sem amarras. Ela conseguiu o que rascunhava e desejava tanto: dominação. Impacto.