Tocando agora:
TURNSTILE - MOE
Ouvintes:
389,104

Divine Feminine - Teyana T
88

The Boston Globe

90

Após os muito bem-sucedidos “BLACK EXCELLENCE” e “Made In America”, Teyana T retornou à indústria com o seu segundo álbum de estúdio. “Divine Feminine” explora o sexo feminino e todas as suas divisões, características e até mesmo os estereótipos, trazendo algumas das maiores artistas femininas da indústria para mostrarem seus lados e acompanharem a jornada traçada por Teyana no disco. “Spectrum” inicia com uma composição feroz e bem intensa. Parceria com Ashford, a canção tem uma letra muito rica em detalhes e que mostra muito bem a sua proposta em traduzir o sentimento da mudança e todas as suas ramificações e as formas como ela pode ser vista, tanto externamente quanto internamente. É uma faixa de abertura bem colocada na listagem de faixas, e a parceria com Ashford foi muito bem pensada pela artista trazer ainda mais destaque à faixa com seu verso e ponte. “EXTRAORDINARY” é livre de amarras e muito bem escrita. Aqui falando sobre a liberdade e sobre a relação das artistas com ela, tanto com a responsabilidade que ela traz e tanto as consequências, inevitáveis e esperadas. Teyana e Colen harmonizam facilmente, e mesclam os seus gêneros musicais (Hip-Hop e Pop, respectivamente) com perspicácia, trazendo versos polidos e descritivos. “Achilles Heel” é uma surpresa por ser mais diferente que as anteriores. Sendo uma canção com um porte lírico bem experimental e ao mesmo tempo atual, relacionando muito bem o termo “calcanhar de Aquiles” com a fraqueza num geral, aqui com a presença marcante de Asha no processo. É excelente e bem versátil, algo muito positivo. “Horizon” traz bastante sobre perseverança e valor próprio, aqui direcionado a ter ambos para seguir os seus caminhos, independentemente do que possam achar ou falar. Aqui com a participação de Marie Vaccari, é fato que por vezes os versos de Marie não parecem acompanhar tão bem os de Teyana. É algo que fica visível na faixa, mas ainda assim é uma boá canção. “New Panorama”, em parceria com DAHLIA, com certeza entrega uma das canções mais vulneráveis do projeto. A letra, que fala sobre uma certa quebra de expectativa sobre alguém em específico, é intensa e evoca aquele sentimento mais emotivo dentro do ouvinte. Teyana e DAHLIA entregam ao projeto uma faixa muito sincera e dolorosa, que se faz necessária na sua narrativa. “Hurricane” retrata uma paixão avassaladora, um amor fervoroso e presente na vida de Teyana. Aqui com a participação de Sarah Mai, é uma canção que talvez precisasse de algo a mais para a tornar perfeita, mas ainda assim é bom enfatizar que a letra composta pelas artistas é forte e bem colocada no projeto. Elas sabem mostrar a intensidade, mas talvez mostrar um pouco o lado de Sarah em um verso separado a faria chegar ao ápice que a maioria das canções conseguiu chegar. “Guns and Roses” retrata o fim de uma paixão. É interessante a canção vir logo após de Hurricane, por mostrar duas situações tão ambivalentes em si. Aqui em parceria com Heccy e com auxílio de Tessa Reimels na composição, a faixa é a mais extensa do projeto… mas essa extensão é compensada com muita força pela riqueza na composição e pelos detalhes trazidos. Teyana e Heccy mostram com facilidade e com muito sentimentalismo tudo que acontece e tudo que as machucaram e machucam, mas sabem que é o fim. “Lonely Thoughts” finaliza o disco com uma faixa que traz os pensamentos mais comuns e profundos que são presenciados após o término: qual era o problema, qual era o sentido, por qual motivo isso aconteceu? Com Dallas ao seu lado, ambas sabem dissertar bem a situação com bons usos líricos, mas por vezes a faixa traz uma similaridade um pouco além do necessário a outras canções do disco. Entretanto, sua qualidade deve ser reconhecida. O visual, produzido por Heccy, entrega um ar diferente ao que Teyana já havia entregado. É bem feminino e bem atual, com uma tipografia bonita e bons usos de fotos; aqui, cada artista convidada possui uma página de encarte para suas canções, algo bem interessante e que enriquece o disco. Em síntese, “Divine Feminine” é um disco muito bem conduzido na maioria dos momentos, com ótimos highlights e abordagens muito interessantes. Mesmo com deslizes ao longo do processo, é um disco digno de reconhecimento.

The Line Of Best Fit

85

Divine Feminine marca o retorno triunfal de Teyana T na indústria, mas dessa vez não estando sozinha. Na companhia das artistas, Ashford, Dahlia, Colen, Asha, Marie Vaccari, Sarah Mai, Heccy e Dallas, a rapper decide explorar a perspectiva feminina diante de acontecimentos de vivência correlacionado aos sentimentos que conseguimos sentir durante nossas vidas, ou melhor, trajetórias. Com um visual que se equipara a um planeta habitado por mulheres, com suas parceiras de colaboração e a própria Teyana T, com cada uma tendo seu espaço no visual do encarte na faixa em qual tem sua autoria. De inicio, com a faixa \"Spectrum\", com participação da cantora e compositora, Ashford, há essa iniciativa de um contexto espiritual, onde as artistas se perguntam por varias vezes por quais razões elas existem e qual seria o objetivo da vida. O que diverge da segunda canção que a acompanha, a faixa \"Extraordinary\", onde mostra Teyana T sem pensamentos duvidosos sobre a vida, muito pelo contrário, aqui a mensagem é sobre lutar independente das consequências e nunca desistir. Em \"Achilles Heel\", nota-se um primeiro contato do contexto gênero marcante do album até o momento, nessa faixa, em colaboração com a cantora Asha, preocupa-se em evidenciar que a vulnerabilidade não está envolvida com o fator de ser mulher, é um sentimento comum, que todos podem sentir independente do gênero e que deve ser normalizado, não sendo visto como uma característica feminina. \"Horizon\", facilmente, poderia ser o carro-chefe do Divine Feminine. Com muita expressividade, atitude, indignação, Teyana e Marie Vaccari estão cansadas de serem rotuladas e querem atravessar essa linha, traduzida como horizonte aqui, os versos são confiantes e diretos, principalmente os de Marie. \"New Panorama\", a faixa seguinte, corta esse fluxo feminino que trazia nas faixas anteriores, com uma direção mais ácida e pessoal. A canção se resume em um grande desabafo que não agrega muito na linha da proposta pelo album até o momento. Com uma grande participação de Sarah Mai, \"Hurricane\" não poderia ser diferente sem o seu teor metafórico, que Sarah sempre traz em suas canções e participações, e não é diferente aqui. A faixa possui um estrutura diferencial das demais, tratando sobre reciprocidade e usando metáforas em alusão a essa \"intensidade\" abordada, a canção, com certeza, possui um toque diferencial no álbum e se destaca. Em \"Guns & Roses\", a rapper se encontra em um término complicado, no qual nota-se uma grande ilusão amorosa e uma vontade de reatamento impossível, com versos muito bem elaborados e um refrão mas muito, muito bem feito. Encerrando o seu LP, a faixa \"Lonely Thoughts\", parceria com Dallas, ainda permanece sobre as consequências do fim de um relacionamento, onde ambas questionam quais motivos/razões levam a esse fim, seria por culpa do meu jeito? É alguma característica da personalidade? Do corpo? Seria um questionamento infinito que provavelmente sempre vai prevalecer. No entanto, Teyana T está disposta em se recompor após todos esses acontecimentos. Por fim, Divine Feminine traz sim uma perspectiva feminina em suas canções, em outras o que prevalece são sentimentos comuns que pode ser muito mais além de uma visão apenas feminina, como, por exemplo, a reciprocidade, a complexidade vivida em relacionamentos e os términos. Então, Teyana T cumpre sim o seu objetivo em grande parte do disco, mas em algumas canções não demostram fazer parte diretamente do enredo trazido. Não há duvidas alguma que Teyana T traz uma grande evolução nesse álbum e novidades, seu esforço é notório e sua vontade de escrever, de se expressar, é evidente em cada faixa, mesmo não estando sozinha nelas.

Pitchfork

89

Divine Feminine é um retiro espiritual de mulheres que querem se conhecer mais e que querem que outras mulheres se conheçam. O álbum expressa sentimentos e situações femininas que toda mulher passa na sua vida. Teyana e suas garotas, fazem você conhecer um pouco do universo feminino, trazendo com elas mensagens libertadoras e que encorajam mulheres a não terem medos de sentirem as diversas sensações de ser uma mulher, de auto se conhecer como mulher e de que problemas sempre existirão,mas você pode lidar com eles da melhor forma, com a força feminina. O visual tem tudo a ver com a atmosfera das suas canções, ele é feito cuidadosamente e milimetricamente para o Divine Feminine. Podemos sentir a divindade feminina ao vê-lo. “Spectrum”, um dos singles oficiais do álbum, é a faixa de abertura. A canção já começa com uma intro com uma mensagem extremamente forte e certeira “A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo / Só então podemos fazer nossas histórias sagazes”, a música fala da espiritualidade feminina e com as diversas formas de se olhar para um problema, fazendo assim a sua perspectiva uma grande arma para transformar a vida em boa ou ruim. A participação da Ashford eleva a canção, fazendo o conjunto da obra ser um enorme acerto. “Extraordinary” é uma canção que fala sobre a luta pela liberdade, ela nos deixa a mensagem que se você quer liberdade, você precisa buscar seu equilíbrio. A letra da música é encorajadora e destemida, com versos bem escritos. Colen aparece na música já com esse verso matador “Como posso me redimir, se não há mais histórias para contar”, ela presenteia a canção com tudo que ela merece, passando a mensagem de uma forma tão forte e sincera. “Achilles Heel” te diz que ser frágil e vulnerável é um dos principais fatores para ser real é autêntico. Nessa canção pela primeira vez no álbum a artista convidada se sobressai, o verso e a ponte de Asha são impecáveis, sendo esses o ponto alto da canção. “Horizon” tem uma letra mais simples e com palavras mais fáceis de serem compreendidas. Isso não tira o brilho da música que fala sobre autoconhecimento e a busca por novos caminhos atrás da realizações dos seus sonhos. Os versos fortes de Marie Vaccari somam muito na música, eles são versos mais pesados e com uma grande mensagem. “New Panorama”a canção tem uma mensagem forte e dolorida, ela fala sobre você tirar o véu das suas vistas e enxerga que aquela pessoa que você acreditava tanto, não era o que você esperava, e sim o que tantas outras pessoas te alertavam. A letra é uma carta aberta aos “amigos” que decepcionaram a Teyana. Sua composição soa tão verdadeira e pessoal, que Dahlia se encarrega de cantar o refrão, esse que é um resumo de todas as dores contadas pela Teyana nos seus versos. A ponte da música é singela e demonstra que depois desse novo panorama, a melhor decisão é se afastar. Por mais que Dahlia seja formidável na música, ela não acrescenta muito, não por culpa dela e sim pela letra ficar presa as experiências da Teyana. “New Panorama” se sairia muito melhor sendo uma canção solo. Depois de “New Panorama”, o álbum nos conta a história e a percepção de uma mulher com a paixão e o amor, e suas várias vertentes. A história de amor pela perspectiva feminina começa com a canção “Hurricanes”, nessa canção Teyana e Sarah Mai se unem para exaltar a reciprocidade com uma letra sobre um amor intenso e feroz. A letra dessa canção é grandiosa, nos faz querer loucamente viver esse amor. Um dos pontos mais forte da canção é o seu pós refrão com os vocais da Sarah “Você é a agulha no olho do furacão / O prego no caixão do profano / Na minha testa você é a marca de Caim”, mesmo entregando essa letra extraordinária, Sarah Mai deveria ter sido mais explorado, ela entregaria algo maior ainda, fazendo a música ainda melhor. Dando continuidade a perspectiva do amor, somos levados a velha história da pessoa apaixonada que cria uma imagem do seu amado em cima daquilo que ela deseja que ele seja e acaba se machucando depois, essa história é contada na canção \"Guns & Roses\", uma canção que Teyana e Heccy trocam versos na mesma temperatura, versos que se casam perfeitamente, mas todo casamento precisa as vezes de um pouco de explosão, por isso sentimos falta de um ápice nessa canção. E para finalizar o álbum, Teyana e Dallas cantam sobre o luto necessário em um fim de um relacionamento para que possamos alcançar a superação. A letra é sem dúvidas bem escrita e com uma ideia extremamente pertinente, Dallas e Teyana se casam na música, seus versos um é complemento do outro, dispostos a te fazer vivenciar essa experiência. O único problema na faixa são os inúmeros questionamentos, que por sua vez no final nos deixa sem saber se a superação existiu de verdade. Divine Feminine é um conjunto extremamente assertivo, o visual tem um casamento perfeito com as suas letras, e embora muitas das suas participações não foram exploradas como mereciam, todas entregaram um bom trabalho. Fazendo esse projeto ser grandioso. Faixas destaques: Spectrum, New Panorama & Hurricanes.

2018 - © FAMOU$