“All The Peices” é o título do primeiro Extended Play da canadense Fleur. A artista passeia por gêneros como o eletrônico, o dance e o pop. O álbum retrata um tempo sombrio que a artista passou, um tempo em que a sua mente brigava constantemente com seu próprio eu. As letras também exploram uma busca intensa para se encontrar do eu lírico, onde ele passou por diversos processos sombrios. Drowned, primeira faixa desse EP, fala sobre a artista se sentir coagida e sufocada por sentimentos resultantes de um acúmulo de situações. A canção tem versos fortes e que vai pontuando o que levou a artista a esse ponto da vida tão sombrio. No refrão da canção ela deixa bem claro que se sente afogada nesse mar sombrio que situa em sua mente. / These days I find / There's only chaos in my mind / I'm falling into a pit / And I have nowhere to hold on no more/. A ponte da canção traz versos tão fortes e que gritam o desespero de alguém que está perdida, é um dos pontos mais altos da canção depois do seu refrão. A segunda canção, Daydreaming, Fleur canta sobre ter necessitado sair dessa realidade tão dolorida para ela, e a forma que ela encontrou de conseguir isso foi no álcool. A canção tem uma letra muito sombria e de certa forma revoltada, o eu lírico consegue expressar com clareza toda a carga emocional dele naquele momento. Fleur, em uma canção honesta resolve nos contar como ela percebeu que suas escolhas e reações nesse momento conturbado da sua vida estava não só afetando sua vida, mas também de pessoas que estavam ao seu lado. “Fingerprints” foi a faixa escolhida para nos contar esse momento da sua vida, é uma canção linda e com metáforas extremamente bem colocadas, com versos coesos e refrão avassalador. A quarta faixa e um dos singles desse projeto, “Perfect”, fala sobre a artista se auto enganar, a dor era tão grande que era muito mais fácil se enganar do que tentar sair desse poço tão fundo. Logo na intro da canção, a mensagem da canção fica evidente / Perfect, everything is perfect / It's what you say to anyone who asks / Why do you deceive yourself this way, way, way?/. A faixa até então é a que tem a melhor estrutura, e metáforas surpreendentes e ricas, a canção logo te envolve e faz você ouvir atentamente cada verso dessa canção. Todos os momentos dessa canção estão no mesmo nível elevado, um simplesmente completa o outro, formando então essa magnífica obra. A penúltima faixa, Fatal, é a única faixa dedicada a uma pessoa específica, isso ocorre porque as situações que ocasionou o distanciamento entre o eu lírico desse pessoa contribuíram para o eu lírico chegar no lugar sombrio onde se encontrava. A canção tem uma estrutura mais simples que as outras do compilado, mas isso não diminuiu a canção, é uma canção linda e com versos sinceros onde mostra uma vulnerabilidade da Fleur de uma visão diferente. Sparks, a faixa que encerra esse grande projeto, é uma faixa diferente do resto do EP, aqui parece que o eu lírico está mais confiante e saindo desse poço que tanto ela nos contou nas outras 5 faixas. Sparks é uma faixa mais comercial, feita para ser o lead single de fato, com uma letra mais direta e excitante. O visual do Extended Play é simples e bem feito, casa muito com o que o projeto propõe. “All The Peices” é um trabalho muito bem elaborado e com uma lírica verdadeira, profunda e coesa. Todas as faixas consistem em manter um nível elevado, fazendo o projeto ser grandioso. Fleur, nos mostrou com esse trabalho que não voltou para brincar, mas sim para arrebatar. Mostrando a todos que trabalhos dance/eletrônicos podem sim serem profundos e bem elaborados, deixando tantos álbuns com temáticas parecidas de tantos outros gêneros para trás. Faixa destaque: Perfect

Depois de anos em hiatos, Fleur retorna ao mundo da fonográfico em um período controverso para a música dance, momento de discussões que envolve como o gênero se associa como um trabalho de qualidade ou não, dependendo do seu conceito ou até mesmo das suas letras. "All the Pieces" marca esse momento da música dance ao ser um disco que se desprende de uma conceito ou história como sua base, alcançando sucesso comercial e fortalecendo ainda mais discussão sobre a problemática que predomina na música dance durante os últimos meses. O EP traz relatos sobre a vida pessoal da cantora em momentos diferentes, composições escritas em um período de 3 anos, onde há sentimentos melancólicos, dramáticos, sexuais e, também, de aprendizagem. O carro-chefe "Sparks", primeiro single, destaca-se como uma cereja do bolo ao mostrar uma Fleur mais sensual, canções que a cantora costumava explorar durante seus primórdios na indústria, despertando um sentimento nostálgico ao trabalho. No entanto, com o single "Perfect", pode-se visualizar o quanto esse tempo a tornou sensível e leve, uma nova forma de escrever canções e novos sentimentos que nunca foram expostos pela própria, tornando-se o grande destaque do EP. "Daydreaming", Fleur "dança com cicatrizes em seus sonhos", brinca com metáforas em uma letra fantasiosa sobre estar sonhando ou, como mesmo descrito na letra, "estar muito muito longe"; Abre-se para um entendimento além de um sonho, como estar sob efeitos de alguma substancia para se distanciar de algum sentimento doloroso, mas como, também, pode-se permanecer no seu conceito já intitulado; Uma faixa super bem escrita e com jogadas muito bem feitas. As faixas "Drowned", "Fingerprints" e "Fatal", apesar de diferentes, caracterizam-se como a parte melancólica do projeto, tratando de dores, arrependimentos e mágoas de relacionamentos; A ultima, "Fatal", faz-se jus ao seu título e é uma explosão de sentimentos que penetram o coração do ouvinte, tratando sobre uma pessoa importante que impactou a vida da cantora de uma forma que, percebe-se, ela nunca imaginou que fosse afeta-la; Triste, dolorosa, mas ao mesmo tempo bonita e valiosa, por trazer uma homenagem e aspecto de maturidade. Com isso, "All the Pieces" traz todas as partes de Fleur, podendo visualizar tudo que ela passou durante esses anos com muito cuidado, em um projeto bem trabalhado. Apesar de deixar um desejo de querer mais, como EP ainda sim foi suficiente para marcar a sua volta, com uma evolução surpreendentemente notável não apenas como compositora, mas como produtora.