Anneliese em seu sétimo álbum de estúdio, “Turtango” decide seguir totalmente um novo rumo artístico, optando por se basear em representações de peças teatrais francesas e entregando uma obra que é digno de uma das maiores artistas na industrial atualmente. Subdividindo sua produção em atos, a artista incarna o papel da “dama de branco”, representação da esperança, e de seu caminho para se identificar no mundo. A apresentação inicial de cada personagem que veremos no decorrer da peça é genial, como um prelúdio de um livro que nos introduz mais um pouco da psicologia e da história de cada personagem, que terá sua própria voz narrada. Começando pelo conteúdo lírico, Anneliese decide nos catapultar no primeiro ato do álbum introduzindo-nos a “dama de branco”, personagem principal da obra e seu eu-lirico, que está à procura de sua identidade pessoal em “Mi Ojos no te veo”, primeira faixa do disco abre de maniera soave o trabalho. A dama de branco se culpa a tal ponto por suas inseguranças em “Salvadora” que precisa da ajuda de outro alguém que possa enxergar a sua beleza interior para que ela, logo após, possa vê-la. Através do incipit da faixa anterior, em “Un amante como tu” e “Trampa”, somos transportados para o segundo ato do disco, onde a dama de branco finalmente encontra alguém para se submeter por inteiro, o senhor de preto, mas a vida não é feita de rosas e flores, também existem os espinhos, representados pelos abusos sentimentais que a protagonista da obra tem que passar. Logo após, começa o terceiro ato do disco com as faixas mais agressivas e vingativas, em “Adicta”, “Queimar” e “Bala” vemos a transmutação da dama de branco para a sua alterego “a dama de preto” que representa a dor e o sofrimento. Concluindo tudo com a última faixa e o último ato do álbum, “Ya no duele” é representação mais pura de uma superação. É um hino as artes que deram a força para o eu-lírico de Anneliese ressurgir das cinzas e encontrar a si mesma. A inspiração em poemas melódicos fez com que os textos nas partes líricas, não precisassem ser repletos para transmitir a história da obra. Passando para o visual, é absolutamente de tirar o fôlego para todos aqueles estão habituados ao marco de fábrica da cantora, os banners. Tudo soa incrivelmente coeso e linear em “Turtango”, Anneliese conseguiu se entregar por inteiro em uma obra que merecia atenção muito tempo atrás.