Primeiro álbum de estúdio do cantor Junggaram, \"Crush\" é um lançamento da GWM e foi antecedido por múltiplos singles, incluindo Blue Boy, Moth e outros. A primeira faixa é “찢다 (Tear)”, na qual se vê um eu lírico analisando a própria relação, determinando que talvez o fim dela seja melhor para ambas as partes - há uma boa liricidade, mas pouca poeticidade no geral, a composição é literal demais e poderia ter usufruído de recursos mais criativos,
sendo relativamente simples, mas com versos dinâmicos que casam bem com a sonoridade, também muito agradável. A faixa seguinte, “Blue Boy”, é uma antítese da anterior e com uma composição melhor e mais dinâmica, apesar de ter alguns versos estranhos e que não estão no mesmo nível do resto, como \"Cabeça vazia, agora eu quero viver / Preciso te dizer\" e o próprio refrão, que não agrada e parece artificial e ligeiramente saquarema. A parceria com a cantora Heccy em “Moth” é muito mais agradável do que as antecessoras, com uma composição mais inteligente e que foge do artificial, muitíssimo agradável e bem pensada. O outro single, “Like A Zombie” é divertido e também agradável, com uma sonoridade pop contagiante que combina muito bem com o tom da composição, dinâmica e criativa, abordando uma temática mórbida mas que também é legal. A música que sucede, “Ily”, tem uma boa proposta mas sua composição poderia ter sido melhor articulada e pensada, talvez visando fugir do superficialismo e ir ou para um tom mais poético, como “Moth”, ou dinâmico, como “Like A Zombie”, mas segue agradável apesar de tudo - o refrão é muitíssimo bom, só os outros versos que poderiam ser redigidos de melhor maneira. “An Idol” parece ser uma música aleatória que foi colocada no disco, já que não tem a mesma vibe das anteriores e destoa do conceito geral, fazendo o interlocutor questionar a coesão do trabalho. A composição também não é legal, com alguns versos constrangedores, vide \"Alguns me acham perfeito / Alguns querem ser eu / Alguns não tiram meu nome da boca / Mas de tras das cameras, eu ainda choro / Porém não vou demonstrar que sou frágil para esses odiadores [...]\" e \"Você quer se tornar um idol? / Um idol como eu que você acabou de humilhar? / Você tem inveja do que eu alcancei? / Tudo isso para se tornar um idol?\". O verso de Sakura é o único que é criativo e foge do clichê de diss track que permeia essa canção, sem razão aparente e extremamente aleatório. Diferente da faixa antecessora, a title-track é muito legal e tem uma composição muito bacana, comparando-se à Moth como a melhor canção do disco até o momento. Tem um refrão que gruda na cabeça, assim como versos bem estruturados que refletem o pop no instrumental, também muito bem selecionado e contagiante, dando continuidade à temática principal do álbum, amor. Em “Run Run”, os versos de Junggaram e Jacob são legais de se ler e fazem sentido, apesar de algumas arestas que poderiam ter sido melhor polidas. O verso de Athena, por outro lado, não é dos melhores, vide \"Daqui até a próxima parada que é a puta que pariu / Encontrar minha amiga Alexxxia para fugir de você / Estou pronta para evaporar o seu veneno\", que não é só uma intertextualidade aleatória que não faz sentido algum dentro da faixa como também uma composição rasa, que mira no divertido e acerta na gafe, podendo ter passado por uma reformulação. Por fim, mas não menos importante, temos “Message To Your Heart”, uma surpresa muitíssimo agradável, com uma liricidade mais sensível, versos bem estruturados e pensados, com uma sonoridade também que constrói uma atmosfera mais pessoal e dramática, o que é um ponto muito positivo. Parabéns à Junggaram pela composição aqui, que é sim muito boa. Voltando-se agora para o visual do álbum, afirma-se que ele é muito bem pensado e criativo, fugindo do clichê e forjando um encarte ótimo, mas ainda sim atrelado à ideia central de amor e paixonite, parabéns ao produtor Jacob pelo excelente trabalho e idealização criativa. Em termos de coesão, afirma-se que ela é normativa na maior parte do álbum, com exceção de “An Idol” e “Run Run”, que parecem não pertencer ao mesmo corpo de trabalho - talvez a melhor decisão teria sido cortar ambas faixas e retrabalhar “Tear” para combinar com o tom das outras canções, muito melhores e bem pensadas. Em algumas canções também há certa coesão intrínseca, como o verso de Athena na parceria que também inclui Jacob. Falando-se agora de criatividade, pode-se dizer que ela é obviamente presente no visual do encarte, muito agradável e diferente, mas é ausente na maior parte das faixas, que falham em estabelecer uma conexão íntima com o interlocutor e muitas vezes são muito clichês - não sua temática de amor, mas sim a forma de abordagem e desenvolvimento lírico -, alcançando a superficialidade em alguns momentos. Em linhas gerais, conclui-se que “CRUSH” é um bom álbum que tinha potencial de ser melhor, com alguns problemas comuns à maior parte do álbum e outros mais pontuais. Entretanto, o trabalho de Junggaram é muito belo e vale a pena ser conferido. || Composição: 27/40 || Visual: 22/25 || Coesão: 15/20 || Criatividade: 7/15 || Nota=27+22+15+7=71.