"white roses and trickery, but I'm not like her" apresenta-se como uma ruptura em um momento da vida de Jade, um pesadelo moderno desmembrado em uma viagem até seja lá onde ela imagina. Aqui, "white roses.." permeia conversas quase improváveis, mas que tem muito o que falar no fim das contas. Ao começar da forma mais cruel possível Jade diz: "Você é a maior louca aqui". Em um breve diálogo que poderia ser facilmente visto como um delírio, Jade remonta um momento clássico, ainda que às vezes afunde muito em ideias, talvez essa pretensão seja induzida. É um álbum que Jade cria um grande cenário para si, e para nós, a fim de desenrolar algo nebuloso para ela, e para quem está ouvindo.
Jade também foi além em seus ideais artísticos, depois do lançamento do "Darkness & Light", um momento íntimo e doloroso movido por letras sutis, "white roses..." trouxe um aperfeiçoamento de visão diferente de seu primeiro grande trabalho – ainda que já visto em "Blackcat" – a medida que consumimos, somos apresentados a cenários poéticos que poderiam até ser um grande entretenimento em uma ficção, mas aqui apenas acompanhamos uma alma atormentada (e às vezes aventureira).
Antes mesmo de termos sido apresentados a esse "paraíso", Jade divulgou "Iracebeth" como o primeiro capítulo de sua pequena grande história, tão apática quanto cativante, é uma visão agridoce de alguém reprimido o suficiente para aprender a controlar suas dores, mesmo que temporariamente. Todas suas canções são cheias de alguém ainda perdido e frustrado consigo, entendendo aos poucos, mas longe da saída de seu labirinto. Em alguns momentos ela está presa a alguém que sequer a enxerga ainda, em outro ela está entregando-se novamente aos lobos, agora nas mãos de alguém para ela imprevisível e nocivo, mas que toda sua dor (ou parte dela), ainda surge de cicatrizes não curadas. Canções assim podem ser sufocantes, na verdade canções assim são sufocantes, sua válvula de escape aqui está nas alegorias, a viagem do álbum suaviza os gritos em sua maioria, mesmo que sua substancia por vezes se perca junto.
Seu Pop denso transforma "white roses..." em um grande filme, onde encontramos alguém triste e também raivoso, em "Bunny & Clyde", Jade parece gritar contra outra pessoa sem piedade alguma: "Talvez eu tenha me tornado uma criminosa", ela canta. "Não diga que não me reconhece, ao seu lado sempre estive contida". Mesmo em uma reviravolta cruel, Jade se mostra firme sobre seu momento como vilã.
O envolvimento de Jade é claro, mas o trajeto ainda é turbulento, toda sua raiva contida foi solta, ela deveria estar leve, mas agora um peso diferente está em suas costas. É fácil pensar junto de "Haunted" em como todos esses fins que te perseguem funcionam, ou "Chaotic" que mostra como perder a cabeça por um momento e virar a caça de pensamentos frustrantes para si deve ser. Ela conclui as canções de forma até mesmo mórbida, mas ela não foi a única.
Seus interlúdios repletos de ideias quase delirantes não prejudicam o momento de "white roses...", mesmo que em sua ausência, o andar do álbum seria igual, Cada momento é uma virada de chave sutil – sua ficção é por vezes densa demais – uma vez que embarcamos, suas nuances se tornam mais palpáveis, assim como o que Jade quis alcançar. A ideia que seguimos é recheada, mesmo que seu fim seja o esperado. Em sua capa Jade aparece correndo – arrisco dizer que num labirinto – os melhores momentos do álbum ainda não são bons quanto ela esperava, ela se livrou de alguns obstáculos apenas para bater de frente com outros, e isso é inevitável, seu grande visual é delicado mas ainda transmite aquela loucura que seguimos até aqui, e não foi por acaso que Alec Weaver seguiu esse caminho, talvez sem ele a percepção do trabalho seria remodelada. Jade não se contenta em se perder em seus pensamentos, mas também não encontrou a verdadeira saída ainda, dada a experiência quase teatral do álbum, talvez seja essa a ideia dele, uma viagem incrível, dolorosa e assustadora, e que teve um fim, apenas para começar algo novamente.