“BROKEN” é o álbum de estreia de ALEESA, lançado em fevereiro (ano 12) como uma forma da artista expor seus dilemas internos e de abraçar sua “bagunça interna”, como referido em seu prólogo — curto, mas que procede em explicar sucintamente o quanto ela se sente deslocada de si mesma. O disco, que imerge sonoridades puxadas ao hip-hop, rock e pop da forma mais densa encontrada pela cantora e rapper para demonstrar suas emoções, inicia-se com uma faixa introdutória, “BROKEN: Intro”, narrada por Steve Bowie com frases que dissertam sobre todos os elementos que supostamente a corromperam, sendo um começo curto, mas promissor. Em seguida, tem-se “OBSESSOR”, faixa em colaboração com Teyana T e Lexie onde as três artistas envolvidas expandem suas ideias de como seduzir o ouvinte a ponto de fazê-lo causar nelas a dor que elas também querem fazê-lo sentir, desenvolvendo uma provocação mútua à loucura. Os versos se apresentam de formas relativamente disparadas entre as intérpretes, mas isso não atrapalha o andamento sedutor e perigoso da faixa. “THE BEAST”, terceira canção do álbum, explora o lado mais egoísta de ALEESA no modo como ela se coloca acima de seus oponentes e conduzindo o ouvinte aos seus pensamentos enquanto se considera no topo do mundo que construiu para si mesma; é uma faixa que resgata os conceitos mais populares do hip-hop, mas que peca por sua superficialidade no tema em alguns versos, salvo o refrão cativante. “SADISM”, quarta faixa do CD e lead single da era como um todo, possui uma das líricas mais enigmáticas da carreira da artista por trás da obra; sendo uma ode ao prazer na cama como forma de sadismo contra ela mesma, é uma faixa que beira o profundo e o superficial ao mesmo tempo, mas não se contentando em ser colocada em quaisquer das caixas conceituais. “BROKEN: In Pieces” é um interlúdio que prossegue a narrativa deixada pelas faixas anteriores; ALEESA assume uma postura mais vulnerável no único verso da canção, refletindo sobre suas escolhas e as consequências delas para sua mentalidade. Apesar do curto tamanho, deixa um impacto que pode ser visto já em “bleeds”, faixa seguinte onde, a partir daqui, as grafias dos títulos das faixas trocam de letras maiúsculas para minúsculas, uma representação de tal vulnerabilidade. Nela, a artista reflete sobre uma relação com uma pessoa que não parece ver as consequências de seus atos que machucam as pessoas ao seu redor, em específico o eu lírico; entre a ponte e o pré-refrão final, as intenções da faixa se tornam mais claras e o ouvinte se permite identificar com a história e com a interpretação vocal de ALEESA, em um dos pontos altos do álbum. “insecurities” mostra a artista agora coletando os cacos deixados de si mesma na canção anterior e elevando seu tom de voz para apontar desejos vingativos contra uma pessoa que se aproveitou previamente de suas inseguranças; ela aponta as hipocrisias da pessoa enquanto decide seu próximo destino. É uma faixa igualmente menos descritiva e mais emotiva, o que a torna forte. “eyes”, canção que conta com Serina Fujikoso como artista convidada, é uma ode a um novo relacionamento onde as duas mulheres se dizem enamoradas por todos os trejeitos de seus novos parceiros; a sedução aqui se apresenta de forma mais terna e conta como um lado novo tanto para ALEESA como para Serina em se apresentarem ao público, sendo mais um dos pontos altos do disco. “midnights/aftersun” coloca em justaposição os dois sentimentos que a artista mais queria transmitir ao longo do projeto, culminando na faixa final do álbum sendo a representação da paz que ela sente com um relacionamento mais calmo adentrando sua vida e os pensamentos intrusivos que insistem em dominá-la quando algo bom acontece para si mesma, reiniciando todo o processo narrativo como em um loop. No quesito de produção visual, aqui assinado por ANNAGRAM, “BROKEN” possui um objetivo específico de retratar os demônios de ALEESA tomando conta de sua personalidade, usando as mesmas figuras de forma proeminente por todo o encarte; o banner possui seus pontos positivos, mas sua força é diminuída pela fonte de letra da capa simplória e por uma ausência de distinções mais fortes na fotografia. Em suma, “BROKEN”, como álbum de estreia, promete as intenções mais honestas da artista por trás da obra, e em faixas determinadas cumpre essa meta com maestria, enquanto deixa a desejar em outros momentos onde peca pela abordagem mais irrisória; ALEESA, no entanto, deixa sua personalidade brilhar, o que a torna uma das novas artistas a serem observadas nos próximos anos pela evolução que pode apresentar.