Com uma carreira com bastante visibilidade e crescente, a cantora brasileira, AURORA, lança seu álbum de estreia intitulado "la doble a". Com uma premissa de dualidade, a cantora aborda um lado mais alegre e outro mais obscuro no que condiz os seus sentimentos. Abrindo com chave de ouro com a faixa "lejos", AURORA decide começar com o que pode-se dizer o lado obscuro; Em uma faixa melancólica, triste e que expressa dor, a cantora escreve linhas muito bem feitas, que expressam cada sentimento sobre o fim de um relacionamento onde apenas um dos lados sofre. Em "contigo", a cantora ainda permanece estendendo essa dor, o que fica muito repetitivo; Sua lírica é boa, mas a narrativa já não possui o mesmo impacto sentimental da anterior. A narrativa de perda e dor continua na canção "no te vayas", agora em colaboração com o talentosíssimo GABRIEL, com versos que expressam a mesma melancolia e linhas até semelhantes com sentimentos já demostrados nas canções anteriores, o cantor GABRIEL atua como um personagem que corresponde está falta, o que consegue equilibrar o contexto da canção e diferenciando das demais. Com participação dos artistas Aleesa, Vito Adu e Steve Bowie, "dejarte ir" soava como uma saída dessa melancolia, uma despedida e uma vontade de seguir em frente, no entanto, em alguns versos ainda percebe-se expressão de abandono e saudades; O se que faz questionar, o eu-lírico quer mesmo deixar esse lado doloroso? Até essa momento do álbum, o mesmo sentimento ainda é explorado. Outrora, de repente, AURORA chega com "exilio", uma narrativa mais inovadora e diferente das demais, narrando outros detalhes desse relacionamento, como foi e o que aconteceu, diferenciando totalmente do apego lírico repetitivo das demais canções, um grande destaque lírico. "fantasmas" volta com esse teor melancólico e doloroso, no entanto, aqui, AURORA decide brincar com a imaginação, é notória a criatividade e versos mais ricos. "castillo de cristal" trata esse relacionamento mais de forma fria e consciente, a melancolia aqui não se faz tão presente, mas um lado mais decidido da cantora. Agora, dando início ao segundo ato, abre-se com o interlúdio "interlude: la doble a", onde demostra um lado mais sensual e alegre da cantora, com uma ponte bem cativante de GABRIEL Seguindo com "la reina del baile", um single que todos conhecem, abrindo esse ato mais alegre do projeto; O single é divertido, e os versos que dividem com os artistas que participam também são cativantes, no entanto, no álbum, a canção não soa tanto "livre"; Em uma escuta agora junto ao álbum, AURORA se desprende de uma relacionamento muito melancólico que resultou dor, pra outro relacionamento com outro homem, e demostra em toda a canção a necessidade dessa persona pra que ela se sinta bem. Porém, "invencible", o eu-lírico consegue finalmente se ver em sí mesmo a felicidade, a autoestima, o poder de continuar, não focando em terceiros pra que isso aconteça, uma grande faixa nesse segundo ato. Com um teor mais calmo e pensativo, "cicatrices", a cantora narra as marcas da vida de forma mais madura, não de forma de desânimo, "Não escondemos nossas marcas / Aprendemos a conviver com elas / Pois são elas que nos fazem quem somos" faz-se impactante quando se ouve. Em uma reviravolta, "no te pido flores" explora um teor sexual ainda não retratado no álbum, atrelado à um bom humor, o refrão é divertido, mas a faixa em seu contexto geral soa mais engraçada que sensual. Em "cuervo", com participação de Danny Wolf, Coline e Bronx, é uma canção com foco na desmotivação, uma volta pro primeiro ato, onde a cantora junto ao colaboradores, se veem presos em uma sala se culpando e procurando razões pra o que aconteceu pra saúde mental deles estarem corrompida; Um canção bem escrita, mas que não se encaixa nesse ato, que vinha com uma abordagem contrária. Em uma finalização também melancólica, "el ultimo baile" finaliza o disco reforçando essa perda desse parceiro tão discutido durante o disco. Com um visual creditado por Heccy e Gabriel, apesar da sua cores brilhantes e muito chamativa, não condiz muito com a lírica do álbum; Enquanto a lírica são histórias de dores, melancólicas e, maioria das vezes, persistente na tristeza, o visual vai pra um caminho totalmente diferente. Por fim, "la doble a" é um álbum de estreia razoável da cantora AURORA, seu talento na escrita é um fato, porém ainda lhe falta experiência pra organizar suas ideias, contextos, fazer com que as histórias contadas não se percam em cenários repetitivos. Mesmo tendo dois atos, que deveriam abordar sentimentos opostos, "la doble a" é visivelmente mais melancólico, mas de uma forma mais focada na mesma narrativa, na mesma dor e, as vezes, com as mesmas palavras ditas, onde até metade do disco pode surgir um grande cansaço. Porém, este é apenas seu primeiro disco, canções como "nvencible", "cicatrices" e "exilio" demostram um potencial de que AURORA ainda pode nos surpreender no futuro, apenas lhe basta tempo e experiência, porque o talento é visível pra torna-se uma grande compositora da sua geração.