Em mais um projeto, Rawak nos apresenta “He’s Dead Part II: Fallen Angels” seu mais novo lançamento. Mesmo que com um título similar ao de seu álbum antecessor, o artista se distância das temáticas outrora trabalhadas, adentrando em uma mistura de misticismo e realidade envolvendo anjos caídos e relações amorosas. De fato, esse é um conceito interessante a ser conduzido, mas nesse álbum ele soa mais como um plano de fundo, não possui uma conexão incisiva, obviamente em alguns contextos as simbologias são utilizadas como base para o que a canção irá descrever, mas no geral ela soa mais como uma tentativa de tornar mais profundo e acaba por soar um tanto pitoresco e confuso; Cada faixa representa um anjo caído e a partir dele uma história se desenrola, o que soa um pouco cansativo e pouco atrativo, talvez se ele tivesse englobado o conceito geral e a partir dele ter tido substrato para desenvolver uma narrativa mais unilateral essa sensação teria diminuído; Um exemplo mais claro dessa divisão irregular é que sem a descrição em cada música não há como saber que a história se baseia em um conto místico, então ele funciona mais como uma ideia central do que como componente do álbum em si, caracterizando esse aspecto como desnecessário. As composições são boas, mas Rawak nos parece voltar uma ou duas casas nesse aspecto, se comparado a seus outros álbuns e EPs, não há tantas referências na estrutura das letras e elas pouco se desenvolvem, tendo como exemplo claro “Devil Tonight” e “He Likes Everybody”, a última é quase que descartável no álbum e pouco influencia em seu fechamento. A melhor canção é “Entire Arsenal”, a sua subjetividade em construir uma referência e uma expressão do contexto em que o eu-lírico se insere foi bem realizada e essa faixa se consagra como a melhor do álbum. A produção melódica é eclética, indo do R&B ao Alternativo e Hip Hop, mas sempre mantendo uma base mais contemporânea que uma esses três aspectos, foi uma opção interessante em seu condicionamento, com uso de 808’s em diversas músicas elas se tornam bem peculiares e conexas. Os visuais são polidos e simples, eles contam com o fundo em cor verde e recortes de fotos que nos agradaram, o encarte pouco nos remete ao álbum e possui poucos artifícios, porém nos cativa pela sua simplicidade, ele não soa mal elaborado. Rawak é sem dúvidas um nome de destaque, talvez essa velocidade em seus lançamentos atrapalhe um pouco o seu norteamento artístico, as vezes algo que pensamos que está bom no momento pode ser amplamente melhorado se observamos um tempo depois, então esperamos que ele consiga repensar um pouco sua cronologia e dedique seu empenho em uma base mais sólida (do que a que observamos aqui) em seu próximo projeto, sabemos que ele conseguirá, visto que já o fez diversas vezes.
Composição: 20
Criatividade: 14
Coesão: 12
Visual: 17