Com a peça-suicídio de Sarah Kane, vito adu se une a Eve T, Jackie, RAWAK e Tyler Beaumont e apresenta seu trabalho de estreia num conjunto de 10 faixas que conversam com o leitor sobre descobertas, autoconhecimento e convivência, em primeiro contato o novato consegue mostrar o porquê dele se diferenciar dos demais, vito traz com clareza e bastante conhecimento uma obra elaborada, consistindo de uma boa carta na manga para um projeto inicial, permitindo com que o compositor abra um espaço de sua vida privada e deixe nós ouvintes adentrar e interpretar sua vulnerabilidade mental.
“Meus joelhos conseguiram repousar, quando deixei de rezar pra que minha alma cantasse” A faixa introdutória ‘The Beginning’ acaba por soar mais do que uma simples interlúdio, mesmo que sem rimas – que dentro do contexto são indiferentes, vito cativa o leitor através de um poético prefácio, nos levando para as cinco insanas e um tanto racionais tracks, tendo ‘Reason and Madness’ como o grande destaque entre as dúvidas corriqueiras sem respostas de vito, o compositor convida a achar uma explicação para a sanidade, é como se estivéssemos andando em sincronia para achar o concreto, imbuídas de imaginação, ‘The Soul of Broken Hearts’ acaba por soar como um ótimo devaneio grego, deixando com que nossa mente viaje até o berço da filosofia. Após o interlúdio, um destaque inteligente e minucioso chega ao álbum ‘Entropy, Chaos and Order’ brinca com o conceito da entropia de forma perspicaz, conseguimos notar que vito não se apropria de palavras cultas para transparecer algo que não é, mas muito pelo contrário, é prazeroso ver o domínio da Lei da Termodinâmica dentro do contexto musical, afirmando mais uma vez que a loucura que o compositor carrega consigo, é transformada em arte. ‘Toda normalidade perturbada deve ser castigada’ – trecho da grande estrela do álbum que chega ao projeto envolvendo questões raciais pertinentes e fortes metáforas que envolvem o ouvinte, ‘Docile Body’, sem dúvidas é uma track de dar lágrima nos olhos e esperamos que vito faça um bom uso dela.
Após nove delirantes e distintas faixas – de uma boa maneira, vito chega ao seu estado de espírito ao som de ‘Patience’, responsável por “fechar” um ciclo, porque sabemos que a mente do compositor está em constante movimento e faz com que o ouvinte fique com uma interrogação em sua cabeça, fazendo nos questionar qual será o próximo delírio poético do cantor.
Visualmente, Jackie e vito fazem um trabalho excelente em nos levar ao seu devaneio que intercede o álbum, detalhado e excêntrico, Jackie abusa dos tons de marrom para transcrever a mente de vito, gostamos dos mínimos detalhes que completam a obra, fazendo com que o trabalho como um todo, soe bem polido. Entre loucuras que não pedem explicações e letras recheadas de metáforas, 4:48 cumpre bem o papel de apresentar o cantor na indústria, porém esperamos que em seus próximos trabalhos o artista faça bom uso de rimas e melodias que façam músicas soarem como músicas, entrando o ponto negativo diante da composição, que apesar de bem escritas, soam mais como textos poéticos, e não canções. COMPOSIÇÃO: 24 / CRIATIVIDADE: 28 / COESÃO: 20 / VISUAL: 20.