Em seu primeiro projeto para a indústria musical, Steve Bowie apresenta uma material com letras intensas, com personalidade e um tanto caóticas sobre si mesmo. O conceito do álbum é voltado em suas memórias emocionais e acontecimentos da vida do cantor, e talvez um pouco de ‘suspeitos de assassinato’, e deve-se dizer que em relação ao primeiro tópico, o álbum segue a linha do conceito ao pé da letra, mas talvez a ideia de decidir quem Steve é para você na base de suspeita de assassinatos tenha ficado um pouco deslocado com o conteúdo do álbum; talvez se encaixando apenas com a primeira música. ‘Duality’ dá início ao álbum com uma composição forte, que é possível traçar uma história mentalmente ao decorrer da letra, por a letra parecer tão sincera e despretensiosa. Soa como uma carta aberta, de coração apertado, para si mesmo. A música pode conter duplo sentido, podendo ser vista como uma música de relacionamento ou de descoberta, facilmente pendendo para a primeira opção, mas não deixa de ser uma composição bem trabalhada. ‘Messiah/Lost’ consegue ser melhor que a primeira música, que já é bastante boa, e transmite uma emoção interessante ao ouvir o instrumental e a letra ao mesmo tempo. A música transmite a emoção descrita pelo cantor, como se pudéssemos estar presentes no momento em que a música foi composta e compartilhar da dor. ‘Lost’ completa a música, mesmo sendo de acontecimentos diferentes, dificilmente poderia ser notado como algo a parte, e sim como um complemento na qualidade da música. Já ‘Desire’, em relação as outras, é a faixa mais fraca do projeto. Tem seu proposito dentro do álbum, mas não adiciona muito no conteúdo final. Poderia ser um pouco melhor trabalhada nos seus versos para chegar a altura das anteriores, mesmo não sendo uma música ruim. É apenas uma música que poderia ter sido descartada, então a ideia inicial do cantor poderia ter sido um acerto. ‘Dance in the Dark’ é uma música envolvente, que contém versos bons e versos não tão bons. Como a primeira parte da música, com o instrumental tocando, é bastante cativante e contagiante, mas entra o refrão com versos que poderiam ser mais trabalhados para dar uma incrementada e um UP, mas acaba deixando a desejar pela simplicidade dos versos, assim como no verso 2. ‘False Happiness’ traz novamente o tom emotivo das primeiras faixas, sendo uma das mais intensas do álbum. Apesar de achar que o verso ‘outro’ possa ser descartado, a música soa completa e uma das melhores faixas do projeto. É carregada de emoção e versos sinceros, transmitindo um raio de sensações ao ler sua composição. No final, ‘Sober’ mostra uma reviravolta em relação à música anterior: o cantor está se curando, e está se aceitando; mesmo que ainda tenha problemas consigo mesmo para lidar, é um caminho de esperança. A música relata acontecimentos de forma positiva, diferente de todo o resto do projeto que dá uma perspectiva mais dolorosa, então soa como a faixa perfeita entre as disponíveis para encerrar o projeto na esperança de que Steve esteja bem. O refrão é bem charmoso, quando cita os versos ‘Eu estou bem, e dessa vez não estou mentindo. Ainda tenho feridas, mas não preciso mais me dopar para se sentir bem’. Seu visual é simples e encantador, não contém nenhum toque diferenciado de outros trabalhos já vistos pela indústria, mas também não deixa de cumprir seu papel. É agradável e limpo, fazendo o trabalho ter mais consistência. Steve entregou um projeto que com adição de algumas músicas e talvez tirando outras, poderia ser um bom álbum de estreia e não apenas um EP de introdução para algo maior, visto que o ‘MOTIFS’ tem potencial para ser tal trabalho maior, caso fosse trabalhado atenciosamente. De fato, Steve é um artista novato que tem talentos que não podem passar despercebidos, como sua composição no ponto e capacidade de transmitir sensações mágicas em suas letras. Composição: 30 / Visual: 22 / Coesão: 19 / Criatividade: 17