Em seu quarto álbum de estúdio, Stormi nos apresenta um mundo paralelo, entre seus defeitos e acertos, uma história bagunçada sobre sua conturbada situação de amor impossível, onde tudo parece estar ligado ao seu ex-namorado, que também está presente em uma das faixas. O álbum é uma bagunça total, começando pelos seus gêneros musicais explorados, onde a cantora parece ter juntando quase todos os gêneros musicais possíveis e ter decidido explorar dentro do projeto, o que torna uma falta de coesão enorme; além do fato de as músicas variam entre amor, depressão, sexo, sexo, sexo, e assim vai. Nesse álbum, Stormi não conseguiu se encontrar artisticamente e continua perdida, já que em um álbum de 16 faixas, nenhuma se conecta com a outra e acaba virando um grande compilado de músicas que não fazem sentido algum. C’est La Fucking Vie é uma música bem estranha para ser escolhida para introdução, já que ela fala muito e acaba não indo a lugar nenhum pela falta de informação relevante. É uma música comum, que não tem um propósito fixo, ou letras profundas, mas que acabaria dando certo em uma noite na balada. Destaque para o segundo verso da música, que é muito grande e destoa da estrutura musical de início. Em ‘Drunk Dial’, Stormi mergulha em uma sonoridade sensual ao tentar transmitir a máxima sexualidade através da parceria com Bronx. A música tem uma atmosfera romântica, diferente da primeira, exala sexo por todas as partes e a questão é porque estão fazendo aquilo. A música tende a ser um pouco superficial em relação à verdadeira sensualidade que deveria estar sendo exposta; onde a sensualidade é resumida a usar as mesmas palavras sobre o assunto. Os versos de Bronx são bons o suficiente para fazer a música dar uma animada final, mas nada nessa música chega a ser surpreendente. Assim como a primeira música, Stormi trouxe novamente um pouco de versos confusos em ‘Storm’. Simplesmente não se conectam de alguma forma, causando estranheza para quem ouça. De forma geral, os versos são conversam entre si para formular uma narrativa. ‘Hayden’ soa descartável, enquanto ‘Fault Line’, é onde Stormi pela primeira vez demonstra um pouco de complexidade na sua composição, com uma letra forte e emotiva, bem trabalhada e com uma importância em especial. A letra consegue transmitir em boa parte do momento, uma sensação de empatia pela dor da cantora, e isso é um ponto positivo, sendo até então a melhor do álbum. ‘Tandem’ é a letra mais vazia e sem propósito do álbum. São apenas letras sobre atos sexuais, o que não é necessariamente algo ruim, mas falta profundidade e exploração da sexualidade na faixa. São versos rasos e superficiais, que não acrescentam em absolutamente nada vindo depois de uma faixa com um tema tão complexo como ‘Fault Line’. ‘Starlight’ tem uma melhora repentina, apesar dos versos pequenos, contém uma atmosfera mais limpa e mais fofa, em relação à sua filha. Diante das músicas, pode-se dizer que ‘Starlight’ é uma das poucas letras interessantes até agora, mesmo que não tenha sido um ápice ou coisa parecida, é apenas uma melhora esperançosa. Em ‘Room 69’, Stormi volta para sua vibe sexual e mais atrevida, com a participação de Serina Fujikoso. A letra da música, assim como várias anteriores, soa um pouco além do ponto necessário para combinar com algumas músicas do álbum. Não que falem sobre a mesma coisa ou algo do tipo, mas as variáveis entre as músicas são gritantes e não passam despercebidas. Mas quando o assunto é sexo, a variável não é tão grande: Stormi continua presa no mesmo tema e indo à vulgaridade, que não combina com a atmosfera do álbum. Stormi diz que é a ‘divisão’ do álbum, mas as letras desse tipo já estavam presentes desde o começo. Em Losin’ Game, Stormi vai contra tudo o que se propôs a fazer com o ‘flawing’, onde ela diz que não queria ser uma bajuladora e ‘Losin’ Game’ é a prova de que ela acabou de se perdendo na história que deveria estar contando. A música fala sobre querer tanto uma pessoa que não está disponível no momento, entendível pelo verso ‘aquela mulher não sabe o quanto você vale’. Stormi está novamente pedindo por atenção, acariciando um ego para ter mais uma noite, o que parece ir contra o que ela se propôs. ‘Bad Dreams’ parece ser uma continuação rasa e desnecessária da música anterior, onde a cantora continua a falar que não pode ter o que deseja, já que seu pretendente não está mais disponível e isso lhe faz ter pesadelos. ‘Bliss’ é uma faixa que passa um entusiasmo entra através dos versos e do instrumental, com a participação de Tessa e Teyana, que deixam a faixa mais pra cima, dando um destaque em especial. Deve-se dizer que a faixa é um pouco desconexa com a sonoridade central do álbum, mas também na sua composição, o que só enfatiza a bagunça que o álbum representa. Porém, é uma das melhores composições do projeto. ‘Santiago’ tem ótimas metáforas e é rica nesse quesito, fazendo com que as referências deem um up na qualidade da letra. ‘Fawning’, para uma faixa título, soa um pouco fraca e casual. Poderia ser mais trabalhada para ser mais carregada se informações que englobassem a situação geral do álbum. Das músicas que não falam sobre sexo, ‘Wash All Over Me’ é a mais rasa em conteúdo. Contém versos simples, em uma música que poderia estar expondo sentimentalismo extremo, mas ao invés disso, temos versos clichês como ‘tudo vai ficar bem, eu acredito no amanhã...’, deixando a desejar novamente no quesito composição. Stormi enfatiza que não precisa de amor, mas o álbum todo parece ser voltado à isso, sobre o amor por Bronx que não pode ser efetivado, o que torna mais confuso ainda. Em parceria com Alec, Stormi apresenta uma das melhores faixas do álbum. ‘Rid of You’ tem uma composição envolvente e leve, que tem contraste entre os versos e os versos de Alec acrescentam bastante no desenvolvimento da música. Seu visual não acrescenta muito no álbum, parece inacabado e preguiçoso, sem interesse em demonstrar uma coisa mais trabalhada e bonita visualmente. Seu encarte é tão bagunçado quanto o álbum, onde poucas páginas são harmônicas e algumas chegam à ser inelegíveis ou irreconhecíveis pelo efeito usado. É uma pena que depois de tanto tempo na indústria, Stormi ainda não tenha conseguido achar sua essência como cantora e compositora, e esse é o maior problema do ‘Fawning’. Vemos um potencial escondido, que precisa ser lapidado profundamente para que a cantora consiga extrair o seu melhor em um projeto futuro, e entender que juntar 16 músicas de temas misturados e iguais ao extremo em algumas ocasiões talvez não seja a melhor opção para fazer um álbum coeso e com qualidade. Diante disso, acreditamos que a cantora consiga entregar um álbum bem maior do que o que foi entregue, caso consiga focar sua atenção em objetivos produtivos: composições mais intensas, mais trabalhadas e mais complexas; além de se preocupar com a coesão geral e um encarte mais apresentável. Composição: 16 / Visual: 11 / Coesão: 10 / Criatividade: 12