Divine Feminine marca o retorno triunfal de Teyana T na indústria, mas dessa vez não estando sozinha. Na companhia das artistas, Ashford, Dahlia, Colen, Asha, Marie Vaccari, Sarah Mai, Heccy e Dallas, a rapper decide explorar a perspectiva feminina diante de acontecimentos de vivência correlacionado aos sentimentos que conseguimos sentir durante nossas vidas, ou melhor, trajetórias. Com um visual que se equipara a um planeta habitado por mulheres, com suas parceiras de colaboração e a própria Teyana T, com cada uma tendo seu espaço no visual do encarte na faixa em qual tem sua autoria. De inicio, com a faixa "Spectrum", com participação da cantora e compositora, Ashford, há essa iniciativa de um contexto espiritual, onde as artistas se perguntam por varias vezes por quais razões elas existem e qual seria o objetivo da vida. O que diverge da segunda canção que a acompanha, a faixa "Extraordinary", onde mostra Teyana T sem pensamentos duvidosos sobre a vida, muito pelo contrário, aqui a mensagem é sobre lutar independente das consequências e nunca desistir. Em "Achilles Heel", nota-se um primeiro contato do contexto gênero marcante do album até o momento, nessa faixa, em colaboração com a cantora Asha, preocupa-se em evidenciar que a vulnerabilidade não está envolvida com o fator de ser mulher, é um sentimento comum, que todos podem sentir independente do gênero e que deve ser normalizado, não sendo visto como uma característica feminina. "Horizon", facilmente, poderia ser o carro-chefe do Divine Feminine. Com muita expressividade, atitude, indignação, Teyana e Marie Vaccari estão cansadas de serem rotuladas e querem atravessar essa linha, traduzida como horizonte aqui, os versos são confiantes e diretos, principalmente os de Marie. "New Panorama", a faixa seguinte, corta esse fluxo feminino que trazia nas faixas anteriores, com uma direção mais ácida e pessoal. A canção se resume em um grande desabafo que não agrega muito na linha da proposta pelo album até o momento. Com uma grande participação de Sarah Mai, "Hurricane" não poderia ser diferente sem o seu teor metafórico, que Sarah sempre traz em suas canções e participações, e não é diferente aqui. A faixa possui um estrutura diferencial das demais, tratando sobre reciprocidade e usando metáforas em alusão a essa "intensidade" abordada, a canção, com certeza, possui um toque diferencial no álbum e se destaca. Em "Guns & Roses", a rapper se encontra em um término complicado, no qual nota-se uma grande ilusão amorosa e uma vontade de reatamento impossível, com versos muito bem elaborados e um refrão mas muito, muito bem feito. Encerrando o seu LP, a faixa "Lonely Thoughts", parceria com Dallas, ainda permanece sobre as consequências do fim de um relacionamento, onde ambas questionam quais motivos/razões levam a esse fim, seria por culpa do meu jeito? É alguma característica da personalidade? Do corpo? Seria um questionamento infinito que provavelmente sempre vai prevalecer. No entanto, Teyana T está disposta em se recompor após todos esses acontecimentos. Por fim, Divine Feminine traz sim uma perspectiva feminina em suas canções, em outras o que prevalece são sentimentos comuns que pode ser muito mais além de uma visão apenas feminina, como, por exemplo, a reciprocidade, a complexidade vivida em relacionamentos e os términos. Então, Teyana T cumpre sim o seu objetivo em grande parte do disco, mas em algumas canções não demostram fazer parte diretamente do enredo trazido. Não há duvidas alguma que Teyana T traz uma grande evolução nesse álbum e novidades, seu esforço é notório e sua vontade de escrever, de se expressar, é evidente em cada faixa, mesmo não estando sozinha nelas.