oh, how i miss myself é o álbum de estreia do cantor e compositor Hercules, um projeto descrito pelo próprio como um coming-of-age musical. Com nove faixas, incluindo duas colaborações, o álbum é uma reflexão íntima sobre amadurecimento, identidade e vulnerabilidade, produzido inteiramente pelo artista. O disco se abre com “Greek God”, uma faixa que faz referência direta ao semideus Hércules, explorando de forma lúdica e simbólica as adversidades da vida. Através de metáforas da mitologia grega, o artista constrói uma narrativa divertida, quase didática, que apresenta o tom reflexivo do projeto. Em “21”, Hercules convida Petter para uma colaboração sensível e tocante. A faixa, embora parta de um tema recorrente — o dilema de chegar aos 21 anos —, se destaca pela sinceridade e simplicidade. É, sem dúvidas, um dos momentos mais marcantes do álbum, transbordando autenticidade. A sequência vem com “this is what 22 feels like”, que amplia a reflexão, abordando o choque de realidade ao perceber que nem todo sonho se concretiza. O uso do pronome "você" cria um diálogo direto com quem ouve, tornando a faixa íntima e acolhedora, além de mostrar maturidade lírica ao fugir do lamento raso. Em “i dedicate this song”, Hercules entrega uma música universal, que poderia ser trilha sonora tanto de um filme quanto da vida de qualquer pessoa. A canção fala sobre como a música é, muitas vezes, a única coisa que resta após o fim de um amor — uma composição delicada e reconfortante. “wait for the future”, em parceria com Stacy McAdams, funciona como um chamado à esperança. Hercules e Stacy, na pele de dois jovens, cantam sobre resiliência, encorajando a não desistir, mesmo quando a vida parece esmagadora. Na introspectiva “damage”, o artista aborda o amor platônico, aquele sentimento guardado em silêncio para não destruir uma amizade. É uma faixa honesta, que explora a dualidade entre preservar vínculos e carregar dores não ditas. “disconnect” mergulha em uma busca quase arcadista por paz, mas deixa claro que, mesmo no refúgio, as feridas emocionais seguem presentes. A aceitação desse contraste é o que dá força à música. O álbum se encerra com “nothing is pink”, sua primeira composição e uma das mais potentes. Escrita durante a pandemia de Covid-19, a faixa reflete sobre depressão e isolamento, utilizando metáforas cromáticas — como o azul, que simboliza tristeza — de forma sensível e precisa. Visualmente, oh, how i miss myself adota um minimalismo que, apesar de simples, transmite aconchego e reforça a proposta honesta e direta do álbum. Em suma, o projeto é um retrato sensível do amadurecimento, com letras que criam empatia, melodias que acolhem e uma produção que, embora simples, é eficiente no que se propõe. Hercules entrega um trabalho que, apesar de não buscar grandes inovações, encanta pela sinceridade e pelo tato com que aborda temas universais.