Em seu segundo álbum de estúdio, Ashford abre as portas da sua casa quebrada para seu público, entregando um álbum bastante coeso e enxuto, contando uma história de quebra de confiança, dores internas e ódio durante as faixas do ‘Walls’. Sua composição melhorou bastante desde o seu primeiro álbum de estúdio, e aqui vemos uma artista que não tínhamos conhecido antes: uma artista totalmente disposta a abrir seu coração em composição puras, com tons reais e recheadas de sentimentos. O álbum inicia com ‘Nightmares Are Dreams Too’, que apesar da lógica, soa como uma faixa criativa para dar início a experiência dolorosa de Ashford. Dito isso, em alguns momentos a faixa não soa como uma introdução para a história, não parece estar de fato introduzindo uma narrativa, apenas dando sequência a uma. O contrário disso pode ser vista na estrofe final, que é bem colocada. ‘Family’ dá iniciativa real a narrativa do ‘Walls’ e mostra o lado mais vulnerável de Ashford, de uma forma que nunca tivemos a oportunidade de ver. A música relata seu relacionamento não tanto saudável com a sua família e como isso lhe prejudicou de uma forma agressiva, levando pontos por compor a letra de forma intensa e sincera, onde podemos sentir a experiência da cantora através dos versos. A ideia do segundo refrão talvez tenha sido equivocada, já que o primeiro é bem melhor do que o segundo e não consegue balancear a qualidade entre ambos, fazendo que o mesmo fique com menos brilho. ‘The Nightcrawler’ é uma música que deixa um clima agridoce por ter um enorme diferencial, mas que tinha tudo para a música acabar parecendo confusa, e foi o que aconteceu. A ideia de misturar duas ideias de diferentes significados é um pouco arriscada, já que a música pode acabar parecendo um pouco bagunçada em relação as duas propostas. Por outra parte, as composições de ambas partes da música são muito boas, mas juntas não parecem ter dado certo por serem temas bastante distintos. Embora a música tenha dois significados, talvez seguir com uma delas fosse a melhor opção, provavelmente a segunda parte da música. ‘Sharps Objects’ ganha pontos por sua agressividade necessária, e os versos de Victer Saint caíram como uma luva para aumentar a qualidade da música. Junto com ‘Sharps Objects’ e ‘Family’, ‘Bloodline’ é uma das melhores músicas do álbum. Ashford faz referência a tentativa de desvinculo com a sua família através de uma arvore genealógica, e esse é o diferencial da música em relação a todo o resto. A artista colocou a música de uma forma criativa, liricamente bem apresentada e cheia de intensidade. ‘Behind The Walls’ é um questionamento necessário para o álbum, se não a faixa mais importante de todo o álbum para dar sentido a todo o álbum. É um dos destaques positivos do álbum, por englobar toda a ideia do projeto e ter uma letra precisa, bem composta e que transmite emoção em quase todos os versos. Quando a artista questiona quem somos através das paredes, faz com que além de se conectar com o ouvinte, faz com que o álbum ganhe um sentido geral. Em ‘Open’, Ashford fala sobre suas barreiras emocionais e com um refrão incrível, conta é difícil estar na sua própria pele ao não conseguir se abrir de forma verdadeira, com uma introdução de duplo sentido fazendo com que a música cresça em qualidade. Finalizando o álbum com ‘Find Myself’, Ashford cria referências para o próximo álbum, criando uma faixa de encerramento englobando todos os acontecimentos do projeto a caminho de encontrar a si mesma. É uma faixa de encerramento mais do que ok, está bastante bem elaborada em suas referências que só deixaram a música melhor. Seu visual é coeso com a proposta do álbum, uma aparência simples com rachaduras fazendo referência uma casa é o que poderia ser esperado para o seu visual, que estaticamente está bonito; porém como observação, algo que incomoda é que os textos do encarte não estejam totalmente visíveis, onde embora não seja necessário para avaliação, é algo que é levado em conta como apresentação visual do trabalho como um todo. Outro ponto forte no álbum, são os áudios editados pela artista para dar ênfase no conceito do seu trabalho, tendo colocado introduções variadas nas músicas que acabaram fazendo toda a diferença para a interpretação da mensagem, nisso podemos dizer que foi o ponto crucial para o álbum. Ashford se mostrou ser uma artista completa em diversos pontos com o ‘Walls’, aprimorando seu talento como compositora ao contar sua história através da sua música de uma forma que realmente transparecesse sua verdadeira forma, e dentre acertos e pouquíssimos defeitos, ‘Walls’ pode ser uma grande aposta para a indústria musical em um futuro não tão distante. Composição: 30 / Visual: 21 / Coesão: 20 / Criatividade: 19