# | Título | Tipo | Streams | |
---|---|---|---|---|
1 | Adam Carter | track | 31,172,566 | |
2 | Adam Carter | single | 867,030,597 | |
3 | Adam Carter feat. Ayla | track | 31,037,101 | |
4 | Adam Carter | track | 30,670,574 | |
5 | Adam Carter | track | 31,061,039 | |
6 | Adam Carter feat. Hannah Cantwell | single | 895,847,994 | |
7 | Adam Carter | single | 870,001,592 | |
8 | Adam Carter | track | 30,973,372 | |
9 | Adam Carter | single | 873,525,260 | |
10 | Adam Carter feat. Kaleb Woodbane | single | 1,170,620,999 | |
11 | Adam Carter | single | 1,147,507,700 |


84
No aguardo segundo álbum de estúdio de Adam Carter ele canta sobre sua irmã que faleceu, um álbum bastante delicado e recheado de momentos tristes, mas também muito sincero. Adam consegue transmitir através das faixas cada sentimento que sua irmã sentiu, o anjo protetor narrando a história trouxe a famosa visão de quem vê tudo de fora da cena. Relatar isso no álbum poderia ser de muito gatilhador e problemático, mas Adam conseguiu cortornar bastante a situação, em vários momentos as metáforas funcionaram muito bem, o que é louvável da parte do cantor. Além da grandiosa \'Empty Lines\' que é um dos maiores destaques desse álbum temos a faixa \'Bodies on Fire\' que além de encerrar o álbum em grande estilo também consegue amarrar todo o conceito do álbum em música só. A música por si só tem uma mensagem muito bonita e todo a mensagem que esse álbum quer passar é muito delicado, porém necessário. Adam pecou em álguns momentos, mas entendemos que talvez seja pela forma que o conceito é abordado, é delicado e isso por algumas situações pode soar de formas diferentes para cada um que ouve. Entrando no tópico vísual, \'Overexposed\' tem o visual muito polido e que conversa muito entre si, os desenhos enriquecem muito o visual e trazem um ar diferente e fora do habitual (que é colocar o png mais um background). Sendo o ponto mais alto visual a sua própria capa que parece que Adam está correndo atrás de álguem ou algo, é muito bonito a forma de como os desenhos complementam a cena formando toda a estrutura da imagem. Por fim, Adam entregou um trabalho muito bom, tanto visualmente como lírico, o astro R&B entregou um álbum sincero e delicado com êxito. COMPOSIÇÃO 28 / CRIATIVIDADE 16 / COESÃO 17 / VISUAL 23

76
“Overexposed” é o segundo álbum de estúdio do cantor Adam Carter, introduzido pelos singles “Empty Lines” e “Epicenter”. O disco inicia com a faixa Intro, que cumpre seu papel e notifica o leitor sobre o que virá a seguir - tem uma escrita agradável mas seus versos poderiam ser melhor sintetizados. “Afflicted Torments” é o começo real do trabalho e trabalha com um eu lírico que observa o relacionamento abusivo de alguém próximo à si, analisando ambas as partes e tirando suas próprias conclusões - há uma ótima composição e coesa, mas com alguns pontos que poderiam ser melhores; talvez uma profundidade maior aos sentimentos ao invés dos fatos ocorrentes entre os namorados oferecesse à faixa uma pessoalidade superior. A terceira canção, “Silent Prayer”, tem uma melhora significativa, com um refrão muitíssimo bom (“Sem ter mais forças, ela tenta gritar // Implorando a Deus para que ele a escute // Enquanto você a deixa sem opção, a não ser se entregar // Ela implora ajuda para a luz, na esperança de que ela a encontre // Alguém está escutando?”), brincando com a mitologia cristã enquanto ainda trabalha muito bem com a personagem principal - palmas à Adam e Tyler, que realmente conseguiram forjar um trabalho belíssimo aqui. A temática da faixa seguinte, “Stained”, beira o apelativo e desnecessário, abordando abuso sexual em segunda pessoa, sendo esta última característica uma escolha sábia por parte de Adam. Tem uma boa composição, mas seus versos demasiadamente extensos acabam prejudicando a dinamicidade da faixa - é necessário frisar que isso está longe de afetar negativamente o trabalho, apenas acharíamos melhor que os versos fossem mais sucintos e menos maçantes em geral. A canção nº5, “Bad & Angry”, é razoável, com alguns versos ruins, mal trabalhados e que afetam a coesão da faixa em si, vide “Garotas não choram quando acertam em suas atitudes // E eu mostrarei que suas vitórias fizeram dessa nação melhor // Porque a população apenas deveria agradecer, mas no fundo você sabe que são rudes // E sim, eles irão torcer para sua queda porque eles são egoístas e querem te ver na pior”, que parece desconexo e aleatório, sem relação alguma com as estrofes seguintes. Quando se aborda um assunto extremamente íntimo e pessoal, como estupro, é necessário agir com delicadeza - ou talvez evitar abordar uma temática séria e real num jogo virtual fosse mais apropriado e sensato -, o que não foi observado aqui, já que o episódio torna-se em algo moral, misturando uma tragédia que ocorre com múltiplas pessoas à uma diss track, vide o trágico verso “Você saberá que as pessoas irão te odiar por pensarem que elas estão certas”. Essa simplesmente não é uma boa abordagem e tudo aqui parece muito errado, eticamente falando. Em “Epicenter”, finalmente a temática emocionalmente apelativa é deixada de lado, com o autor voltando-se para tratar de ansiedade. Há uma boa liricidade, mas novamente há versos extensos e maçantes sem nenhuma necessidade, com eles podendo ser encurtados, enxutos ou em alguns casos até mesmo apagados. Apesar disso, o lead single da era é bom e agradável, estabelecendo um elo entre a letra e o leitor, que pode se identificar com o que está sendo dito naturalmente. A parceria com Hannah Cantwell, “SKY”, dá sequência à introspecção de “Epicenter”, abordando saúde mental de uma maneira agradável e com bons versos, cativantes, bem posicionados e bem escritos - especificamente os versos de Cantwell são mais curtos e enxutos, o que pesa positivamente para dinamicidade da faixa, parabéns. Em seguida, se tem “Empty Lines”, que conta com o cantor Kaleb. O artista convidado tem versos curtos, dinâmicos e longe de maçantes, o que infelizmente não pode ser aplicado ao restante da faixa, que parece sem sentido em algumas partes, como o próprio refrão, vide “Eram muitas linhas vazias cruzando o seu futuro sem promessas”, em que ‘linhas vazias’ parece simplesmente não ter sentido algum dentro da faixa e não dialoga com nada mais, afetando sua coesão. A temática das drogas também poderia ser melhor trabalhada. Apesar disso, é uma canção legal. Finalmente em “Better” há uma maior dinamicidade, com versos menores e bem escritos, que atraem a atenção do leitor e permitem uma maior poeticidade ao trabalho. Aqui, Adam também utiliza figuras de linguagem com maestria, como visto em “Sentado naquela mesa redonda você está com seus sentimentos aflorados // Sua raiva está saindo de sua boca como canhões armados” - palmas ao artista. “Actually Need” tem uma composição agradável, com um ótimo refrão e bom desenvolvimento, com o verso “Às vezes o que você realmente quer não é o que você realmente precisa” basicamente sintetizando tudo o que foi abordado na canção. Por fim, há “Bodies on Fire”, que é de longe a melhor no disco, com versos lindos e bem construídos, e apesar de possuir versos muito extensos, eles são realmente muito bons e chamam a atenção do leitor. Há uma ótima sensibilidade e construção lírica aqui, parabéns ao compositor. Voltando-se agora para o visual do álbum, nota-se que ele é ótimo, com desenhos que interagem com as figuras do cantor e formam um projeto gráfico singular - apesar disso, a página de “SKY” poderia ter mais algum conteúdo, parecendo relativamente vazia em comparação às demais; as páginas de “Better” e “Actually” são muito boas, mas poderiam ter os indivíduos em fotos coloridas para combinar com o restante do encarte, afetando um pouco a sua sintonia. A capa é belíssima e com seus elementos muito bem distribuídos. Falando-se agora de coesão, percebe-se que o disco em si é bastante coeso, com exceção das páginas divergentes citadas anteriormente e o fato de Carter optar por “trocar” o eu lírico no meio do disco - no início era alguém ‘de fora’, que observava sua amiga sofrer, e de repente, sem motivo aparente, o novo eu lírico é a própria amiga que sofre e narra sua vida em primeira pessoa. A criatividade no visual é inegável, muito bem usada, entretanto, as letras e o conceito em geral pecam no quesito. A constante abordagem de temas e desenvolvimentos apelativos sem conexão aparente (estupro, drogas, bullying etc) é algo que pesa negativamente para o trabalho. Há como chocar ou emocionar o leitor sem tratar desses assuntos, e também há formas melhores e mais sensíveis de trabalhá-los. Especificamente a temática do estupro, achamos que foi um erro traze-lá aqui - ela parece algo jogado, sem motivo para estar ali a não ser “chocar”, sendo apelativo e desnecessário. Assim, reiteramos o que foi dito na análise das faixas: ‘talvez evitar abordar uma temática séria e real num jogo virtual fosse mais ético’. Concluímos que Overexposed é um álbum bom, mas com erros pontuais e uma composição por vezes exaustiva que poderia ter sido melhor redigida caso o compositor optasse por versos mais sucintos e sem tanto “enchimento de linguiça” desnecessário. || Composição: 31/40 || Visual: 20/25 || Coesão: 17/20 || Criatividade: 8/15 || Nota=31+20+17+8=76.

70
Em seu segundo álbum, a superestrela da música R&B encontra um som mais original, mas se esforça para criar letras que não sejam desconfortáveis e difíceis de serem engolidas. Carter vai e cria um conceito verdadeiramente digno de ser puxado para fora. Já é difícil o suficiente para aturar sua constante insensibilidade, seus clichês e suas metáforas manchadas, quando analisamos ‘Overexposed’ como uma ideia inicial, não é de bom grado, é como se estivéssemos no penhasco para cair no prescindível, “narrar” um estupro que não aconteceu nem com você é de extremo gatilho para qualquer um que tenha proximidade com o álbum, até mesmo quando entramos dentro da história de um RPG e interpretação, isso se torna mais banal que o normal. A noção que o álbum nos passa, vendo de fora é que foi usado uma situação violenta como metáfora para o que Adam sente, um jogo de confiança e escolhas. Sem demais delongas “Intro” e “Afflicted Torments” iniciam o prólogo do álbum com uma proposta clichê, mas ainda interessante porque a composição de Adam está afiada e consegue expor com sagacidade o que está sentindo sobre determinada situação. Em parceria com Tyler Beaumont, “Silent Prayer” é definitivamente uma canção para ser descartada, não há pontos relevantes para ser levados em consideração a não ser a extrema insensibilidade com o assunto e muitas vezes deixar com que um estupro soe como uma queda de bicicleta, puxando uma corrente com “Stained” que novamente, se encontra como uma faixa descartável pelos mesmos motivos da anterior: é insensível. “Bad & Angry” é um tanto controversa pelo eu-lírico estar dizendo um sutil “eu avisei” dentro dos versos, e automaticamente colocando o sujeito em situação de culpa, não tem mínima aproximação com a delicadeza e o que torna ela ainda mais fútil é que parece que Adam está usando as situações que enfrentou na indústria como metáfora a um estupro, semelhando-se com uma diss-track de baixo calão. “Epicenter” é uma boa canção porque afasta dessa narrativa problemática e traz a contextualidade da ansiedade com um pouco mais de delicadeza, “S.K.Y” é cansativa, parece um apanhado de tudo o que aconteceu nas canções anteriores e não há uma mudança na narrativa a não ser a desolação e molesta, o ponto positivo é que Adam conseguiu colidir com “Empty Lines” que dá uma corda para iniciar o assunto sobre entorpecentes, “Empty Lines” é um tanto agridoce ao álbum, os versos de Adam beiram a excelência e entrega algo novo e interessante, uma nota de rodapé é que a canção é toda feita no masculino e o álbum aborda uma perspectiva feminina, não é um puxão de orelha, apenas uma notificação para prestar mais atenção nos detalhes e também carrega uma boa musicalidade que gostaríamos de ter visto no álbum inteiro, a única nota negativa é que os versos colidem assuntos distintos. “Better” “Actually Need” e “Bodies On Fire” são boas e provavelmente as melhores canções do projeto, é onde temos um suspiro da boa composição e rimas de Adam, mesmo que fuja um pouco do conceito do álbum, destacando “Bodies On Fire” como a verdadeira estrela do projeto e uma faixa excepcional para fechar o álbum. Visualmente é excelente, Charli entrega um trabalho digno de aplausos da primeira até a última página, muito bem detalhado e dinâmico, destacando o uso das fontes como o ponto alto do visual, mesmo que não converse com o álbum em nenhum aspecto. É um tanto questionável as verdadeiras intenções de Adam com esse álbum quando entramos a fundo no contexto de “Overexposed”, como um todo, é uma obra irresponsável e que cai em muitos buracos de indelicadeza e apelação. Há uma quebra incomoda de lírico no começo e no final do álbum, onde há uma mudança de pronomes que torna toda a narrativa confusa. Há um grande passo para Carter tomar na hora de criar uma ideia conceitual do álbum, liricamente vemos uma evolução em entregar boas rimas, apesar de ter versos que parecem estar lá para preencher. COMPOSIÇÃO: 27/35 | CRIATIVIDADE: 5/20 | COESÃO: 8/15 | VISUAL: 30/30

85
Em seu segundo álbum de estúdio, Adam Carter abre as portas do seu imaginário e seu coração para contar a história de Sierra, irmã do cantor, em relatos conturbados da sua vida antes de se suicidar. Em termos de histórico, é notável que Adam vem falando sobre isso à um bom tempo, não só de Sierra, mas em seu EP lançado um tempo atrás ‘post mortem’, que também fala sobre morte. Embora sejam histórias completamente distintas, deixa o questionamento sobre a criatividade de Adam ao decorrer dos seus trabalhos e também torna um pouco cansativo quando as histórias acabam se cruzando no geral. Em um geral, o álbum contém boas composições e uma história completamente intensa que em alguns momentos lhe tirar o fôlego, mas que com ao decorrer da história já não tem tanta força para impressionar, como nas faixas finais. O álbum inicia com ‘Afficted Torments’, logo após a intro do álbum, onde a letra mostra um lado vulnerável de Adam ao cantar sobre o supostamente fez a sua irmã sofrer e como ele lida com isso. A letra é intensa e emotiva, sendo um ponto forte para início do álbum e o seu refrão é genuíno, onde conseguimos sentir cada parte da mensagem nas letras. Já em ‘Silent Prayer’, entramos em um universo mais sombrio em relação a história. A música contém versos pesados e carregados de significados externos, já que a história contada é de uma terceira pessoa não envolvida. Digamos que a letra da música tem detalhes que poderiam ter sido explorados com mais cautela, e que talvez seja um pouco problemático que o artista sendo homem (o artista em si), cantar sobre uma agressão contra a mulher; mas de fato, como a personagem está morta, talvez tenha sido a melhor forma encontrada de demonstrar sua raiva ou até um tributo com detalhes mórbidos, e o que não é tão ruim já que deixa a música com tom realístico, mas pode assustar um pouco pela má energia que transmite. Outro detalhe importante é que a música tem um tom muito pessoal para Adam, já que era sua irmã, o que faz a parceria de Tyler ou de qualquer outro artista parecer totalmente desnecessária, apesar de bons versos. E o álbum segue na vibe agressiva com ‘Bad and Angry’, com versos complexos e autoexplicativos sobre a história do álbum. Contém versos importantes para construção do álbum e entre os destaques do álbum, já que cita a história de uma forma mais leve em relação aos outros, e sem perder a essência agressiva que o álbum carrega. ‘Epicenter’ chega como a melhor escolha para o lead single do álbum. A música é criativa e muito bem composta, sendo o maior acerto entre as letras da música até o momento da LP. ‘SKY’ é uma música que soa como uma parceria, já pelo tema desde a forma que é composta, sentimos a necessidade de uma pessoa para completa-la, porém, os versos de Hannah são um pouco fracos em relação a profundidade que Adam coloca nos versos, deixando um pouco a desejar nesse quesito. Como um todo, a parceria é instável em alguns momentos, porém tem momentos que se encaixam. Junto com ‘Epicenter’, ‘Empty Lines’ é uma das melhores músicas do álbum, o que mostra que Adam soube bem escolher os singles. A parceria com Kaleb além de ser conexa com o álbum em si, se conectam de forma inteligente entre os versos. A música contém versos lapidados de forma inteligente, principalmente no seu refrão e os versos do artista convidado que complementam bastante, o que mostra que Adam além de escolher bem a parceria, vem acertando nos refrãos de várias canções do álbum. As faixas seguintes: ‘Better’ e ‘Actually Need’ não são ruins, mas quando o álbum gira em torno da mesma narrativa, é necessário a tentativa de deslocar um pouco a narrativa para que não soe tão repetitivo ao decorrer, e isso acontece um pouco no ‘Overexposed’. Apesar de temas centrais distintos, o ar que a música carrega é que já lemos sobre isso em algum momento do álbum, que já sentimos sobre isso, que já acompanhamos, o que deixa a reta final um pouco cansativa. O álbum encerra de forma intensa e com bastante sentimentalismo e emoção envolvida em cada parte da letra de ‘Bodies on Fire’. Mesmo sem ter um devido fim, e o fim real da história, Adam conseguiu finalizar o projeto dando um espaço em aberto e ao mesmo tempo, dando um fim a ele. A ideia da música é mostrar a personagem se questionando antes de fato dar fim a sua vida, o que é expresso na música. Em seu visual, Adam entrega seu melhor encarte tanto quanto a criatividade, como a qualidade visual. O álbum contém lembra também um pouco o visual do seu EP antigo, o que faz sentido mencioná-lo tanto aqui quanto antes, mas que mesmo assim não perde sua essência criativa em questão visual, com cada detalhe feito especialmente para ele, sendo seu maior triunfo no ‘Overexposed’. Uma das considerações finais é que o álbum aborda questões como aborto, violência sexual/física contra a mulher de forma de protesto, em certas partes, mas soa um pouco controverso quando quem está com o microfone fazendo o discurso é um artista masculino mesmo que seja de forma de justiça à morte da sua irmã, seus versos vão um pouco mais além como em ‘Silent Prayer’. Adam trouxe um segundo álbum de estúdio que não fala diretamente sobre si mesmo, e que mesmo que tenha sido em terceira pessoa, acreditamos que estamos mais próximos do verdadeiro Adam Carter do que antes do lançamento do álbum; e que apesar de ter pontos um pouco controversos em alguns momentos, sua importância não deve ser desvalorizada. Composição: 27 / Visual: 24 / Criatividade: 17 / Coesão: 17

86
Em seu segundo álbum de estúdio, Adam Carter abre as portas do seu imaginário e seu coração para contar a história de Sierra, irmã do cantor, em relatos conturbados da sua vida antes de se suicidar. Em termos de histórico, é notável que Adam vem falando sobre isso à um bom tempo, não só de Sierra, mas em seu EP lançado um tempo atrás ‘post mortem’, que também fala sobre morte. Embora sejam histórias completamente distintas, deixa o questionamento sobre a criatividade de Adam ao decorrer dos seus trabalhos e também torna um pouco cansativo quando as histórias acabam se cruzando no geral. Em um geral, o álbum contém boas composições e uma história completamente intensa que em alguns momentos lhe tirar o fôlego, mas que com ao decorrer da história já não tem tanta força para impressionar, como nas faixas finais. O álbum inicia com ‘Afficted Torments’, logo após a intro do álbum, onde a letra mostra um lado vulnerável de Adam ao cantar sobre o supostamente fez a sua irmã sofrer e como ele lida com isso. A letra é intensa e emotiva, sendo um ponto forte para início do álbum e o seu refrão é genuíno, onde conseguimos sentir cada parte da mensagem nas letras. Já em ‘Silent Prayer’, entramos em um universo mais sombrio em relação a história. A música contém versos pesados e carregados de significados externos, já que a história contada é de uma terceira pessoa não envolvida. Digamos que a letra da música tem detalhes que poderiam ter sido explorados com mais cautela, e que talvez seja um pouco problemático que o artista sendo homem (o artista em si), cantar sobre uma agressão contra a mulher; mas de fato, como a personagem está morta, talvez tenha sido a melhor forma encontrada de demonstrar sua raiva ou até um tributo com detalhes mórbidos, e o que não é tão ruim já que deixa a música com tom realístico, mas pode assustar um pouco pela má energia que transmite. Outro detalhe importante é que a música tem um tom muito pessoal para Adam, já que era sua irmã, o que faz a parceria de Tyler ou de qualquer outro artista parecer totalmente desnecessária, apesar de bons versos. E o álbum segue na vibe agressiva com ‘Bad and Angry’, com versos complexos e autoexplicativos sobre a história do álbum. Contém versos importantes para construção do álbum e entre os destaques do álbum, já que cita a história de uma forma mais leve em relação aos outros, e sem perder a essência agressiva que o álbum carrega. ‘Epicenter’ chega como a melhor escolha para o lead single do álbum. A música é criativa e muito bem composta, sendo o maior acerto entre as letras da música até o momento da LP. ‘SKY’ é uma música que soa como uma parceria, já pelo tema desde a forma que é composta, sentimos a necessidade de uma pessoa para completa-la, porém, os versos de Hannah são um pouco fracos em relação a profundidade que Adam coloca nos versos, deixando um pouco a desejar nesse quesito. Como um todo, a parceria é instável em alguns momentos, porém tem momentos que se encaixam. Junto com ‘Epicenter’, ‘Empty Lines’ é uma das melhores músicas do álbum, o que mostra que Adam soube bem escolher os singles. A parceria com Kaleb além de ser conexa com o álbum em si, se conectam de forma inteligente entre os versos. A música contém versos lapidados de forma inteligente, principalmente no seu refrão e os versos do artista convidado que complementam bastante, o que mostra que Adam além de escolher bem a parceria, vem acertando nos refrãos de várias canções do álbum. As faixas seguintes: ‘Better’ e ‘Actually Need’ não são ruins, mas quando o álbum gira em torno da mesma narrativa, é necessário a tentativa de deslocar um pouco a narrativa para que não soe tão repetitivo ao decorrer, e isso acontece um pouco no ‘Overexposed’. Apesar de temas centrais distintos, o ar que a música carrega é que já lemos sobre isso em algum momento do álbum, que já sentimos sobre isso, que já acompanhamos, o que deixa a reta final um pouco cansativa. O álbum encerra de forma intensa e com bastante sentimentalismo e emoção envolvida em cada parte da letra de ‘Bodies on Fire’. Mesmo sem ter um devido fim, e o fim real da história, Adam conseguiu finalizar o projeto dando um espaço em aberto e ao mesmo tempo, dando um fim a ele. A ideia da música é mostrar a personagem se questionando antes de fato dar fim a sua vida, o que é expresso na música. Em seu visual, Adam entrega seu melhor encarte tanto quanto a criatividade, como a qualidade visual. O álbum contém lembra também um pouco o visual do seu EP antigo, o que faz sentido mencioná-lo tanto aqui quanto antes, mas que mesmo assim não perde sua essência criativa em questão visual, com cada detalhe feito especialmente para ele, sendo seu maior triunfo no ‘Overexposed’. Uma das considerações finais é que o álbum aborda questões como aborto, violência sexual/física contra a mulher de forma de protesto, em certas partes, mas soa um pouco controverso quando quem está com o microfone fazendo o discurso é um artista masculino mesmo que seja de forma de justiça à morte da sua irmã, seus versos vão um pouco mais além como em ‘Silent Prayer’. Adam trouxe um segundo álbum de estúdio que não fala diretamente sobre si mesmo, e que mesmo que tenha sido em terceira pessoa, acreditamos que estamos mais próximos do verdadeiro Adam Carter do que antes do lançamento do álbum; e que apesar de ter pontos um pouco controversos em alguns momentos, sua importância não deve ser desvalorizada. Composição: 27 / Visual: 24 / Criatividade: 17 / Coesão: 18