“FEVER!” é o terceiro álbum de estúdio da cantora e compositora Colen. Sendo a primeira vez que a artista se aventura no universo das produções, sendo responsável por produzir os visuais de seu disco sozinha, ela se diverte no projeto mais objetivamente leve de sua carreira, ainda que as experiências passadas sejam carregadas nas entrelinhas de suas letras. Os visuais chamam a atenção por seu preparo peculiar para uma primeira produção feita por Colen; os planos de fundo se portam como simplistas, prendendo-se ao conceito das cores escolhidas, e é nisso que a fotografia se apoia para deixar sua marca. A primeira faixa, “Radio Station”, é um electropop co-escrito com Alex Fleming e segue os passos do projeto anterior da cantora, onde as emoções eram mais complexas em sua descrição; aqui, ela se refere a um antigo relacionamento e a todos os motivos pelos quais o mesmo terminou, encerrando com Colen instigando o temor de seu ex-parceiro pelo assombrar de seu nome nas estações de rádio. “What a Girl Needs” segue a sequência da tracklist e se aprofunda mais nas sensações entregues na faixa anterior, com Colen dando mais sinais da infidelidade e da insensibilidade de seu antigo amor; a faixa imerge no synthpop para se encaixar na típica categoria de músicas para se chorar enquanto dança, e o faz com sucesso. “Candy Store” traz o pós-término, onde Colen se vê se interessando por outras pessoas pela primeira vez em um bom tempo; a progressão narrativa é clara dentro dos próprios versos, o que torna a faixa a mais bem estruturada e impactante da primeira tríade de canções do CD. “The A Team”, quarta faixa do disco e primeira das collabs, traz Colen convidando St. Maud e Penelope (“gerações diferentes de cantoras pop”, como ela descreve no encarte) para uma música com o propósito de ser tocada nas festas para empolgar e empoderar o ouvinte ao ápice das chamadas “braggadoccio”, que possuem o intuito de supervalorizar o eu lírico ao limite. O verso contrito e direto ao ponto de St. Maud contrasta bem com os versos longos de Colen, que aqui infelizmente trabalham contra seu favor, e com os versos curtos de Penelope, que possui uma tímida, mas efetiva presença. Em “Girls Burning Down”, também co-escrita com Fleming, Colen descreve as conflitantes emoções de tentar dar um “chega pra lá” em homens que querem colar nela na pista de dança quando tudo o que a autora quer é se divertir com suas amigas pela noite. É uma faixa onde o ouvinte consegue sentir o contraste de seus dois compositores entre os versos e os refrões, o que não diminui seu brilho, mas dá uma cara intrigante ao resultado. “No Angel”, canção número 6 do álbum, Colen se entrega a uma paixão ardente e traz uma lírica mais sensual (e sexual) ao projeto; a adição da faixa é bem-vinda nesse aspecto não só por casar bem com a proposta do título do álbum, mas também por a cantora se mostrar controladora na cama, mas ainda disposta a dar e sentir a troca do prazer com seu par. A faixa-título do CD, “Fever!”, mostra a artista incorporando o espírito febril do conceito que traz ao projeto como um todo e se posiciona como uma faixa que encapsula todos os significados e efeitos de uma febre nos sentidos mais metafóricos e literais. “Final Fantasy” é a última das colaborações do disco; ao lado de Seri, Colen expande as noções fantasiosas da sensualidade entre um par romântico já descritas nas duas canções anteriores a esta, e talvez por isso, acabe sendo uma representação que não soa tão inédita aqui. “Get It Together” é a faixa que encerra o álbum; Colen transita entre modos de humor dos versos ao refrão, indo de um sentimento em paz consigo mesma ao mesmo sentimento rancoroso e vingativo visto na primeira faixa do disco, o que traz uma sensação de ciclo que se repete da forma mais bem-vinda possível, sendo uma elevação da narrativa nos minutos finais da experiência. Tendo sido lançado entre dois dos projetos mais profundos da carreira de Colen (“SUPERPOP” e “Post Beach Apartment”, respectivamente), “FEVER!” não é um dos projetos pelos quais a cantora poderia ser mais conhecida e celebrada, sendo caracterizado por momentos onde a lírica estende sua estadia de modo relativamente cansativo e momentos onde a caneta da compositora parece mais ínfima do que antes, mas se porta como um vislumbre e um retorno a terrenos já familiares no campo de composição da artista.