Stelar lança, 4 anos após o lançamento de seu aclamadíssimo “Lovenotes”, seu quarto álbum de estúdio intitulado “tribute to a lifetime”. Após um grande tempo de espera e imprevistos que interromperam o desenvolvimento do projeto, a artista nos entrega o seu mais novo álbum, que carrega os gêneros alternativo, rock e folk. Apresentando canções que passeiam pelos temas centrais do álbum, sendo eles, depressão, traumas, luto e fama, durante suas 12 faixas, o álbum se destaca, para o ouvinte, como um período de contemplação do diário pessoal da artista, a qual descreve o mesmo como “Uma odisseia sobre minha mente e meus medos”, classificando-o como “trágico, cru e extremamente realista”. O carro-chefe do álbum, “Canyons”, é um dos grandes destaques líricos do projeto, com uma estrutura rica e uma composição bem feita, Stelar entrega uma obra digna de premiação por sua escrita. O primeiro single do álbum transmite uma sensação de acomodação com a melancolia, tristeza e solidão, sendo perceptível um sentimento de deslocação por parte do eu-lírico que, exausto de lutar por uma esperança de vida, se entrega a conformidade do fracasso pessoal. Destaque para o pré-refrão da faixa que é muito bem elaborado em suas linhas e que, em partes, carrega grande peso da profundidade da canção. “a place to rest” com Steve Bowie é gloriosa e compete com a faixa citada anteriormente como as melhores do projeto, aqui Stelar discorre sobre a sua relação conflituosa com o luto, com a perda de alguém amado. É uma canção de lírica sensível, forte e vulnerável que, apesar de ser uma faixa melancólica, tem o seu destaque e essência única, que é necessário para que não seja apenas mais uma canção triste. A abordagem tão pessoal relacionada ao luto é claramente de identificação imediata com o ouvinte, é possível sentir e visualizar a dor do eu-lírico, ainda mais quando se passa por alguma experiência relacionada, é uma lírica precisa em suas palavras, é direta e, realmente, muito crua, podendo ser classificada como uma melancolia agressiva por parte da artista. “unknown poetry” é o terceiro grande destaque do projeto, a canção em colaboração com os artistas Alex Fleming e Maddie Taylor é verdadeiramente uma ótima poesia, uma sinfonia que soa harmoniosamente entre os três, contém versos bonitos e muito bem construídos. A faixa contém um ar mais puro, leve e feliz em comparação as demais faixas do projeto, podendo funcionar até como um hino para os sonhadores que, por muitas vezes, desacreditados de suas vidas e futuros mas que, ainda assim, esperam pelo o melhor da jornada. Menção honrosa para a belíssima “Lucy”, homenagem íntima de Stelar que, com certeza, traz um toque fundamental para a construção do álbum. Visualmente o álbum é agradável, entretanto, sem muitos riscos, mas funciona muito bem ao analisarmos a ideia proposta pelo álbum e levarmos em consideração uma Stelar despida de tudo o que lhe faz forte. Por fim, após extensa análise do quarto projeto de estúdio de Stelar, podemos apontar a maestria da artista em descrever e transformar seus sentimentos em canções, ela nos entrega um trabalho completo e que apenas reafirma o talento da artista. “tribute to a lifetime” é um lindo álbum, é bem feito, apesar que, em alguns momentos, pode chegar a ser cansativo para o ouvinte com relação as suas temáticas que, apesar de serem precisas, chegam a ser muito repetitivas entre as canções em uma visão ampla, como, por exemplo, a sequência de três músicas que abordam sobre o luto — “a place to rest”, “forever” e “lost in your footsteps” — que, em certos momentos, se demonstram similares, onde, se houvesse a troca de versos entre as mesmas, não seria algo perceptível e deslocado. É um grande projeto que desliza somente por se manter, em momentos específicos, numa melancolia padronizada, sem diferenciais ou aprofundamento. Em conclusão, Stelar nos entrega um majestoso projeto, não perfeito, mas que demonstra enorme potencial e que, com toda certeza, é um dos destaques do ano. É um clássico instantâneo de fácil identificação do ouvinte, é sincero e muito belo.