'My Chemical Romance' trata-se do mais novo álbum de estúdio da cantora sul-coreana Suzy, sendo composto pela mesma em parceria com Marco e Zane; e contando com uma produção assinada por Penelope. Neste trabalho, a artista aposta numa amálgama de KPop, Rock e Pop tradicional.
A obra possui dez faixas, uma dela contando com uma colaboração com o astro Junggaram, e abertura do mesmo se dá com a intro 'Rage in the Eyes' – com co-composição de ZANE – e conta com uma composição densa, melancólica e marcada por uma escrita simbólica e emocional, evocando temas de identidade, frustração e libertação. Soando quase que como um hino iconoclasta, onde Suzy, ou o eu-lírico, se mostra disposta a destruir sua própria imagem em vez de se encaixar ao que lhe foi imposto. É uma ótima abertura e conta com bastante atitude.
'Heart Crash' vem em seguida, sendo uma composição inteiramente de Suzy, e destoa um pouco da anterior por não ser tão alegorica, carregada de metáforas e analogias. Aqui a artista é direta e relata as dores de um relacionamento desgastado, cansado e que há indícios de uma traição por parte do outro lado. É uma balada forte e melancólica, que funciona muito bem como sequência. Diferencia do tom da abertura? Sim, mas mantem o padrão. 'Half-Empty Girl' segue com o tom e a narrativa criada na sua antecessora, mas agora mostrando Suzy, ou o eu lírico, passando pela fase de luto do relacionamento que foi findado – explorando muito bem todos os sentimentos que nutrimos nesta fase, inclusive a raiva. A obra se encerra nos dando um pouco de esperança de dias melhores.
'Poison', primeiro single do registro, chega e esta canção retrata claramente um relacionamento extremamente tóxico, algo que consegue ser bom e doce na mesma medida em que é doentio e cruel. Esta é uma excelente canção, embora acaba deslocada na tracklist diante da narrativa que veio sendo construída até aqui. 'Hearts Are Breaking' vem em sequencia e trata de um eu lírico reconhecendo o quão danoso foi aquele amor e como ela dedicou para alguém que nunca foi seu. Apesar de ser uma canção interessante, soa um tanto deslocada na narrativa e um pouco repetitiva quanto a temática.
'Elizabeth Was a Dark Queen' chega bagunçando um pouco as coisas e agora traz a Suzy em um conflito interno e psicológico. É uma letra forte, muito bem construída, com uma proposta interessante e que trouxe um novo fôlego para o registro. Facilmente a melhor faixa até então. 'Caught By The Shadows' avança na narrativa de Elizabeth e agora nos traz uma pessoa completamente autodestrutiva, que se deixa levar pelo seu lado mais obscuro. É uma letra forte e interessante, sendo um segundo destaque aqui.
'Details' é a antepenultima canção do trabalho e aposta numa linha mais poética, extremamente metafórica, quase que uma viagem lisérgica. A letra lida com o não-pertencimento, com o estar em um lugar belo, conhecê-lo bem, ter memórias e ainda assim não ser parte do mesmo – mas querer fazer. É uma letra muito bem e excelentemente construída. Entretanto peca por soar desconexa e avulsa dentro do disco.
'What Really Matters' vem como a penúltima canção e é a única colaboração do disco. A canção é um hino de autoaceitação e superação, pregando sobre o ato de encontrar a força em si mesmo e não se deixar abater pelas adversidades. A participação de Junggaram funciona muito bem e é um adicional interessante. A canção é muito boa, mas a esta altura parece que Suzy desistiu de manter a narrativa que nos foi prometida. 'Spell Me a Song' marca o desfecho da canção e traz o tom místico e poético apresentado em 'Details' de volta, sendo uma canção muito bem escrita e construída; com muitas descrições visuais fortes, onde o eu-lírico clama para que o seu coração não tenha se endurecido após tudo o que foi vivido.
Liricamente falando, 'My Chemical Romance' tem letras boas e bem escritas – e alguns muito boas mesmo, entretanto acaba se perdendo dentro de sua premissa. Ora por se repetir em suas temáticas, ora por divagar demais e ir para um caminho que nada se assemelha.
No que tange o visual, Penelope entregou uma produção certeira e eficiente. É bela, bem feita e funciona muito bem principalmente com as canções mais poéticas e lúdicas do disco.
No geral, 'My Chemical Romance' seria um disco maior e mais robusto se não fosse vendido como uma obra narrativa, pois quando se vem para o âmbito ele se perde em sua própria ambição.