Após um período de tempo um pouco longo, Asha retorna para a indústria com o poderoso \"KUNDALLINÍ\", onde mostra toda a sua força e desejos.
Um álbum extremamente poderoso e empoderado, a cantora mostra uma nova face de si mesma e também inova ao trazer algo que não é muito debatido na indústria musical do nosso cotidiano.
Asha se mostra uma ótima compositora ao decorrer do álbum e consegue manter o conceito proposto sem fazer muitos deslizes.
A proposta aqui é simplesmente inovadora, a artista, usufruindo de sua criatividade, resolve falar e derrubar Tabus sobre o sexo, um tema que é bastante delicado e, na maioria das vezes, tratado ou debatido com pouca responsabilidade.
Somos introduzindos no universo de \"KUNDALLINÍ\" com \"Vydia\", onde a cantora nos prepara para esse viagem, pedindo para que venhamos olhar para nós mesmos, fazer um autoconhecimento, já que esse é um dos significados do nome da \"introdução\".
Seguindo com as faixas, Asha sente a chegada dessa força espiritual em \"Curled Up Like a Snake\", e esse fato é bem contado nos seus versos, entrando na nossa lista de faixas favoritas.
\"Human Nature\" é bem forte, objetiva e libertadora, vemos toda a indignação da cantora sobre os tabus envolta do sexo, ela usa de sua capacidade lirica para escrever sobre algo sério e não torna tudo muito repetitivo ou pesado demais.
\"Deep Actions\", \"Queen Of The World\" e \"Cosmic Lover\" são as melhores faixa desse álbum, a cantora conta diferentes histórias em cada uma delas, e cada um com seu significado que é bastante importante, mas destacamos \"Cosmic Lover\" como a melhor dentre as citadas. Com participação de Leonardo Davi na composição, a artista nos choca com o seu talento em composição, é uma faixa realmente muito bem escrita, sua história é bem contada e os seus versos são impecáveis, tudo nessa faixa é ótimo.
As músicas do álbum são muito boas, mas \"Epiphany\" e \"Nirvana\" talvez sejam as mais fracas de todo o projeto. A primeira citada aborda sobre o orgasmo e como pode ser algo raro em algumas situações, mas se tivesse versos mais longos e objetivos, iria se igualar ao nível de \"Cosmic Lover\". \"Nirvana\" foi uma boa escolha pra encerrar o álbum, sendo uma continuação da segunda faixa, a cantora se junta com Kaleb para contar sobre a chegada da força espiritual que inspirou o nome do álbum, essa não é uma faixa ruim, mas não tem o mesmo impacto e qualidade das outras.
Indo para a parte visual, temos novamente uma produção de Kaleb e Prayør.
Podemos dizer que é um visual minimalista mas com pequenos detalhes encantadores. Os elementos nos lembram muito bem a cultura indiana: a fonte escolhida, shoots e até mesmo a aparição de cobras em todo o encarte.
O marrom claro foi algo muito bem escolhido, seu pequeno contraste com o branco em algumas páginas nos chama muito a atenção pois, mesmo sendo algo bem escondido, dá ao encarte um ar de sofisticado. Novamente falando das fotografias, Asha, com ajuda de Kaleb e Prayør na produção, fez algo que se encaixasse muito bem no conceito proposto: liberdade e valorização da mulher com seu próprio corpo.
Somente ao olhar o visual de maneira rápida, percebemos que servirá como exemplo para muitas mulheres inseguras sobre seu próprio corpo.
Por fim, \"KUNDALLINÍ\" é um álbum encantador, com suas mensagens muito bem contadas e com significados profundos e tocantes. Mesmo contendo seus erros, esse projeto não perde a sua essência e consegue se manter coeso em todo o decorrer do álbum.
Asha eleva o seu nível nesse disco, mostrando que é uma boa compositora, usando de sua criatividade para abordar um tema importante e também para mostrar a cultura indiana ao mundo, já que não temos muito conhecimento dessa cultura, e a cantora isso e mais um pouco nesse álbum, podendo trazer bastante representatividade para as pessoas.