Em seu segundo álbum de estúdio, MOE veste o personagem fatal no ‘Metalhead’ e mostra suas amarguras, acidez e sentimentos internos de forma intensa durante o percorrer do todo o álbum, se mostrando uma artista que não tem medo de demonstrar sua vulnerabilidade de certo modo, mas também feroz o suficiente para revidar nas suas composições. O álbum contém a essência criativa que caberia apenas para ela, onde o título do álbum cai perfeitamente com a história contada, e seu conceito condiz com o que é transcrito no álbum; onde as primeiras faixas demonstram uma ferocidade nos versos, com um tom ácido mas ainda doce o suficiente para o público, como em ‘Jawbreaker’, mas também caímos em melancolias intensas como ‘Gone’. O fato do álbum parecer dois lados opostos em alguns momentos, já que muda drasticamente de uma versão mais feroz e uma versão mais melancólica, uma interlude cairia bem logo após ‘Hunting Season’ para dar introdução a um novo tom, pra não causar uma estranheza ao ouvinte que está acostumado com os tons mais sarcásticos das músicas anteriores; onde mesmo que as faixas finais sejam perfeitamente deliciosas ao álbum, acaba dando um pouco de saudades da fúria e ironias em partes. O álbum inicia sua narrativa com ‘The Devil Made Me Do It’, que é tão direta e certeira em sua letra quanto uma facada, com um sabor adocicado de uma jovem que um dia sonhou em ser uma estrela, e um licor amargo de limão da mesma estrela que agora provou o sabor da queda, que deixa a música com a história perfeita para a introdução do álbum para a história que o ‘Metalhead’ quer contar, e o seu tom amargo com frieza e maldade em seus versos verdadeiros fazem com que a música cresça ao decorrer dos versos. ‘Metalhead’ é introduzida como a faixa título do álbum, e serve muito bem para mostrar a essência do álbum e também a essência que MOE carrega nas veias. Expressando seus pensamentos de forma mais raivosa, com alguns momentos banais, a música se encaixa perfeitamente no contexto e com uma composição que refresca a memória do ouvinte sobre a trajetória da cantora. Seu único ponto negativo seria a o primeiro verso após o refrão, que deixou um pouco a desejar por ter versos mais ‘comuns’ e não apresentar algo interessante, novo; mas no geral, é uma excelente faixa para o ‘Metalhead’. ‘Is She Hungry?’ chega como a melhor faixa do álbum, onde a faixa demonstra a fragilidade e vulnerabilidade de MOE em ter que lidar com certas situações julgando seu caráter, notavelmente no pré refrão, e também contém uma atmosfera gradativamente agressiva, o que faz com que a combinação dos dois gere uma música com uma composição deliciosa para degustar, e que no fim, podemos sentir na pele que cada palavra citada na música faz sentido e se torna um turbilhão de sentimentos fortes. ‘Jawbreaker’ é uma música interessante, onde a criatividade de uma ‘loja de doces’ pode ser o ponto que o ‘Metalhead’ estava precisando. É uma faixa que mesmo com toda a energia dramática na letra da parte da cantora, se torna uma faixa divertida pela forma que ela é conduzida, lhe tornando mais comercial. Tem uma letra ao ponto, um refrão incrivelmente bem feito e soa como a faixa perfeita para ser o lead single do álbum, por demonstrar sacarmos e ironias na ponta da língua, sem medo de tê-la cortada. ‘Entrance (The Door)’ é a única faixa no álbum que deixa a desejar na questão lírica; sendo uma faixa mais fraca do que as outras, não contém a emoção e a paixão das anteriores, e não conseguimos enxergar a energia magnética de MOE nos versos de Entrance pela sua escassez. ‘Down The Train’ chega como um divisor de águas entre a agressividade e a vulnerabilidade apresentada em conjunto durante todo o álbum, onde aqui, vemos ela escolher um lado mais sensível para retratar as suas dores, sendo uma escolha inteligente dar uma alternada na reta final do álbum. A música é sincera, com versos sentimentais o suficiente para fazer o ouvinte entender a sua dor e os motivos que lhe levaram a se tornar uma ‘cabeça de ferro’. Acompanhada de ‘Is She Hungry?’, Gone é a prova que uma composição mais singela e sincera é a chave para apresentar uma música incrível, com uma perspectiva mais calma e clara nos seus versos, demonstrando a dor de MOE sem o sarcasmo e ironias, apenas com a sua forte vontade de expressar seus sentimentos. A música é dramática e carrega versos inteligentes, como ‘O tempo é uma areia movediça quando você está de luto’, onde nos sentimos contra a parede em alguns momentos por sentir a dor na mesma intensidade. O álbum chega ao fim seguindo a linha mais melancólica desde ‘Down the Train’, e encerra com uma música que cabe ao encerramento. A música traz de volta um pouco da MOE das primeiras músicas, mas sem perder a essência final do álbum. Seu visual é magnificamente espetacular, sendo não só o melhor trabalho produzido pela cantora, mas também um dos melhores já vistos em álbuns já lançados. Seus detalhes são muito bem elaborados, para causar uma degustação visual digna de aplausos, com a paleta de cores escolhidas para o encarte se tornando destaque, e assim, chamando a atenção imediata de quem está apreciando seu trabalho; sem falar da qualidade visual, que também não deixa a desejar em nenhum momento. Em considerações finais, o ‘Metalhead’ é de fato um álbum que não poderia ser feito por uma artista diferente: MOE se posiciona novamente com uma artista que faz uma narrativa única, por seus próprios meios e habilidades, e prova novamente que não deve-se subestimar o seu talento ou a sua capacidade de entregar mais um álbum contender de álbum do ano, não só para o tão sonhado Visual Music Awards, mas como qualquer outra que possa passar pela sua frente, já que o ‘Metalhead’ é um álbum coeso, criativo, fora da caixa e com composições de tirar o folego na maioria das vezes, e quando não, de tirar emoções. Composição: 30 / Coesão: 21 / Criatividade: 20 / Visual: 25 /